segunda-feira, 13 de junho de 2016

Me chama de lagartixa


"Tudo estava normal naquela tarde de quinta feita no consultório de Felipe lo, o psicólogo. Depois de ter estudado 5 anos e  ter completado com louvor o seu pós doutorado, Felipe, trabalhava com  viciados. Ele ajuda dependentes em drogas? Bebidas? Jogos? Talvez agora você esteja se perguntando.Não meu caro leitor, ele ajudava casais viciados em sexo. 

Doutor, os pacientes das três chagaram, estou mandando entrar, disse a secretaria.Eles se sentaram e aparentemente tudo parecia normal ate que o psicólogo fez a seguinte pergunta: 

-Então, o que posso ajudar? 

Ainda um pouco tímido, Rodrildo Lindoso , o marido, responde: 

-Doutor, estamos com sérios problemas! Estamos viciados em sexo, mas não um sexo comum, gostamos de fazer sexo em lugares estranhos e em situações estanhas. 

Conte- me mais, disse o doutor curioso. 

-Olha, uma vez fizemos sexo enquanto nevava na nossa viagem no Alasca. Sei que isso parece meio louco, mas uma vez me falavam que a única forma de fazer calor era assim.Sendo bem real, me senti um verdadeiro homem das neves entrando na caverna encantada. 

Nesse momento, a esposa, Silvyana Mortsohnn , se pronuncia  

-Eu nem achei tão interessante esse dia amor. O bom mesmo foi quando fizemos amor naquele quarto de hotel assombrado.Nunca vou me esquecer daquele boneco de 2 metros do Chucky nos olhando.Que penetração! 

Meio assustado, o doutor tenta entender o começo desse louco vicio.Ele começa a buscar informações sobre o passado do casal, pedindo, então, para contar sobre as primeiras noites de amor  estranho. Lindoso começa a se pronunciar com um ar de alegria e emoção. 

-Me lembro como se fosse ontem, estávamos na casa da minha avó. Naquela época ela tinha problemas de visão, quase uns 20 graus de miopia, coisa braba mesmo.Por um instante, ela perdeu os oculos.Tinha consciência  que ela ia ficar no mínimo uns 30 minutos para achar os óculos no banheiro.Nessa hora me veio uma vontade louca de usar daquela cadeira de balanço, se é que me entende... 

Nesse instante, Silvyana interrompe 

-Esse dia foi ótimo, fico rindo ate hoje o fato dela ficar perguntando o que estávamos metendo. 

-Seus gemidos e gritinhos falando "METE METE METE" pareciam poesia para mim, ou melhor musica do Pablo, como amo. 

Disse Rodrildo. 

Meio sem saber o que falar, o doutor resolve ir ao banheiro para limpar seu suor.Quando estava banhando o seu rosto, ele ouve um barulho característico de moveis sendo arrastados.Entranhando tal movimentação, resolve abrir a porta.Isso mesmo leitor, ele não conseguiu abrir.Os únicos sons que ele conseguiu ouvir foi "mais fundo, mais fundo, goza tudo e me chama de lagartixa." 

Depois de alguns minutos, o silencio reinou. Felipe, por sua vez, bateu na porta com raiva.A secretária ouvindo aquilo, arrastou cômoda com ajuda e libertou o doutor. 

Perante a mesa,um bilhete: 

Caro Felipe Pêlo, gostaria de te informar que ..... 

PEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEN 

despertador toca em uma segunda de manha.Rodrildo, ao seu lado, babando e rocando como sempre.Vestida com aquela mesma roupa de dormir, Sylviana levanta para mais um dia de trabalho.Tudo não se passou de um sonho.Sylviana vivia em uma rotina monótona e sem graça com o seu marido Rodrildo."


Helena Machado 


3 comentários:

  1. Ri tanto que não sou capaz de opinar

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  2. Meu deus hahahahah. Seu texto é muito irônico, obviamente. Também vemos uma forte identificação com "elementos" específicos de nossas vidas, fazendo com que essa relação entre escritor e leitor fique bem interessante. Acho que ultrapassou os limites do cotidiano, teve uma visão BEM ampla da realidade, rompeu com o lead e evitou definidores primários.

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  3. Seu texto, sem dúvidas, é um dos mais - se não o mais - criativo desse tema, não consegui não rir. Você explorou muito bem os fatores de intimidade fazendo referências aos nomes. O caráter irônico e engraçado também ajudou bastante e a quebra de expectativa no final foi excelente. Você rompeu com o lead e desenvolveu muito bem uma "simples" e cotidiana visita ao psicólogo. Só uma observação: dê mais atenção a pontuação do texto. E, parabéns!

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