Em uma segunda-feira que parecia extremamente normal (até porque o que tem de mais
tedioso e monótono que as segundas?), enquanto jantava minha pizza favorita, decidi
abrir o Instagram. Tudo parecia em paz, fotos extremamente editadas, influenciadores
fazendo suas “publis” para pagarem seus jantares do próximo final de semana no Paris6.
Enfim, muito do mesmo. Até que uma postagem da página do G1 chamou minha
atenção: “Superman atual, herói filho de Clark Kent, assume ser bissexual” e a capa
mostrava os dois jovens do quadrinho se beijando. De primeira, meu sentimento foi
pura alegria. “Que legal ver essa representatividade logo em um ambiente tão
homofóbico e sexista como o meio geek”, pensei comigo mesmo. E foi exatamente este
meu pensamento que rapidamente tirou meu sorriso. Eu conseguia já imaginar as
infinitas postagens da comunidade conservadora declarando boicote a DC Comics e
utilizando o argumento da liberdade de expressão como desculpa para poderem destilar
suas falas homofóbicas.
E bom, apesar de ter de fato previsto o que viria por aí, acho que desta vez subestimei
demais a estupidez destes seres tão peculiares.
Após alguns dias, o assunto que reinava nas minhas redes sociais era exatamente o que
eu havia tanto temido. Porém, desta vez, percebi que as coisas haviam saído um pouco
do controle. Um jogador da seleção brasileira de vôlei havia se manifestado contra o
quadrinho, dizendo que aquilo estava afetando e corrompendo a mente das crianças
brasileiras. Além disso, vi uma quantidade alarmante de pessoas que seguia, postando
de forma tão aberta seus pensamentos preconceituosos internalizados por meio daquele
simples selinho entre dois personagens FICTÍCIOS (claro que fiz questão de bloquear
todos).
Entretanto, o que mais me causou o sentimento de vergonha alheia, foi ver religiosos
conservadores, que prezam pela família tradicional brasileira, postando em forma de
protesto uma foto onde o Super-Homem beija apaixonadamente a Mulher Maravilha. E
bom, caro leitor, caso você não saiba, o Super-Homem é casado com uma repórter
chamada Lois Lane. Ou seja, aparentemente, para o conservadorismo brasileiro,
homossexualidade corrompe caráter, já o adultério é algo que deve ser incentivado!
What a shame they went mad.
Nils Sjöberg
Quem tem a mente afetada e corrompida são essas pessoas que se ofendem por coisas tão simples. Olha, é cansativo viver em um mundo desse jeito, eu nem sei mais o que pensar sobre isso.
ResponderExcluirEu lembro de ter visto essa polêmica e me choquei bastante pela quantidade de seguidores que esse jogador de vôlei recebeu após suas publicações e pronunciamentos acerca do quadrinho e do beijo. É muito louco pensar o quão preconceituosas as pessoas são e esse acontecimento me surpreendeu bastante negativamente.
ResponderExcluirSó entendi a polêmica agora! Vi alguns posts mas não estava encontrando a fonte que originou tudo isso. A gente sabe que os mais velhos e conservadores é que impõem um pressão em cima do ''tradicionalismo'', mas me dói muito o coração porque percebo a quantidade de pessoas com a nossa faixa etária que possuem os mesmos pensamentos homofóbicos, e reproduzem todos eles. Grande parte dos consumidores desses filmes e HQ'S são pessoas pouco mais novas, grande parte ficou feliz como você, mas uma grande maioria ajuda a fomentar o ódio na comunidade LGBTQ+. Isso também me dá vergonha alheia, com certeza.
ResponderExcluirNão tenho palavras para descrever o quão vergonhoso foi isso. O pior é o argumento do jogador. Como que um quadrinho com dois PERSONAGENS HOMENS FICTICIOS se beijando irá "transformar" crianças em um homossexuais? São desculpas para esconder sua própria homofobia. A comunidade LGBTQIA+, que já é pouquíssimo representada e com o pouco que tem, sempre, aparece alguns inconvenientes, que não tem nada melhor para fazer, e acabam com o pouco que conquistaram. Por fim, gostei muito e me identifiquei muito com a vergonha, já que partilho da mesma.
ResponderExcluirSinceramente, a homofobia é algo que muito me intriga. O que afeta na vida de outra pessoa quem cada um beija ou deixa de beijar? Essa desculpa de que "ah, as crianças" é a maior palhaçada que eu já vi. As crianças simplesmente não se importam. E absolutamente ninguém devia se importar. Definitivamente essa foi uma situação que muito me envergonha.
ResponderExcluirTexto muito bom, Nils. Infelizmente hoje a homofobia é um tema recorrente porque ainda há estúpidos que a praticam.
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