domingo, 5 de junho de 2016

Na ponta do lápis


Dizem que tudo na vida tem dois lados e que eles merecem ser levados em conta. De fato, dá para perceber essa dualidade até em situações mais banais no cotidiano. Agora, estou escrevendo com a mão esquerda, por exemplo, mas sei que, de certa forma, isso não me impede de um dia escrever com a direita. Acho que depende de qual jeito eu me sinto mais confortável... Sigamos. O mundo sempre pareceu dividido e polarizado, em um contexto - bastante visível na contemporaneidade - de pró e contra. Quem escolhe um lado frequentemente julga o outro como "errado", pois é se posicionando em uma direção que você automaticamente contraria a outra. Na atualidade, ou você é destro ou canhoto - a sociedade sente muita necessidade de um posicionamento definido. Bem... É que, com a esquerda, sinto que me vêm as melhores ideias, meus melhores argumentos, as razões e soluções mais sólidas. É quando escrevo com ela que meus textos ficam mais coerentes e mais sociais também. Ela me ajuda a pensar nos direitos das minorias e dos mais pobres; ajuda-me a promover o bem estar coletivo e a participação popular dos movimentos da sociedade; com ela, é fácil debater sobre justiça social.

Diferente do meu costume, tem a mão direita. Não sei explicar ao certo, mas quando decido usá-la, me sinto muito limitada. Parece que as palavras nem sequer chegam ao meu pensamento para sair no papel. É a tradicional falta de inspiração que me é causada. Minhas lutas mais bem defendidas sobre avanços na legislação em direitos civis - em temas como aborto, casamento gay e legalização das drogas - não foram escritas por ela. Estranho, não? De qualquer forma, por essas e outras, deve ser por isso que prefiro ser canhota. Tem mais a ver com minhas aspirações na vida e meu objetivo ao escrever para que leiam meu ponto de vista. 

Então, termino deixando claro que existem muitos destros e muitos canhotos entre nós. Cada um deles vai escrever de um jeito; o que irá fazê-lo se expressar melhor. A mão é a grande metáfora de nossos pensamentos. Por meio dela que achamos nosso lugar no mundo e que podemos nos unir a pessoas similares a nós para lutar por causas em conjunto. Acho válido que influenciemos no presente e no futuro de nossa sociedade. Creio que escreverei com a esquerda ainda por muitos anos... Quem sabe você não prefere meus textos assim?!

 

 Lia Mendes

9 comentários:

  1. Metáfora muito bem apontada! O jeito que escreveu o texto deu um toque de aproximação e intimidade com o leitor, o que me deixou muito a vontade =) Sobre a estrela de sete pontas: foi perene, rompeu com o lead, exerceu o espírito cívico e superou o cotidiano! Parabéns, adoreii

    ResponderExcluir
  2. Gostei da forma como você abordou o tema, os recurso de intimidade utilizados e a pergunta deixada no final do texto, faz o leitor se sentir parte do texto! Quanto à Estrela de Sete Pontas, observo a perenidade, uma visão ampla da realidade, rompimento com o lead e com os limites do cotidiano, além do exercício da cidadania. Realmente muito boa a metáfora!

    ResponderExcluir
  3. Como os amigos citaram, você explorou muito bem o recurso de intimidade e seu texto ficou muito bom! Em relação à estrela, você rompeu com o lead e com os limites do cotidiano, foi perene e exerceu a cidadania. Parabéns!

    ResponderExcluir
  4. Como os amigos citaram, você explorou muito bem o recurso de intimidade e seu texto ficou muito bom! Em relação à estrela, você rompeu com o lead e com os limites do cotidiano, foi perene e exerceu a cidadania. Parabéns!

    ResponderExcluir
  5. Como os amigos citaram, você explorou muito bem o recurso de intimidade e seu texto ficou muito bom! Em relação à estrela, você rompeu com o lead e com os limites do cotidiano, foi perene e exerceu a cidadania. Parabéns!

    ResponderExcluir
  6. Como já foi citado, nos sentimos íntimos de você lendo o texto e gostei da metáfora da mão e de como foi abordada. Parabéns! Quanto à estrela, creio que rompeu com o lead, ultrapassou os limites do cotidiano por meio das reflexões, é um texto perene, que exerce a cidadania e proporciona amplas visões da realidade. Parabéns!

    ResponderExcluir
  7. Gostei da metáfora utilizada na linguagem. O texto aborda muito bem a nossa possível escolha entre dois lados a se posicionar e, claramente, opta por um, a esquerda. Quanto às pontas da estrela, acredito que exerceu cidadania, rompeu com o LEAD e proporcionou ampla visão da realidade. Parabéns.

    ResponderExcluir
  8. É sempre bom ler um texto que apresente uma metáfora que não se encaixe num clichê. Parabenizo-a por isso, Lia.
    Gostei também da abordagem do texto em relação à esquerda e às lutas sociais, que garante a ele um senso de atualidade e de responsabilidade social.

    ResponderExcluir
  9. Essa metáfora realmente é interessante, inclusive a usei no meu texto. Gostei também que no final você falou sobre o leitor gostar do seu texto, o que nos aproxima. No seu texto, pude ver que ampliou a visão da realidade, ultrapassou o cotidiano e foi perene e profundo.

    ResponderExcluir