Mais um encontro como qualquer outro. Eu, ele e dois pratos de lasanha entre nós. Comemos, conversamos, nos divertimos. Até que ele começa a remexer a comida, olha para baixo pensativo e pergunta – Você já trouxe alguém aqui antes de mim, amor? – Penso por 5 segundos se devo ou não responder, mas no fim digo a verdade – Sim, já trouxe. – depois disso, ele ficou quieto e quando raramente me respondia, era com monossílabas. Fomos juntos para minha casa, o trajeto todo em silêncio. Eu fazia comentários que se perdiam no ar. Entramos em casa, ele larga sua jaqueta no sofá, vai para o meu quarto e fica sentado na beira da cama olhando para baixo e balançando as pernas. Me sento ao lado dele, levanto seu rosto pelo queixo. – Sim, eu já levei outras pessoas àquele restaurante, mas nenhuma dessas pessoas era você. Nenhuma delas tinha o seu sorriso. Nenhuma delas me fez ter vontade de ficar ali por horas só ouvindo falar sobre a sua vida. – Foi bobo da minha parte? – ele pergunta, envergonhado. – Talvez – respondo com uma risada de canto de boca. – Mas eu talvez tivesse feito o mesmo. – Ele volta a encarar o chão por mais alguns segundos e assim que levanta o rosto, em uma sincronia perfeita, nós nos beijamos. Totalmente sem jeito, ele se joga sobre mim e inevitavelmente nós rimos da situação. Nos encaramos por alguns segundos e voltamos a nos beijar. Tiro sua camisa e sinto seus dedos tremerem levemente ao desabotoar a minha, deslizando-a por meus ombros. Ele tira sua calça e me ajuda a tirar a minha. Beijo o seu corpo por inteiro e por um momento me perco em sua pele bronzeada e seu cheiro. Alguns momentos depois, com ele sob mim, paro e o olho fixamente. Ele dá um sorriso envergonhado. – Você é lindo. Eu te amo. – Mais uma vez, ele abre aquele sorriso encantador e volto a me mover sobre ele enquanto me inclino para beijá-lo. Nosso beijo combinava. Nosso sexo combinava. Nosso amor combinava. Eu e ele combinávamos. Quando acabamos, ainda deitados lado a lado, nos acariciando e olhando para o teto, ele desvia o olhar para mim. – O que acha de outra lasanha agora? – e ri. Não havia nada de especial naquilo, mas eu concordo com a cabeça rindo e tenho ainda mais certeza de que nenhuma das outras tinha sido ele.
Peter Parker
Outro texto que prova que qualidade vale mais que quantidade. Um ótimo texto bem linear, bem simples, mas que atinge o leitor de uma forma excepcional. Seu texto faz com que o leitor se sinta parte da história, seja diretamente (devido às descrições detalhadas das ações das personagens) ou indiretamente (posto que a história contada é tangível e poderia acontecer com qualquer um de nós).
ResponderExcluirO texto aborda o tema, embora foque muito mais no amor entre as personagens. Como características principais, destacaria a potencialização do jornalismo no que se refere à análise e à observação e sua visão ampla da realidade.