segunda-feira, 27 de junho de 2016

Um golpe fatal


 

Estamos aqui na Arena do Planalto Central para a luta que todo mundo esperava, a disputa de cinturão dos mãos-leves. De um lado do ringue, detentora do cinturão desde 2010, baixinha, dentuça e sempre de vermelho. DILMA “MÔNICA” ROOOOUSSEF. Do outro lado, com sua voluptuosa pança, calvo e corcunda. EDWARD “BURNS” CUUUUNHA. IIIIIIIIIIT’S TIIIIMEEEE.

 Com a voz o juiz: “Boa luta, vale tudo. Só não vale falar da mãe e desrespeitar a lei de Gil”. Tocam-se as luvas. Começa a luta. Os lutadores ficam se estudando muito, Burns tenta o primeiro golpe, Dilma se esquiva e tenta o contragolpe com sua esquerda, mas ela falha. Permanecem assim durante algum tempo. Final do primeiro round, parece que tivemos um empate técnico.

Vamos para o segundo round, meus amigos. Esperamos mais emoção do que no começo da luta, os lutadores estão tomando água e se preparando. Fim de intervalo. Recomeça a luta. Iiiiiiih, alguém entrou no meio da luta, é o Conde Drácula? Não, é Michel “El Temerário”, ele agarrou Dilma por trás. DIREITA, DIREITA, UM, DOIS, TRÊS, ACABOOOOOU. Dilma vai a nocaute e desmaia no chão. Cunha vence com um golpe de direita sensacional e uma “leve” ajudinha de Michel e vencem o cinturão. Mas El Temerário não era da equipe de Dilma? Pois isso foi uma grande traição. Vamos perguntá-lo.

“Já dizia o grande Shakespeare: As águas correm mensamente onde o leito é mais profundo” – respondeu Draculinha, como era chamado na academia.

E é isso meus amigos, parece que o golpe de direita foi forte demais. Uma direita tão golpista que deixou a pobre Dilma no hospital. Quem sabe não teremos uma revanche por aí?

 

Régis Jr.


2 comentários:

  1. Interessante o final. "Quem sabe não teremos uma revanche?". Ao meu ver, a comparação de Dilma à Mônica (que muitos usam como uma ofensa, mas eu não a vejo assim) deu um certo grau de proximidade com o texto e o deixou mais leve. Gostei também que a briga inicialmente é entre Eduardo Cunha e Dilma, já que muitos - inclusive eu - focarem-se mais no Temer. Você potencializa os recursos jornalísticos, dá uma visão ampla da realidade e exerce cidadania.

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  2. Muito boa a metáfora utilizada! A forma como o tema foi abordado, com a riqueza nos detalhes dos golpes de direita e esquerda e das características dos personagens foram muito bem colocados e potencializam as técnicas jornalísticas, como a observação. Além disso, a linguagem simples e humorística permite maior aproximação com o leitor. Percebo ainda, uma visão ampla da realidade,o rompimento com o lead e com os limites do acontecimento, a presença do zeitgeist, bem como o espírito cívico.

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