Bem, fazer uma crônica pra mim com tema livre é mais difícil do que as pessoas possam imaginar, sou indeciso e inseguro demais pra decidir um só tema, e o professor pediu para eu falar sobre traumas e não sei se tenho traumas e se tenho não estou sabendo decidir qual foi e nem sobre qual irei falar.
Mas tem uma coisa que eu sei sobre trauma, se eu tiver a culpa... é minha. Eu sou o maior culpado dos meus fracassos e decepções, e aqui não é um daqueles discursos de coach que fala “você é o único responsável pelo seu futuro” e etc, adotando um discurso meritocrático. Mas eu falo no sentido das minhas decisões, elas são meus verdadeiros traumas.
Nunca passou pela minha cabeça ser ator mas vejo minha vida como um grande teatro, acho que isso é o meu maior trauma. Minto, invento, me transformo e assumo uma personalidade que não é minha todo dia assim que acordo, algumas pessoas até gostam desse meu “Eu exterior”, mas quando eu demonstro meu “Eu Interior” ninguém gosta de mim e com razão.
A minha verdadeira face é suja, pensa em coisas que em qualquer juízo moral seria criticado e rechaçado. Vivo essa farsa de forma exagerada, intensa e egocêntrica, daquele tipo de egocentrismo que muda seu jeito para que os outros possam te elogiar e aplaudir, já cheguei a pensar que isso é coisa da essência humana se todos somos assim, não sei dizer se é ou se não é, como já disse tenho incertezas demais para afirmar algo.
Agora, pretendo finalizar esse péssimo texto que fiz, não sei como, não sou bom escritor e nem roteirista para escrever finais legais de textos que recebem a famosa frase “encerrou com chave de ouro”, não, talento não é o meu forte e muito menos esforço. Mas, tenho que manter minha pose de “intelectual” e “cult”, então vou terminar com uma letra de uma musica que gosto que diz: “isso é uma parte de quem sou, não vou fingir de bonzinho e depois te roubar, não sou pastor”.
Heleno de Freitas
Sendo o tema do crônica sobre angústias, eu acredito que essa vida de muitas personalidades seja algo que te incomode. Eu te entendo, é muito frustrante ter que fingir ser algo que não é pra alcançar as expectativas dos outros, e é cansativo. Gostei dos termos que você usou, o "Eu exterior" e o "Eu interior", e quando nós nos prendemos a essa versão exterior acabando nos perdendo da versão verdadeira. E sinceramente, eu acho isso ainda mais triste. Não é fácil ser a sua versão mais autêntica, na verdade eu não sei quem eu sou, mas tenho pra mim que não é sobre ser uma pessoa totalmente sem defeitos, e sim de enxergá-los, aceitá-los e mudá-los quando necessário.
ResponderExcluirAcho que isso é realmente algo da essência humana, especialmente agora em que muitos desejam ter a vida perfeita pra exibir na internet. Enfim, acabei falando demais, e apesar de você ter chamado o texto de péssimo eu achei ótimo.
gostei do texto, transmitiu 100% o que se pretendia... e ainda fechou com chave de ouro, nada melhor que uma frase de BK'.
ResponderExcluirHeleno, tenho poucas certezas nessa vida e uma das únicas é saber que nós estamos sempre em um processo de mutação. Você não é o mesmo de ontem e não será o mesmo amanhã. Como pessoas, nós aprendemos diariamente sobre quem somos, mas, na minha opinião, nunca saberemos de fato tudo sobre nós mesmos. Esse seu atual Eu talvez seja derivado de um padrão que a sociedade impõe em você e sei que isso mexe muito conosco, porém, eu acredito que se você se deixar ser muita coisa irá mudar na sua vida. É fácil falar, sei disso, passo por um processo semelhante, mas sei que com o tempo toda essa insegurança passará e você poderá ser quem realmente é, não um projeto de expectativas alheias.
ResponderExcluirFica bem, xx.
Obs: Seu texto está ótimo <3
Oi, Heleno! Acredito que você é melhor escritor do que pensa. Adorei o seu texto, consegui entender claramente a sua angústia e me vi muito na frase "tenho incertezas demais para afirmar algo".
ResponderExcluirOlá Helono! Tudo bem? Eu gostei muito do seu texto. Realmente é um grande desafio escrever sobre um assunto aberto, mas você soube desenvolver bem o seu trabalho.
ResponderExcluirMesmo com tantas dúvidas, acho que você conseguiu expressar muito bem um pouco dessa dificuldade causada pela indecisão. Realmente não é fácil como parece escrever de forma livre, e acredito que você tenha se saído muito melhor do que imaginava, pois vejo, por mim e pelos comentários acima, que suas palavras conseguiram atingir a realidade de outras pessoas, gerando identificação. E acredito que, ao escrevermos e postarmos nossas crônicas aqui, o melhor resultado é justamente esse: ver que não estamos sozinhos com nossos problemas e ler palavras de apoio de pessoas que nos entendem ou que sentem empatia pelas nossas palavras.
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