Não dá para esconder, está em toda parte. Foi quando vieram me perguntar se eu achava que era ou não golpe. E eu respondi: SIM, É GOLPE!
Levei essa pergunta comigo, para mim era algo claro. Vivemos em meio a armadilhas cotidianas criadas e mantidas por nós mesmos pela busca incessante em tirar vantagem uns dos outros. Somos golpeados todos os dias, pensei. Em diferentes proporções.
Andamos sempre desconfiados, cautelosos e amedrontados, temos hora para andar em certos lugares e estamos indefesos quando somos abordados e nos levam nossos pertences. Vulneráveis às agressões, à criminalidade e aos perigos da rua. Somos golpeados pela violência. Quando burlamos alguma norma social que nos dificulta a solucionar um problema pessoal, somos golpeados pela desonestidade. Quando parte do dinheiro público é desviado para cofres privados, somos golpeados por políticos corruptos. Quando uma mulher não se sente segura, é reprimida, assediada ou violentada por ser mulher, somos golpeados pelo machismo. Quando temos uma minoria rica e um povo que beira a miséria, somos golpeados pela desigualdade. Quando pessoas morrem nos corredores dos hospitais, por falta de estrutura e investimento, somos golpeados pelo governo. Quando traímos a confiança daqueles que nos amam, somos golpeados pela deslealdade.
Somos, porque vivemos em sociedade e nossas atitudes e relações refletem as condições em que vivemos. Talvez, a questão do golpe seja um pouco mais complexa, e estejamos cercados por corruptos e corrompidos em todo o lugar e há muito mais tempo.
É um golpe contra a liberdade, é golpe à segurança, aos direitos, à democracia, à educação, à saúde pública, ao trabalhador, à mulher, ao pobre e ao próximo. É golpe todo o dia, na sua frente. É só você abrir um pouco os olhos. É golpe por golpe, é golpe sobre golpe. E esse é apenas um relato de um cidadão frustrado e desesperançoso que também acabou sendo golpeado pelos seus pensamentos.
Lemos, Dante.
Gostei que seu texto foi muito além da questão do impeachment, tendo uma visão ampla da realidade, potencializando os recursos jornalísticos e exercendo o espírito cívico! Adorei os "tipos de golpe" que você cita ao longo do texto.
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