quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Papoula: Ego

 No início do dia, chego ao trabalho com pensamentos em tudo, menos nele. A jornada no ônibus serviu apenas para pensar em tudo o que pretendo fazer (vou?) na minha vida, além de contemplar meu eterno conflito com meu ego. 

       Cumprimento a todos com um bom-dia desajeitado. Nunca sei se devo, ou como, ou quando cumprimentar. Quem liga para o que eu falo? 
       Silenciosamente, miro aos que estão ao meu redor enquanto tomo café. Cada um me desperta uma reação diferente, que busco maquiar, mas cujo significado nesta crônica não vou ocultar: desde sujeitos que vejo como brutos e ignorantes por mera primeira impressão, aos que considero agradáveis pela utilidade ou comportamento até então. No embate comigo mesmo, penso: que homem, que chamego… queria agarrar ele e dar um beijo. Corrijo-me: é apenas curiosidade, não homossexualidade.
       Como forma de firmar meus padrões morais superiores, descarto o lixo seletivamente de forma correta, uma clara distinção aos demais que não sabem nem explicar o que é isso. Novamente estou longe da baixeza das massas.
       Meu pensamento se embaraça: que estúpido; é só lixo, e isso não faz melhor do que ninguém, não é isso o que quero cultivar dentro de mim. 
       A vontade de escandalizar meus princípios, deformar minha consciência e subverter a minha própria ética me acompanha ao longo dos pensamentos do restante do dia. Flui em mim a vontade constante de me entregar à desejo vazio de ser uma pessoa supérflua e deixar de me afogar nas águas da percepção de todos os erros que cometo e todas as negações que sustento, todo o preconceito que foi arraigado em mim durante o meu crescimento, mas que eu posso escolher combater a cada dia que passo, aprendo, passo a agir e compreendo mais. 
       Ao longo do dia, julgo a todos ao meu redor, duvido deles, de sua bondade, de sua pureza, aumento seus erros ao mesmo tempo em que luto para fazer exatamente o contrário, dividindo-me por um equilíbrio de enxergar a mim e ao mundo do jeito certo e do avesso.
       Por fora, apenas uma pessoa cansada, calada e com uma reputação de bom rapaz temperada de personalidade de fracote. Quero estar acima deles, quero pisar em todos e aproveitar apenas as pessoas que me atraem ou me agradam. Sou narcisista em detalhes, porque em mim não há grandeza, ainda que eu lute para fermentar e cultivar em mim grande pureza. 
       Querendo também mostrar que o egoísmo não está apenas nos outros, mas também pode estar escondido em recônditos de nós mesmos, lembro-me de Galahad ao finalizar essa crônica que acabou como desabafo, como algo a ser alcançado: “Não há nobreza em ser superior aos seus semelhantes, nobre é ser superior ao seu antigo eu.”
       Assim eu sigo: com uma consciência gigante, erros constantes e uma luta incessante.
~ Papoula (Popular?)

O retrato velado de um povo

" Nem pra ser estuprada você serve ! ". Não, não foi uma frase de um roteiro de um filme de terror ou de uma conversa em tom de brincadeira (de mau gosto, convenhamos) entre dois amigos após incontáveis porcentagens sanguíneas de álcool etílico. Essa frase não somente é real mas foi dita publicamente por um deputado - sim, pasmem !
    E não foi por um deputado qualquer, mas um deputado federal ! Reeleito ! Por seis vezes ! " Mas que absurdo esse senhor ser responsável por qualquer atribuição pública, o que dirá ser o representante democrático de milhares de pessoas ", deve estar pensando o leitor mais crítico e consciente.Calma, não para por aí. O contínuo sectarismo beligerante regurgitado nas suas falas e ações foi justamente o que , tanto o popularizou quanto o impulsionou.
    Nesse cenário dantesco, cabe um questionamento: como um indivíduo com zero contribuição para a vida pública, cujo lema é rechaçar as minorias à medida que as despreza,pode ter ganhado tanta força e adeptos ? Difícil dizer. O que é fácil de identificar é a visão de mundo do Jair, é clara, quase transparente e diria até que simplória; há um inimigo que precisa ser eliminado; a sociedade precisa de ordem;  não podem haver tantos gays;  minha especialidade é matar ; cotas ? pra que ? todo mundo é igual nesse paraíso meritocrático tupiniquim. O que importa pro Jair são os símbolos e os dizeres. " Brasil acima de tudo e Deus acima de todos". Mas que Brasil é esse ? Que Deus é esse ? 
    Não importam o desemprego, a fome, a pobreza e a miséria. Não existem visões antagônicas no mundo de Jair. O que há - e somente há isso - é uma visão única de mundo haja vista que a realidade é distorcida e adaptada para satisfazer seus anseios e desejos megalomaníacos e grandiosos. E ai de quem falar mal do Mito ! Os milhões de " Jaíres Bolsonaros " espalhados pelos quatro cantos do país finalmente puderam saír do armário para bradar imponente e orgulhosamente palavras de amor e união: " mito ! mito ! mito ! "

Tyler Durden


Odeio narrativa culpada. 
Filme de gente branca falando da luta.
Esquerda caviar fazendo documentário sobre “a minha empregada”.
Parabéns pela desconstrução, viu?

LBGT e as outras letras é moda agora.
Todo mundo testando beijar qualquer um, né?
O mundo dos jovens está de cabeça para baixo!
É pra chamar de ele ou ela, tem que escrever com x?

Esse pelo embaixo do braço é pra dizer que é feminista?
Aposto que todas essas meninas nunca leram Simone de Beauvoir.
Mostram o peito e depois reclama que passam a mão…
Onde será que o mundo vai parar com essa “revolução”?

Shalla Bal

Ceifadores de Almas

 Viver em uma cidade grande e urbana me tornou um grande observador de pessoas e relacionamentos. Situações como sair todo dia para estudar, pegar ônibus e “sextous” me trouxeram histórias engraçadas, bem como alguns relatos que, por serem tão indignantes e absurdos parecem ter sido inventados. Hoje, iremos focar no segundo tipo.

Enquanto saia de um supermercado e esperava pelo Uber que chegasse, me deparei com uma mãe, sentada na fachada do estabelecimento, segurando seu bebê recém-nascido no colo. A mulher pedia por fraldas e leite em pó para o menino para todos que passavam. Enquanto esperava, prestei atenção nos olhares e atitudes de cada um que passava pela moça. Alguns respondiam de forma politizada: “Agora não, desculpa” e “Estou sem dinheiro, me perdoe” foram as principais falas. Já outros, nem faziam questão de respondê-la. Enfiavam seus rostos em suas telas de celular como forma de desculpa que não haviam notado ela lá.

Porém, é claro que teriam de existir aqueles que ao passarem pela mãe e seu filho, lançavam olhares cheios de desprezo, nojo e desaprovação. O tipo de olhar que fala muito mais que qualquer tipo de xingamento, cujo julgamentos eram percebidos por qualquer um que estava ao redor. E esses, a mulher recebia com profunda tristeza e vergonha. Os monstros mudos haviam conseguido atingir seu objetivo: colocaram aquela jovem mulher em um lugar de extrema inferioridade, como alguém que não merece o mínimo de compaixão e que deveria ter vergonha de lutar pela vida e sobrevivência de seu filho. Simples olhares foram capazes de humilhar um ser humano, de torná-lo menos merecedor. Até quando esse tipo de crime será tolerado? Quantas mais pessoas terão suas almas machucadas e seu valor questionado?

 

All you are is mean

 

Nils Sjöberg

Ah, a cota....

 “Meu filho estudou a vida inteira para um privilegiado favelado entrar na frente dele por cota?", “cota não serve para nada”, disse a mulher que morava em um condomínio luxuoso.

 

Quem é o verdadeiro privilegiado da história? Não seria o menino que estuda em uma unidade escolar privada - sem bolsa - integralmente com as melhores ferramentas fazendo simulados constantemente?

 

Ver pessoas que são consideradas “abaixo” de si na sociedade conquistando coisas na vida dói nos narcisistas. Uma das situações mais presentes na nossa sociedade...


Os ataques são mais frequentes e enraizados do que imaginamos.


Fita Isolante

Esquecimento

 "No banco sem guitarra elétrica 

Com violão escrevo esse lamento
Pois como molha a água a pedra
Meu canto encerra o seu esquecimento"

Quem nunca viu ou teve que lidar com pessoas que apresentavam comportamentos egoístas? Daqueles bem próprios, colocando a si acima de qualquer outra pessoa? Até em desenhos animados já vimos isso, vide exemplo da Rainha Má. A questão não é ter autoestima ou amar seu reflexo, mas os problemas que um comportamento altamente individualista pode trazer para a pessoa. 

É um tema bem complexo de se escrever sobre, sinceramente. Mas eu já tive a oportunidade de conviver com uma pessoa extremamente narcisista e ela simplesmente caía em um completo esquecimento sobre os problemas ao redor dela. 

Com o narcisismo vem a alienação, vem o desinteresse pelas questões sociais, vem um comportamento menos solidário, menos coletivo e afeta relações ao seu redor. Ser assim pode acabar com relacionamentos, pode encerrar amizades e pôr fim até mesmo a oportunidades de vida. Feitos são esquecidos, amores são esquecidos. Tudo que sobra são egocentrismos, alimentados pela sociedade instantânea e superiorizada que vivemos hoje.

Ah, se um canto de Samuel Rosa evitasse esses esquecimentos advindos de egocentrismos... como o mundo seria melhor.

Autor: Ajuste de Atitude

Não existe certo e errado. Existe uma vida e outra.

 Outro dia estava com minha tia na rua e passamos por uma feirinha com várias barraquinhas com artesanatos e afins. Em uma delas, havia uma menina vendendo seus desenhos impressos em folha A3. Minha tia gosta de ver desenhos e começou a folheá-los. Os traços da menina eram grossos e seus desenhos cheios de posicionamentos, sendo a maioria deles de mulheres. Depois de passar por uns 5 desenhos, vimos um de uma mulher sentada. Era um desenho comum, ela não estava fazendo nenhuma pose exótica nem segurando nada, era só uma mulher sentada. Mas o comentário da minha tia foi "ela está precisando se depilar", seguido de uma risadinha, como se fosse só um comentário inocente — o que, na cabeça dela, foi mesmo. Tudo porque, ao desenhar a mulher, a menina da barraquinha havia desenhado alguns pelinhos em suas axilas.

Na hora fiquei meio sem saber o que fazer, pois achei que a menina havia escutado, mas depois que analisei a situação, fiquei na dúvida, então só balancei a cabeça e não falei nada. Segui o dia com minha tia como se nada tivesse acontecido, mas fiquei pensando bastante nisso. A geração dos meus pais e tios tem muito essa cabeça de que mulher deve ser magra e depilada, homem não pode usar maquiagem e esmalte, o certo é se formar no colégio, fazer uma faculdade, uma pós, talvez um mestrado e doutorado, e prestar concurso para, só assim, ter uma vida boa, entre diversas outras situações que, aos olhos deles, representam a forma "correta" de se viver.

Essa característica deles sempre me incomodou muito, meus pais também são assim, e vira e mexe eu tento dialogar sobre essas coisas, mas na maioria das vezes não serve para nada, então com o passar do tempo eu fui deixando de lado, mas sempre penso muito a respeito. Como pode o corpo alheio incomodar tanto? As escolhas de vida, a carreira e os sonhos de uma pessoa serem tão julgados pelos outros? A orientação sexual de uma pessoa ser motivo de desgosto? Grande parte dessa geração faz isso e, mesmo com a maior parte da nossa geração lutando para que nada disso continue sendo um tabu no futuro, e mesmo que essas questões estejam visivelmente melhorando a cada dia, eu sei que não conseguiremos fazer todos entenderem o simples, curto e grosso: a vida dos outros não é da sua conta.

 

 

Espelho Fragmentado


 “Eu não empregaria com o mesmo salário… mas tem muita mulher que é competente.”

Todos sabemos quem disse essa frase, tamanha ignorância só poderia ter sido dita por um cidadão – aquele que diz ser de bem. Acredito que essa aversão à mulher só possa ser medo; medo de parecer tão insignificante ao lado de uma.

Nascer mulher é cansativo demais; sempre temos que nos provar e que fazer o dobro pra conquistarmos um espaço que, muitas vezes, já deveria ser nosso. Deve ser intimidador, porque na sociedade machista em que crescemos, convivemos com essa necessidade e sempre nos mostramos capazes. Estar no mesmo patamar que uma mulher deve ser assustador por saber que se ela se esforçar mais, ela se destaca, se supera e te supera. Já ouvi sobre relacionamentos terminarem porque o macho hétero não conseguiu lidar com o fato da namorada ganhar mais. Se estar no mesmo nível já é ruim, estar abaixo é inadmissível, não é mesmo?

Nascer mulher já é difícil, nascer mulher e preta então… Por ser mulher já tem toda essa luta descrita e por ser preta, tem que lutar o dobro pra, pelo menos, entrar nessa disputa. Porque nunca são racistas, só fazem questão de perguntar pra mulher preta, de jaleco branco, de estetoscópio no pescoço e de crachá, se ela é médica por perguntar. E a cara de choque que fazem ao descobrir que a mulher preta é formada na federal não é nada também. Muito menos quando perguntam se entrou por cota ou não, longe deles serem racista, só estão interessados porque têm filho médico também.

“Querem te ver bem, mas nunca melhor que eles”; bom é quando ainda querem te ver bem…


- Ingrid Novaes

O sonho do que tudo tem

 Se eles têm um dia da Consciência Negra,

Há de ter um dia da Consciência Branca.

Se eles têm um mês do Orgulho LGBTQIA+,

Há de ter um mês do Orgulho Hétero.

Se eles têm cota nas faculdades públicas,

Há de ter vaga para o filho do empresário.

Sim, aquele que ficou na posição 1563 da fila de espera.

Ele mesmo.

Foi roubado.

Tadinho...

Se eles não têm nada,

Não tem problema.

O importante é o que eles têm.

Pode ser pouco.

Pode ser um dia, um mês, uma lei.

Não importa a humilhação diária

Uma vida de luta

O medo de andar de mãos dadas com quem você ama

O medo de simplesmente existir.

Nada disso importa.

Se eles têm, eu também devo ter.

Mesmo que pra isso, tantos outros tenham que perder.

Afinal,

Se eles têm...

 

 

Cecília Quintana

Pessoas Deficientes X Pessoas "Normais"

"Eles são iguais a todo mundo, não é? Não são diferentes por conta da deficiência deles" 

- Trecho tirado de uma entrevista

"Como pode alguém que tem uma limitação maior que as minhas, se sobressair"
Como pode ainda existir uma visão tão limitada?
Como pode existir pessoas que olham com olhar de pena? Por acaso precisamos do seu olhar de pena? Por acaso precisamos ser melhores que vocês, para vocês olharem e falarem "que exemplo de superação". Superação como se fosse uma competição, mas competimos com quem? Precisamos necessariamente dessa competição? Qual é o prêmio dela? Não nós leva a nada, são títulos unicamente para saciar nossos egos, mas o que verdadeiramente ganhamos? 
Que tal nos presentear unicamente com uma visão igualitária e não olhar com pena, como se fossemos seres inferiores.

Maktub

 Estudei em colégio particular que oferecia bolsas 100%  durante o ensino fundamental todo e lá pude ver diversas realidades diferentes. Nesse meio, tive múltiplos exemplos de narcisismo, em que morar na comunidade era sinônimo de sujeira, quando não de tráfico. Ser do morro, significava ser burro, sem futuro e incapaz de passar em um vestibular. Eu tenho noção das regalias que o meu meio social me proporciona, mas isso não me permite fechar os olhos para esse tipo de situação, inclusive, me gera repulsa. E o pior: Iremos encontrar esse tipo de pessoa nossa vida inteira. Pessoas que se enxergam com superioridade e com repulsa gratuita. Mas a questão é, fecharei meus olhos ou lutarei contra isso? 


Lily Freya

Incômodo

Quando entramos na universidade pública nos deparamos com realidades totalmente distintas, pessoas de todo lugar do Brasil, com culturas diferentes, manias diferentes e situação econômica diferente. É engraçado pois no ensino médio estávamos acostumados a conviver naquela bolha, apenas com aquelas pessoas do bairro, que provavelmente eram bem parecidas em certos aspectos.

Na universidade encontramos meios que irão nos ajudar a nos manter ali, por exemplo: o bandejão, o busuff, a biblioteca etc. Entretanto, mesmo com todos esses mecanismos, algumas pessoas  não conseguem continuar os estudos. Seja pela necessidade de trabalhar, seja pela dependência de um filho, ou seja por dificuldades econômicas. A universidade é um lugar que faz a gente pensar, debater e pesquisar. Por que isso incomoda tanto os governantes e as classes mais favorecidas? Por que ao invés de recebermos incentivos só recebemos cortes? Por que grande parte da população ainda é contra as cotas? Será que os motivos não são evidentes ou as pessoas não querem enxergar a necessidade dessa medida? 

Por que os patrões se revoltam quando o filho da empregada passa para faculdade pública? Por que homens ficam tão irritados quando mulheres ocupam grandes cargos? Por que tanto ódio aos homossexuais?

As pessoas não querem perder seu posto, sair do seu lugar de conforto, refletir sobre seus privilégios e tentar aprender, tentar ser alguém melhor. Pelo menos ainda podemos debater e aprender muito com nossas trocas aqui na faculdade e vamos continuar incomodando aqueles que não aceitam isso. 


Ass:Amora


Deus é um e é nosso!


Quando abrem alguma página do grande livro que representa a fé cristã, todos leem belas palavras e histórias que marcam um período de ações honráveis do homem, no qual, foi reconhecido como o escolhido por Deus.  E durante muitos anos na história da humanidade essa fé se firmou e esse livro se tornou um grande instrumento de ensinamentos para a sociedade. Conquanto, a narrativa foi mudando e os atos não entraram em coerência com as escrituras. O assassinato em nome da fé aconteceu, o preconceito foi instalado e uma regência de poder foi tomada para eles, os religiosos na trajetória ocidental firmaram o conceito de bem e mal, o correto e o incorreto.

O que quero trazer de reflexão a partir dessa introdução é, a filosofia antiga que foi implementada reflete em ações da atualidade, que foram originadas por inúmeros acontecimentos históricos e, principalmente, em nosso país. Apesar da diversidade de crenças no Brasil, existe a intolerância com aqueles que manifestam sua fé fora das construções barrocas banhadas a ouro. Dessa maneira, fora dos grandes templos, acontecessem ritos com cânticos, rezas e festejos aos ancestrais da terra, mas aí de quem gritar o orgulho dessa fé na rua!

Os conflitos foram se misturando e deixando a ideia de que “ele não pode ter o mesmo espaço que o meu”, essa problemática culminou em uma espécie de narcisismo moral, onde o “ideal” era seguir todos aqueles mandamentos e quaisquer religião ou cultura que pregasse algo que não obedecia começou a ser demonizada e excluída. Entretanto, é claro que todos poderiam ter seus espaços desde que não ultrapasse o poder deles, caso isso aconteça, cabe aos maiores virarem a jogada e tomarem o papel de vítimas de preconceito. O valor e respeito só se aplica a um dos lados, o outro é colocado na posição de errado. 


Moxie Day

Superioridade

Cada um é especial de sua maneira,o fato de sermos diferentes e termos nossas próprias personalidades é o que nos torna únicos.Entretanto,quando uma pessoa acredita que ela é melhor que as outras por causa da sua condição financeira,aparência,algum talento diferente,entre outros,a situação é totalmente diferente.Achar que você é superior em relação aos outros e não ligar para os sentimentos e conquistas dos demais é um ato totalmente egoísta e narcisista de se ter.Por que ter o mínimo de empatia é tão difícil para algumas pessoas?Principalmente para indivíduos que deveriam ter uma preocupação maior com o próximo,como o nosso (péssimo) presidente,e que sabemos que é um dos maiores narcisistas que temos no nosso país.
 
                      Mya Dawn Cullen

“Anti Bolsonaro!”, será?

 Bolsonaro não foi eleito sozinho ou apenas com listas de transmissão por WhatsApp que mandavam fake News para a população brasileira. Acho que isso qualquer pessoa sabe, mas parece que muitos ainda não entenderam que Bolsonaro tem um discurso que é idêntico ao de vários que se dizem seus “inimigos” e que se apresentam como solução para esse caos que se encontra o Brasil.

Ultimamente, muito se fala sobre a 3ª Via nas eleições de 2022, uma tentativa da mídia de emplacar algum candidato mais “duradouro” e que promova uma política econômica classista e elitista de forma mais “segura” e sem passar tanta vergonha como Bolsonaro passa.

Mas vejamos acho que precisamos discutir sobre “Quem pariu Bolsonaro?”, em 2017 Paulo Henrique Amorim falou sobre isso em seu Canal do YouTube, ele cita diversas razões e personagens que contribuíram para parir esse quem não merece mais ser citado, mesmo antes de ele ser eleito e candidato a presidente.

Entre as razões está o “Ódio a política” que foi quase que uma politica implementada pela Rede Globo e principais setores da Mídia, sob a qual se diziam estar lutando contra corrupção, destruindo diversos personagens políticos que até mereciam realmente serem destruídos.

Mas na verdade eles não foram destruídos, foram apenas para uma ilha ficarem reclusos e estão voltando com tudo agora, voltando com os discursos tão reacionários quanto o do presidente, mas com uma maquiagem diferente, com um discurso mais bonito e menos espantoso e insano.

No entanto, eles tem PEQUENAS diferenças, são narcisistas que se atacam e tentam se mostrar diferentes para continuar com uma politica de total subserviência a burguesia atendendo seus interesses sem o mínimo de responsabilidade social e sem nenhum combate a desigualdade social.

São monstros iguais, mas com maquiagens diferentes. Lutando apenas por uma cargo que lhe garante impor toda sua vaidade e ao mesmo tempo ganhar dinheiro, pois está atendendo a outros interesses, e esses outro interesses pagam bem.


Heleno de Freitas

Você já presenciou.

Mais um dia pegando o ônibus para ir ao meu destino: a faculdade!Opa, esqueci de me apresentar, sou a Fernanda, mais conhecida como Nanda pelos meus familiares e amigos, hoje não é o meu primeiro dia na faculdade, mas é a minha primeira vez sendo convidada para beber com os colegas da sala e outros universitários depois da aula. Não tenho muitos amigos na sala, nem na faculdade, e por incrível que pareça fiz amizade com uma moça que no meu bairro não entraria de jeito algum. o nome dela e Renata, ela é de patricinha, branca, rica e namorada do João Antônio, ou Toni (um dos caras mais gatos e popular na escola) e que nunca falou comigo ou com a safira, nossa amiga (minha e da Renata) que é trans. O Toni nunca fala nada quando a Renata está conversando conosco, ele olha com cara de superioridade e sai andando. Hoje ele vai estar no barzinho conosco, infelizmente. 

Logo mais, quando a aula acaba, vamos nos arrumar na casa da Renata - que por sinal, é uma mansão! Só a sala dela já é a minha casa e o meu quintal todo - o porteiro foi o único que mexeu comigo e com a safira, as senhoras, os senhores e os adultos que passavam por nós olhavam como se nunca tivessem vistos duas jovens pretas, sendo uma delas trans na vida. Q roupa da Renatinha estava linda! Um short e um cropped para nós três sairmos iguais e ela pediu para que a safira fizesse uma maquiagem nela e passasse o batom vermelho. Fomos nós! 

Chegamos e na entrada já estava o Toni nervoso e fingindo não ver nós. A Renata pediu para irmos na frente para que ela falasse com ele. 
 - Oi, Toni - Disse a Renata
 - Oi, Toni? Olha a hora, que roupa é essa? Por que aqieles dois suburbanos estão aqui? Eu ando com preto? Com homem vestido de mulher e agindo feito uma? E esse batom de vagabunda? - Disse o Toni
- Toni, o que é isso? - Disse a Renata, em êxtase. 
- Renata, eu tô tentando ser um bom namorado, me seguro para não dizer as coisas, mas você prefere estar com eles do que comigo, que sou rico, forte, inteligente e bonito. Eu tenho tudo que todas as meninas da cidade querem e você prefere eles! 
- Sim, João Antônio, prefiro estar com eles, porquê eles não são você! Eles tratam o próximo como um ser humano igual a eles, eles não se acham donos da razão, eles olham nos olhos das pessoas, não se acham perfeitos e insubstituíveis - Disse a Renata.
*- Você nunca vai achar um homem igual a mim - Disse Toni.*
- Tomara! - Disse ela. 
Você já presenciou?

       eu, medusa.

A rotina de Walcyr: o cidadão de bem

 Sete e quinze. Este é o horário que o Senhor Walcyr acordava para mais um dia de

trabalho. Abria as cortinas e deixava o sol entrar. Rotineiramente, ele tirava 15 minutos para

apreciar o lindo dia. Faça sol ou faça chuva, todo dia era um lindo dia para o Senhor Walcyr.

Ele não se preocupava de chegar atrasado na empresa, afinal a empresa era dele. Acordava

sozinho, não porque ele era sozinho, mas porque sua esposa sempre acordava um pouco antes

para ir à academia. O horário das sete era o único que a agradava. Achava que depois das oito

ficava muito cheio e à tarde ela já não tinha mais disposição para malhar. Por isso, sua rotina

tinha que ser sempre a mesma, para não deixar de malhar e, consequentemente, não

desagradar o Senhor Walcyr. Afinal, não era atoa que ele pagava a melhor academia da cidade

para ela, Joana - sua esposa linda, esbelta e 15 anos mais jovem. O Senhor Walcyr não era

velho. Para um cinquentão, ele estava realmente bem “inteiro”. Não por menos Walcyr tirava

suspiros nas ruas de São Paulo enquanto caminhava com seu blazer alongado da Calvin Klein e

sua barba grisalha por fazer. Tendo terminado de apreciar o dia. O Senhor Walcyr sempre

tomava um banho rápido, se arrumava e descia as escadas. No pé da escada estava a cozinha,

onde, agora, sete e meia, entrava Dona Zuleide que, com uma aparência sempre ansiosa, já

abria a porta se desculpando pelo atraso. O horário de Dona Zuleide era às sete horas. Todo

dia ela vinha com a mesma desculpa “um dos ônibus atrasou, Senhor Walcyr. Sinto muito pelo

atraso”. Walcyr nem respondia, apenas passava direto revirando os olhos. Ele não entendia

porque Dona Zuleide não podia ter uma rotina. Achava que era tudo “desculpinha”, afinal ele e

sua esposa sempre seguiram suas rotinas exemplarmente, então por que ela, com salário

mínimo em dia e vale transporte incluso, também não conseguia? “Ah... desculpinha”.

Passando pela cozinha, ele encontrava Seu Antônio, o jardineiro. “Bom dia, Seu Antônio” ele

gritava de longe. Seu Antônio, já bem senhor aos seus 78 anos, respondia com sua voz trêmula

“Muito bom dia, meu patrão”. Então, Walcyr fingia um sorriso até fechar o portão. A verdade é

que esse trajeto do jardim até o portão o estressava. Ele não aguentava olhar aquelas roupas

sujas e rasgadas do Seu Antônio. Achava ele um desleixado. Para Walcyr, o Seu Antônio podia

muito bem pagar algumas roupas de bazar com a sua diária de 100 reais, ou, pelo menos,

tomar um banho, pois Seu Antônio fedia. Por isso, o Senhor Walcyr apenas o cumprimentava

de longe. Em 15 anos de trabalho no jardim de Walcyr, Seu Antônio nunca recebeu um aperto

de mão. Em seguida, o Senhor Walcyr, após chegar na sua Range Rover, levava 15 minutos até

a empresa. Ainda assim, ficava nervoso a cada sinal de trânsito, pois sempre vinha um

morador de rua pedir uma esmola. Quando vinha alguma mãe com criança no colo então, o

Senhor Walcyr ficava furioso. “Como pode uma mãe usar o filho por dinheiro assim? Essa

criança devia estar na escola”, pensava ele. O senhor Walcyr nunca dava dinheiro para adultos,

e ainda julgava quem dava. Para ele, isso apenas incentiva essas pessoas a não procurarem um

trabalho. O Senhor Walcyr apenas dava dinheiro quando uma criança pedia, para que ela

pudesse comprar algum brinquedo ou algum doce, já que a sua mãe “desnaturada” com

certeza não a daria dinheiro. Porém naquele dia, nenhum pedido de esmola aconteceu. E,

ainda no carro, Walcyr estranhava o trânsito lento. Geralmente ele não pegava trânsito. Assim,

olhou no retrovisor e, realmente, viu que estava tudo parado. Ele, então sentiu que algo estava

estranho. Então, como aquele trânsito parecia que não andaria tão cedo, Walcyr saiu do carro

e foi andando em direção ao amontoado de pessoas que se encontrava mais à frente.

Chegando no centro da confusão, Walcyr entendeu o motivo do caos no trânsito: uma cobra

em plena rodovia. Os rostos em volta dele mostravam que ninguém ali sabia o que fazer. Foi aí

que Walcyr pensou “É um sinal eu estar aqui”. Pois, para a sorte de todos ali, Walcyr é

experiente com cobras. Em muitas de suas viagens mundo a fora, ele já pegou cobras, as


domou e até acompanhou uma extração de veneno em um serpentário. Na hora, ele soube

que era uma cascavel venenosa e, como um verdadeiro Superman, Walcyr gritou “Afastem-se!

É uma cobra venenosa”. Os suspiros assustados vieram de todos os lados. Então, Walcyr

continuou “Mas não temam, eu vou tirá-la daqui”. Mesmo sabendo que o veneno dela agia no

sistema nervoso central e poderia ser letal, ele, como o bom homem que era, não poderia

deixar aqueles cidadãos que apenas queriam trabalhar na mão. Neste momento, Walcyr pegou

dois gravetos de madeira que se encontravam caídos perto de uma árvore e a imobilizou com

um graveto no meio do corpo e outro perto da cabeça para segurar sua mandíbula. Em

seguida, com seu corpo e mandíbula imobilizados, agora, pelas mãos de Walcyr, deixando a

cascavel impossibilitada de atacá-lo, o Superman grisalho a jogou numa lata de lixo funda pega

por um dos ajudantes do super herói que se encontravam no local e fechou a tampa

rapidamente antes que ela se virasse e o atacasse. O Senhor Walcyr estava com a adrenalina

no ápice. Nunca havia se sentido tão tenso, mas ao mesmo tempo, sentia uma sensação muito

gratificante, como se ele fosse realmente um super-herói. Claramente, as palmas e assovios de

todos que estavam ali engrandeceram essa sensação. Walcyr havia feito a caridade da semana.

Da semana não, do ano. Quando sentiu o flash no seu rosto, ele entendeu. “Eu sou o cara”.

“Eu salvei essas pessoas e a minha boa ação estará estampada no jornal”. Walcyr em nenhum

momento pensou que, enquanto bancava o Superman, diversos trabalhadores ficaram mais de

duas horas no trânsito. Que diversos patrões demitiriam aqueles que se atrasaram para o

trabalho, como ele pensou em fazer com a Dona Zuleide diversas vezes, enquanto ele sorria

para as fotos. Walcyr não pensou em nenhum momento que se dona Zuleide chegasse duas

horas atrasada para o trabalho ela teria o salário descontado com a premissa de que era

“desculpinha”. Walcyr vai chegar no trabalho pelo menos duas horas atrasado e ninguém irá

falar nada, apenas Walcyr, que irá contar do seu ato heroico e, com certeza, receberá a

segunda salva de palmas do dia. Walcyr não pensou em nada disso, porque Walcyr não pensa

em ninguém, apenas em si mesmo. Walcyr não é herói. Walcyr é apenas mais um hipócrita

narcisista que faz atos heroicos para se sentir “o cara”. E você? Quantos Walcyr’s você

conhece?


Sininho no País das maravilhas

Cancelada?

 Eu? Eu sou totalmente progressista, sou mulher, não posso ser cancelada. Acho que todos temos direitos. Eu já fiz doações para o Teleton e ONGs cristãs na África.

A pandemia também me pegou desprevenida, mas não sou elitista. Entendo que a minha empregada é humana e pode pegar covid, sendo assim, demiti ela.
Amo festas populares, passo sempre meu carnaval em Trancoso e de lá dou um pulo em Noronha. É tudo muito perto de avião e parece até uma rodoviária.
Amo meu país, nossa história e nossa diversidade. O primo da minha cunhada é negro e o cunhado da minha tia é gay. Amo os negros e os gays comportados. Entretanto, mesmo assim fui cancelada.
Nas minhas redes pegaram fotos minhas com o Bolsonaro. Ele era meu vizinho! Votei nele pois vi ali um amigo. Isso não diminui o quanto sou progressista, votei na Dilma em 2010. Tudo bem, postei um #TchauQuerida em 2014, mas o meu pai era amigo do Aécio.
Sou todo dia associada à homofobia ao publicar uma brincadeirinha no Twitter, não tenho nada contra gays se casarem, só acho que as crianças não precisam ver certas coisas.
E a liberdade de expressão? Nem decidir se quero tomar vacina eu posso e se eu resolvo tomar, sou criticada por viajar e tomar a Janssen.
Se eu demitir minha empregada sou cancelada. Se acho que o carnaval tem que parar de ter dinheiro público, sou cancelada. Se eu elogio gay comportado sou cancelada. Se eu ficar chocada com o filho da minha empregada passar na federal e o meu não, sou cancelada. Qualquer coisinha que eu falo, é um discurso para matar alguém. Já estou cansada! Antigamente não se via ninguém reclamando.

Com muita ironia, Estrela da Manhã.

Relatos de ex presidiário

 Nunca foi fácil viver no Brasil, ainda mais quando se é ppp (pobre, preto e periférico). Sempre ouvi que é importante estudar, mas nunca conheci ninguém que cresceu estudando. Já no tráfico, vi uma abertura para melhorar a minha vida. Com uns 16 anos me familiarizei com os bandidos locais e logo após já estava lá na correria. Já corri de polícia, troquei tiros e o mais marcante, fui preso dentro de casa e dormindo.


O fato de ter sido preso me marcou bastante, pois dificultou muito a minha vida. Digo isso, dado que  me impediu de fazer algo que não seja voltar para o crime. Logo após sair da cadeia voltei para o crime, pois não conseguia emprego e nem ingressar em uma escola. Depois de mais 2 anos no crime, decidi sair e começar uma vida nova. Consegui um trabalho de “boy” no centro do Rio. Conheci muitas pessoas importantes, advogados, contadores, médicos etc.


Após um ano na empresa, resolvi voltar a estudar para terminar o ensino médio e ingressar em uma universidade. Cometi o erro de comentar sobre o que eu almejava para os meus colegas de trabalho, que já passaram por uma universidade, e com o meu chefe. Comentários maldosos soavam sempre quando eu passava e até mesmo diretamente a mim. Comentários como “Olha o ex bandido achando que é um de nós” “Alguém avisa ao bandidinho que faculdade não é só pegar uma arma e dá tiro"  “ Ora ora, ele acha que pode crescer” ou o pior “Universidade não é o seu lugar, não. Seu lugar é dentro de uma favela ou presídio".


Foi bem triste ouvir isso de pessoas que eu me espelhava. Eu, realmente, desejava ser como aquelas pessoas. Por um tempo eu achei que eles estavam certos, aquilo não é para mim. Faculdade é lugar de “playboy” de “patricinha” não de ex preso. O que eu preciso é acabar o ensino médio e ficar tudo bem.


Decidi estudar para o ENEM no meu último ano do ensino médio. Sem muito esperança e já sendo piada no escritório, fui fazer a prova. A redação foi bem tranquila, e o restante da prova também, só foi bem exaustiva. Sai do local da prova não muito confiante.


Em janeiro saiu a nota 960 de redação e 600/700 do restante, pensei “Nada mal para um ex presidiário”. Me inscrevi no Sisu e usei a cota de escola pública e de raça. Consegui ingressar em uma universidade federal. Cheguei todo animado para contar a novidade no escritório e quando meu chefe descobriu ele me demitiu. Eu não compreendi o porquê. Aceitei, fiz o que tinha que fazer e segui. 


No meu último dia no escritório o meu chefe gritou  “Porque você não rouba alguém na rua, ao invés de roubar a vaga do meu filho na faculdade, seu macaco. Volta para a  cadeia, que é o lugar onde você NUNCA devia ter saído. Essa vaga que você roubou te custou seu emprego. Agora viva de misérias.' Ouvi aquilo e entendi o que a situação, a minha vitória incomodou a elite. O meu lugar é em qualquer lugar, até mesmo onde o filho da elite pode está e espero incomodar muito mais. Até porque o meu destino é além de tudo que assemelham a minha origem.


Sibyl X

Aqueles olhares esnobes

 Aqueles olhares esnobes. Sei que nunca me acostumarei a eles. Aquelas caras de nojo, é como se exalássemos o fedor da pobreza e da feiura. É como se fôssemos inferiores, mais fracos, impotentes e incapazes de lutar. 

Julga-me pelas minhas vestimentas ou pela minha aparência? O que concluis a partir delas? Talvez para eles eu não seja intelectual o suficiente por conta das origens humildes da minha família, ou então também pelo meu gênero. Concebem que eu não entendo sobre arte e nem saiba quem foi o primeiro presidente do Brasil. 

E o que achas do meu rosto? Tenho traços finos o suficiente? Tenho beleza ou sou desprovida dela? Eu sei que meus dentes tortos e gordura saliente incomodavam, essas características humanas faziam eles se sentirem enojados, melhores do que eu. Não gostavam da minha companhia apenas por ser diferente. Eu não era boa para conviver com eles e tampouco boa para os seus filhos.

Agora que tenho dentes alinhados e um corpo mais perto do padrão me assemelho mais a eles? Será que um dia serei igual a eles?

Escondo-me atrás de tecidos com linhos sem fim, apenas assim poderei me cobrir de mim mesma e me esquecer de mim.


Cida da Rocha


Alienação

O descontentamento na cara dos homens e mulheres com mais dígitos que você acumulados na conta bancária, quando você diz que é universitária, ou quando entra num restaurante que outras pessoas não tem oportunidade, quando veste roupas de lojas que somente eles podem comprar. Como se o mundo fosse feito apenas pra eles e nós fôssemos parasitas, será que se dão conta que no final o lugar que iremos é o mesmo? Porque eles despejam sorriso e bom dia como se fosse esmola? A alma é uma poluição. 

Helena Belmonte

Sexta-feira

 É sexta-feira, dia de sair com os “moleques”. Então, V se arruma e parte para mais um dia de bebedeira. Todos os seus amigos estão muito animados, esperaram a semana inteira para poder extravasar no boteco. Para os outros, aquilo é como o paraíso, o auge da diversão, mas algo no ambiente o faz sentir que não pertence. O clima está quente, muito diferente do seu quarto com ar condicionado. O álcool começa a fazer efeito, o que aumenta o calor. Ele tira sua blusa, enquanto alguém puxa o papo de sempre: Buceta.

Um dos seus “irmãos” diz:
- “Bora desenrolar uma garota pra você, V, você nunca pega ninguém”.
Nenhuma delas o interessa, mas se falar isso vai parecer um “viadinho”. Se insistirem muito ele vai ter que “pegar”. Ou tentar. Não se recusa sexo. Essas “vadias” do bar certamente sabem disso, ele pensa. Não recusariam dar nem pra um “cracudo”. Todas elas bêbadas e instigando os homens, usando decotes enormes no meio do bar. Que tipo de mulher faz isso? Não… Ele prefere as recatadas, são mulheres de verdade.
Ele ri e não responde, não é de falar muito. Não pode. Ninguém lá concorda com V, ninguém sabe suas opiniões sobre nada e sente medo de ser rejeitado caso descubram. Também, não quer começar um embate com as feministas do "suvaco cabeludo”. Segue sua noite, tomando cervejas, conversando e às vezes observando incomodado as pessoas em volta.
Finalmente, chega em casa. Ainda está processando tudo que experienciou no dia. No geral, foram momentos bons, mas V ainda precisa extravasar. Guardou muitas coisas para si, por medo. Porém, conhece um lugar onde não precisa temer nada, pois todos são como ele. Logo, prossegue a interagir com seus outros amigos e expõe livremente tudo o que passou pela sua mente. Lá, suas ideias são abraçadas. Juntos, xingam e atacam todas as “vagabundas” e comentam anonimamente em todas as fotos indecentes de famosas que encontram nas redes, pois elas estão ajudando a estragar as mulheres. Algumas dessas imagens V também guarda na “pasta da punheta”. Depois de saciado, deita-se no travesseiro e sorri. Está aliviado.

-América

Por quê?

 O quão frágil deve ser o ego de uma pessoa para que ela deixe de enxergar valor em algo unicamente pois essa coisa alcançou outras pessoas?

O quão rasa deve ser uma pessoa para que ela acredite ser verdadeiramente superior aos outros?

O quão egoísta deve ser uma pessoa para que ela somente aceite dividir espaços e oportunidades com aqueles que são seus “semelhantes”?

Isso está fora do meu alcance, mas creio que existem diversas pessoas aí que poderiam responder minhas perguntas, quer dizer, se elas ao menos aceitassem ouvir o que eu tenho a dizer. Acho que não seria digna de receber sua atenção e seu tempo. 

Podemos perguntar ao Paulo Guedes por que ele se preocupa tanto com empregadas domésticas indo à Disney. Ou podemos perguntar a algum homem cis com a mente presa em outro século por que eles se preocupam tanto com a conquista de coisas básicas para as mulheres. Ou a brancos que não têm vergonha de serem racistas por que é tão ruim existir um dia de Consciência Negra. Por que não perguntamos a qualquer pessoa que sempre esteve em uma posição de privilégio e não suporta ver quem sempre esteve abaixo ter uma chance de estar bem na vida?

A verdade é que esses indivíduos simplesmente não conseguem não estar em uma posição de destaque. Não conseguem ceder nem um pouquinho de espaço ao outro.

Se um dia algum de vocês conseguir a resposta dessas perguntas, por favor me contem.

 

— Rainha do Caos



ATENÇÃO! Narcisista na economia!

  O narcisista é caracterizado como uma pessoa incapaz de ver o outro como um igual, que supervaloriza a si mesmo e não consegue suportar o sucesso do próximo. Infelizmente, na  realidade brasileira, temos algumas figuras (emblemáticas, por sinal) que são a cara do narcisismo. Seria cômico, se não fosse trágico:  nomes que deveriam prezar pela igualdade e pelo avanço da sociedade ainda vêem o outro como um inferior. Podemos utilizar como exemplo o Ministro Paulo Guedes, responsável pelo Ministério da Economia e braço direito do Presidente Jair Messias Bolsonaro.

  Discursos preconceituosos e elitistas como “Todo mundo indo para a Disneylândia, empregada doméstica indo para a Disneylândia, uma festa danada.” e "Teve uma bolsa do governo, o Fies, uma bolsa pra todo mundo.” foram usados para fazer referência à queda do dólar e a um benefício social que permite que alunos de baixa renda ingressem em uma universidade particular. Pela livre interpretação do que foi dito, no ponto de vista do ministro, somente pessoas como ele, de alta renda, poderiam desfrutar de uma viagem internacional para a Disney ou estudar em uma faculdade paga. Esse é o reflexo do preconceito e desprezo do ministro às classes sociais mais baixas, aos indivíduos com menos poder econômico. Quem deveria trabalhar e fornecer melhores condições econômicas ao povo, só o menospreza.

  Por incrível que isso possa parecer, não para por aí: Guedes continua fazendo questão de diminuir e inferiorizar o próximo com suas falas e preconceituosas. Ele insultou Brigitte Macron, esposa do presidente francês Emmanuel Macron, com a fala “é feia mesmo” após o presidente fazer uma declaração comentando sobre a crítica situação das queimadas na Floresta Amazônica. Meus caros, vou reafirmar para vocês: a fala foi feita pelo Ministro da Economia e não por uma criança no jardim de infância incomodada com um colega de classe que o chamou de feio ou bobo.

  Não, o Ministro não é “sem noção”, “sem papas na língua” ou sincero demais. Ele é narcisista. Narcisistas não conseguem querer o bem do próximo ou ajudar no sucesso de alguém, muito menos de toda uma nação. Ele age e sempre agiu em prol de si mesmo e da sua classe social. Por isso, enquanto continuarmos os colocando elitistas e narcisistas no poder, infelizmente, não iremos para frente.

 

-Luísa Novelli

Você (não) é bem-vindo

 Em 2015 uma coisa aconteceu, um ônibus foi parado pela polícia, havia vários jovens que foram levados ao Centro Integrado de Atendimento à Criança e ao Adolescente, o motivo? Eles supostamente estavam indo para a praia de copacabana roubar, os jovens pretos e da periferia queriam ir para um ponto turístico e foram detidos sem nem cometer um crime. Aparentemente preto não pode ir para lugar de rico sem incomodar, não é?!

Neste ano (2021), uma delegada foi barrada de entrar em uma loja da Zara, ela não havia se identificado como delegada e apenas queria entrar na loja e foi impedida de entrar, após fazer uma denuncia, a loja foi investigada e descobriram que tinha um código que era específico para pessoas negras ou de aparência mais simples, aparentemente ser pobre ou preto em loja de “rico” (não é uma loja de rico, mas eles se acham como tal, enfim) incomoda.

Vivemos em um bizarro mundo em que muitos negam racismo, preconceito quando coisas desse tipo acontecem todos os dias, só de estar em lugar, você incomoda. Como se você não pudesse estar naquele lugar, como se você não tivesse o direito de estar lá, por algo que você não escolhe.

Não se pode escolher, sua cor, ou se você nasce pobre ou rico, mas para essas pessoas, se você estiver nessas categorias, você não é bem vindo.

É só não ir, boicotar, alguns dizem, bem, eu digo que isso é deixar que eles ganhem, praia não tem dono, e loja até tem, mas eles não podem te tratar de tal forma (afinal é crime). Se pararem de ir é justamente o que querem.

Eles querem segregação.


-Tartaruguinha Pistola

Eu quero é botar meu pau na mesa.

 “Resumidamente, narcisismo das pequenas diferenças é uma espécie de repugnância gratuita e primária que temos por pessoas ou grupos de nosso próprio meio social, que têm afinidades naturais conosco”. Era o que dizia um site qualquer quando fui procurar sobre o assunto. Logo depois, me puis a pensar em experiencias pessoas que tangenciam o assunto. Bom, sou uma mulher, branca, de classe media ,e mesmo tendo uma certa idade, ainda muito bem bancada pelos pais. Seria eu o agressor narcisista ao ver, quem sabe, a filha da minha empregada fazendo faculdade. 

 

Mas aí me lembrei que vivemos em uma mundo misógino e fálico. E mesmo tendo o “privilégio” de ser branca percebo que eu e a filha da minha empregada estamos no mesmo buraco. Qual? O buraco da anormalidade, o buraco da exceção a regra. É claro que tudo o que vou falar  a seguir tem um viés de classe e não tangencia nem de longe a experiencia das mulheres em geral, principalmente a das mulheres negras.

 

 O fato é que sempre quis ser homem. Falar como homem. Beber como homem. Rir como homem. E com o tempo percebi que o que eu queria na verdade era ter a liberdade de me distanciar de certos esteriótipos em eventos da vida social e intima. Como toda boa historia de trauma, o culpado sempre acaba sendo um dos genitores e no meu caso é claro que estou falando do meu pai. Ele queria uma Loius Lane mas acabou recebendo uma Arlequina como filha. Alguém que não queria ser a coadjuvante em silencio mas sim a protagonista explosiva.

 

Ele me odeia pelo fato de nossas diferenças estarem mais estreitas e estreitas. Ele me odeia porque eu posso ter um sexo casual, porque quero ser chefe, porque quero ser forte.

Ok… Sei que ele não me odeia,  mas  ao ver sua filha tendo uma vida social que há 40 anos atrás era inadmissível seu ego imediatamente começa a odiá-ló e culpa-lo. “Ontem? Ontem eu dormi na casa do Raul”.“Mas ele nem é seu namorado, você não respeita a sua família?’’

 

Mas isso não vem apenas da minha fonte paterna. Sempre serei uma estranha em um papo sobre futebol, carros, economia, mundo do trabalho mas sempre muito bem vinda em rodas de maternidade.. A realidade é que nenhum homem gosta de ver uma mulher colocando o pau na mesa e mostrando não ser uma ouvinte tão boa e silenciosa como se esperava. Pois é pai, vou colocar muito mais do que o pau na mesa.


Inês de Castro

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Vergonha (alheia)

 No momento atual (e principalmente, no governo atual) é muito difícil escolher uma coisa só que me deixe com vergonha alheia. Mas depois de pensar em tantas opções, precisei voltar para a primeira coisa que me veio à cabeça: o movimento antivacina no Brasil.

Como pode um país com um programa de vacinação exemplar há tantos anos, ver o povo se recusando a tomar uma vacina, em plena pandemia, com milhares de pessoas morrendo? E pior, com o próprio presidente, a pessoa que mais deveria se esforçar para que o povo se proteja tomando a vacina, incentivando os absurdos que dizem a respeito dela. É gente falando que ela vem com um chip, que causa AIDS, que mata, que o vírus foi disseminado pelo sinal 5G, e até mesmo falando que a COVID-19 não existe e questionando o número de mortes causadas pelo vírus.

Sempre que vejo algo a respeito disso na internet ou até mesmo no jornal, o que mais sinto é, de longe, vergonha alheia. Mas às vezes sinto só vergonha também. Muitas pessoas de muitos países consideram que o Brasil tem a pior gestão mundial da pandemia e infelizmente não posso discordar. Não posso discordar que nosso país está numa situação extremamente triste devido ao seu governo e ao que ele faz com a população. É presidente antivacina, machista, homofóbico, racista, parte grande da população completamente desinformada e cega a ponto de acreditar em discursos tão absurdos, desvalorização do real, aumento nos preços desde a carne até a gasolina, cada dia mais pessoas passando fome… São tantos problemas que é até difícil acreditar que vai melhorar, e chega a nos causar vergonha dizer que somos brasileiros, afinal, quem em sã consciência usaria uma camisa do Brasil hoje em dia, até mesmo apenas para ir até a padaria, quando ela virou uma espécie de símbolo da parte da população que tanto nos causa essa vergonha alheia?

Mas depois disso tudo, depois de termos aguentado tanto, tenho certeza de uma coisa: precisamos ter esperança. Esperança de que a pandemia vai acabar. Esperança de que o povo aprenda com os erros do passado. Esperança de que teremos um(a) presidente melhor no futuro. Esperança de que, um dia, a camisa do Brasil será nossa novamente. E esperança de que vai sim, melhorar.



Espelho Fragmentado

Diminuir para se Sobressair

 É de extrema vergonha alheia as pessoas diminuirem as outras. É uma falta de caráter você querer sobressair, mas medindo por baixo. Você não precisa diminuir as pessoas, só seja melhor que você mesmo, o seu único adversário, é você mesmo, lute contra si e não lute pra diminuir os outros, porque isso só irá mostrar o quão insignificante é sua existência.

Você nem sequer precisa apoiar os sonhos dos outros, mas também não menospreze, isso só mostra uma coisa, que você não tem a  capacidade e a coragem da pessoa.
Fique na sua, não é pedir muito, não apoie e não menospreze, faça o básico.
E seja melhor que você, porque realmente é a única pessoa que você deve disputar.
Hoje, as pessoas tem o ego muito inflamado e pelos comentários negativos sobre a vida dos outros, eu sinto vergonha alheia. 

Maktub

Conspiração

  Perto de completar 2 anos de pandemia, com milhares de mortes registradas no mundo inteiro, determinadas pessoas da minha família ainda acreditam fielmente que a vacina não é nada mais que uma obra conspiratória. Eu sei que é errado mas dá até vergonha de dividir o mesmo laço sanguíneo. Já cansei de tentar ensinar e colocar na cabeça deles que nem tudo é obra dos ''iluministas/ comunistas/esquerdistas'' - que são as pessoas de que essas pessoas inacreditáveis e movidas pela ignorância - costumam culpar. Eu já ouvi que tem chip implantado, que é até o apocalipse bíblico acontecendo. 

      Será que o apreço pela ignorância virou moda? Me questiono muito se a credibilidade em conspirações e em falsas notícias é apenas um hábito proveniente da desinformação. Estou começando a desconfiar de que as pessoas acreditam no que querem acreditar e tomar como verdade. A seletividade virou moda, ainda mais quando incentivada por um governo capaz de negligenciar um problema global, de fazer piada e (des)promover o Brasil - que antes era um país de paz- a um país chacota e excluído de acordos por potências mundiais. 
  Parece que nós que lutamos a favor da informação, estamos lutando por causas perdidas, parece que expor o próprio negacionismo, protestar contra a ciência e não ter nem medo disso é a nova moda. 
 
Helena Belmonte 

A vergonha que me envergonha

Segundo o dicionário, vergonha alheia quer dizer constrangimento que alguém sente em relação ao comportamento de outra pessoa, e é exatamente o que sinto desde 2019 ao assistir as notícias. Entrar em alguma rede social e ver um novo pronunciamento do presidente da república chega a embrulhar o estômago.

Ao pesquisar na web as palavras “vexame” “constrangimento” “desrespeito”, com certeza aparecerá algo sobre ele. Entretanto, só piora quando se trata do cenário internacional, o homem no qual deveria ser responsável com seu povo, só destrói a imagem de uma terra que ele não representa. Ele carrega o peso de um país em suas mãos, mas nelas só escorre o sangue dos nossos.

Discursa sobre a floresta amazônica não pegar fogo, sobre a eficácia de um remédio contra um vírus que afetou o mundo, sobre como seu auxílio ajudou toda população brasileira necessitada, são tantas mentiras que não cabem em apenas um texto. A imensa falta de inteligência, senso e honestidade causa repulsa em inúmeras partes do planeta. O que nos resta é viver em um país que é feito de piada pelo próprio, uma população cercada pela ignorância e manchada por sua linhagem.

Para finalizar esse assunto, me questiono muitas vezes sobre aqueles que o apoiam e cobrem seus olhos sob essa realidade. Será que eles não sentem isso? Esse constrangimento não impacta o mundinho deles? O que se passa em suas mentes?


Moxie Day

A marcha fúnebre

 Foi assim que aquela moça se sentiu. Foi assim que aquele atendente se sentiu. Quando ela olhou para minhas roupas simples, meu jeito de falar, minhas notas, me desprezou. Quando ele olhou para as roupas simples do meu pai, do seu amigo e do seu chefe, o jeito deles de falar, como eles andavam, os desprezou. Quando viu quem eu era e do que eu era capaz, ela se arrependeu e imprimiu o papel da minha aprovação. Quando viu quem eles eram e do que eles eram capazes, ele se arrependeu e vendeu o carro à vista. 

Talvez essas situações tenham gerado um pouco de reflexão nessas pessoas. Uma das situações ocorreu há mais de 20 anos atrás, a outra não tem 2 anos sequer. É um problema atemporal. Julgar as pessoas pela forma como elas andam, se vestem e falam acontece há muitos séculos. Se voltarmos 521 anos, veremos isso no "descobrimento" do Brasil. Se olharmos na sociedade hoje, veremos isso em todas as esquinas de todas as ruas de todos os bairros. Porque é assim que funciona. 

Eu me senti desprezado, humilhado na frente da minha mãe por aquela fala. Meu pai e seus companheiros de trabalho se sentiram desprezados, humilhados entre si por aquela fala. É assim que muitas pessoas se sentem dia após dia. Eu me sinto envergonhado quando vejo esse tipo de ato ser praticado. Se é indígena, não merece viver com dignidade. Se é preto, de moto, à noite, eu perco meu celular. Se é mulher, tem que ser assediada por andar de short curto. Se é nordestino, tem que voltar pra lá, está roubando emprego das pessoas daqui. Se está vestindo roupas simples, não tem dinheiro suficiente para comprar um carro, vou até dar risada desse (literalmente) pobre coitado. Se fala gíria, criado em local de favela, não tem condição de estudar aqui.

500 anos se passam, 100 anos se passam, 20 anos se passam, 2 anos se passam, e hoje vivemos esse tipo de situação quase sempre. É a maior vergonha que passei, que meu pai passou, e que sinto quando vejo alguém sofrer com isso. Talvez essas 2 pessoas tenham deitado à noite, na cama, lembrado das situações e se tornado pessoas melhores. Talvez não. Mas se arrependimento matasse, a marcha fúnebre já teria sido ouvida.

Autor: Ajuste de Atitude