sexta-feira, 28 de abril de 2017

Crônica do descobrimento

No horizonte vê-se homens, mulheres e crianças. Cada vez mais perto. Os conterrâneos observam intimidados.
- Eles nos descobriram.
- Como nos descobriram se sempre estivemos aqui?
- Não sei, mas imagina se querem que a gente sirva a eles?
- Imagina, nós sempre mandamos por aqui.
- Olha lá, chegaram nos nossos campos verdes. 
- Não vamos deixar que tirem nossa paz. Se não reagirmos ficaremos como os preguiçosos da história.
- Precisamos cercá-los até que não tenham pra onde fugir.
- E fiquem sem chão?
- Isso. Sem chão.
Bombas e tiros pelo ar, a multidão corre apavorada pelos imensos campos verdes. Brasília, 2017.

Eduardo Galeano

13 comentários:

  1. simples e objetivo. gostei bastante da relação do título com o conteúdo da crônica.

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  2. narrativa rápida e objetiva, retratou bem a essência do tema.

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  3. Texto curto porém conseguiu passar a mensagem ao leitor com facilidade. A relação entre o título e a crônica é boa, criativa.

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  4. Gostei, mas senti falta da emoção das imagens do Pena

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  5. - Não é essa uma ótima brincadeira de palavras?
    - Bom. Muito bom.
    - Você pode mais, Mecânico. Vamos, vamos. Articule. Sabe quem está falando?
    - Eu...
    - Pois é. Uma ótima estratégia, sem dúvida. Algo digno de parabéns. Porquê será que é mais fácil se identificar com essa força com os outros, os imortalizados em fotos, do que com os mortais de sua própria classe?
    - Quer dizer... ?
    - Ele escreve bem, Mecânico! Veja isso! É uma boa ideia. Talvez possa melhorar na forma. Mas uma boa ideia! Queria ter lido boas ideias assim nos últimos textos.
    - De acordo.

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  6. Acho que faltou um pouco de emoção, como foi solicitado. Também não vi lirismo e acho perigoso quando você coloca "Bombas e tiros pelo ar, a multidão corre apavorada pelos imensos campos verdes. Brasília, 2017." porque mais um pouco poderia entrar no lead e fico em dúvida se não já entrou.

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  7. Também fiquei na dúvida se não entrou no lead.

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  8. Achei a narrativa agradável e objetiva. Porém não transmite emoção tanto quanto as imagens.

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  9. Achei interessante como faz um paralelo com o pensamento dos índios com a chegada dos europeus e a dos policiais com a chegada dos índios para protestar no palácio do planalto. Uma clara inversão de valores.

    Abs, Sr.Omar

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  10. Narrativa curta e simples, mas com uma inversão muito bem utilizada, que destaca o texto.

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  11. Bem interessante porém a força do texto poderia ser mais explorada, assim como a emoção que era representada nas fotos

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  12. Simples e objetivo. Observei uma analogia, uma "brincadeira" com a ligação entre os ocorrido em 2017 e em 1500 e gostei bastante.

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  13. O texto possui EXATAMENTE o tamanho que precisa ter, pois tem as linhas carregadas de significado. Já vimos aqui no blog criações do mesmo tamanho e que nada diziam. Acertar a mão para não ficar aquém do esperado em textos pequenos é missão perigosa e muito difícil. Mérito seu! Créditos também pela frase que, na minha opinião, foi um magnífico ponto de virada: "Se não reagirmos ficaremos como os preguiçosos da história."

    Ponto negativo: ter colocado o ano realmente pode ter caído no lead. Um balde de água fria em um texto que, até então, era perfeito. E pensar que poderia ter sido resolvido com um simples "... campos verdes de Brasília."
    Um abraço.

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