“Alberto, espera. Aqui, não. Alguém pode ver.”
“Vamos para o bar.”
“Eu moro aqui. Todo mundo me conhece, conhece meu marido. Não.”
“Então… Onde?”
“Alberto, você é um homem destemido?”
“Você não faz idéia.”
“Então vem comigo.”
Ela o pegou pela mão e o puxou. Pararam em frente ao prédio. A adrenalina a
lavou. Tentou enxergar o porteiro através do vidro, mas a película escura deixava
muito escuro dentro do prédio.
“Espere aqui um pouco.”
Com cuidado, abriu a porta de vidro. Um ronco reverberou pelo saguão: o porteiro
ainda dormia. Com um gesto, chamou Alberto para entrar.
“Silêncio, agora.”
Com todo cuidado necessário, delicadamente, chegaram até o elevador. Alberto não
estava entendendo direito o que acontecia, mas entrou no jogo.
“Onde a gente está indo?”
Ela sorriu.
“Calma. Você vai gostar, tenho certeza.”
Chegaram ao andar dela. A luz do corredor se acendeu enquanto a porta do
elevador se fechava atrás deles. Ela deu um rápido beijo nos lábios dele, tirou a
chave do bolso e encaixou na porta.
“Com todo cuidado agora, ok?”
Ele assentiu em silêncio.
Ela entrou em casa seguida por Alberto. Calmamente, fechou a porta. Alberto estava
parado, um pouco assustado, conforme seus olhos demonstravam. Ela o levou até a
cozinha e encostou a porta que a separa da sala. Sentia o coração na boca. O medo
deixa tudo mais gostoso.
“Eu moro aqui. Meu marido tem o sono pesado, não acorda nunca, para nada.”
VascoPaulo14
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCaramba, isso que é ser destemida rsrs. Seu texto cumpre muito bem a proposta do título e acredito que rompe os limites do cotidiano, quebra a corrente do LEAD, evita o senso comum e é perene, até porque uma pulada de cerca sempre vai existir, não importa o tempo xD
ResponderExcluirNossa, que ousada kkk. O seu titulo encaixa totalmente na lógica do texto!A forma que você desenvolveu a história (por meio do uso de diálogos) produziu um maior dinamismo na historia, o que foi bem legal.
ResponderExcluirAo longo do seu texto eu notei a quebra total do lead, perenidade e evita o senso comum
Sobre as questões psicológicas, eu posso estar realmente MUITO errada, mas noto uma personagem que gosta de adrenalina e que estava cansada da monotonia da sua vida
Gostei :)
Acho que fica claro a abordagem psicológica, já que a personagem, como disse Helena Machado, parece buscar a emoção fora da rotina de seu casamento. Também, de certa forma, podemos tirar uma interpretação antropológica: como a ilusão da instituição do casamento. Acho que seu texto ampliou a visão da realidade, ultrapassou os limites do cotidiano, rompeu com as barreiras do lead e evitou definidores primários.
ResponderExcluirConcordo com a Helena Machado na questão do dinamismo causado pelo diálogo. Foi bem interessante! Mesmo não tendo explicitado, você nos levou a imaginar o que aconteceria após a última frase. Acredito que você tenha abordado um ponto psicológico e de cidadania, ao mesmo tempo, ao tratar do casamento – e consequentemente da traição. Notei também rompimento com o lead e perenidade. Parabéns!
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