Foi rápido. Uma hora depois de sair daquela boate eu estava abrindo a porta do meu apartamento. Não estava nos meus melhores dias. O trabalho estava me consumindo muito mais do que o esperado, a faculdade me tomava todas as horas restantes do meu dia e tinha você. Quando mandei a mensagem esperava um encontro casual, uns copos de cerveja, uma música baixa de fundo e logo depois o seu apartamento. Talvez eu não esperasse um encontro tão casual assim, mas o que realmente me importa é que agora estou acompanhada por uma garrafa de vinho no chão da sala.
Frustração. A palavra da noite não podia ser diferente. Quando te encontrei no bar consegui esquecer um pouco os problemas, o primeiro beijo da noite apagou a memória da quantidade de papéis que analisarei amanhã e a despedida... Essa trouxe tudo novamente. Não consigo entender os olhares, os cochichos e as encaradas que recebi na boate. Não entendo porque o meu amor não é suficiente para sermos felizes. Recapitulando tudo que vivemos esse amor devia valer muito mais.
O primeiro encontro em um elevador sujo. O segundo na festa da Patrícia trouxe o nosso primeiro beijo que também foi o meu primeiro beijo. O terceiro foi no seu apartamento, consigo me lembrar de todos os detalhes daquela noite, o macarrão frio, o vinho quente e o seu sofá aconchegante que nos abraçou durante toda a noite, a manhã seguinte e a nossa pequena caça às peças de roupa, o café da manhã na padaria da esquina, o beijo de despedida e todos os olhares que recebemos.
Depois vieram uma sucessão de encontros, beijos e transas que recordo com carinho. Foram três anos que se passaram em três semanas de encontros e desencontros. Agora tenho a certeza que valeu ter te conhecido, valeu ter te amado, valeu ter enfrentado na rua mil olhares preconceituosos por onde passássemos, valeu ter descoberto cada dia uma coisa diferente, valeu ter vivido ao seu lado. Não somos apenas duas mulheres, somos duas que se amam, se amavam e ainda se amarão.
Mônica do Legião
Gostei da narrativa com uma linguagem bem fácil que trata de uma frustração amorosa, assunto bem comum na nossa realidade. Quanto às pontas da estrela, acredito que seu texto rompe as correntes do LEAD, apresenta visão ampla da realidade e é perene.
ResponderExcluirGostei a temática abordada. Ao longo do texto, senti que estava sendo bombardeada de pistas que não as entendia. todos nos olhava, olhares na boate ....E no final, você releva a grande questão.
ResponderExcluirGostei MUITO do texto,linguagem simples, tema atual e objetivo.
Em minha opinião, você quebrou o lead e trouxe perenidade. Quanto as questões psicologias,posso estar muito errada, mas talvez tenha conseguido perceber que por ela (personagem) ter falado tanto das pessoas julgarem a situação , ela ter no começo um pouco de receio desse amor ...
Gostei muito do cuidado de deixar os esclarecimentos para o final. Acho que o texto traz muita delicadeza e sensibilidade ao abordar um tema tão importante que é a homofobia.
ResponderExcluirAcho que a questão do preconceito pode ser interpretada como um aspecto antropológico, uma consequência da vida em sociedade.
Foi bem interessante que você tenha falado sobre a frustração causada pelo preconceito da sociedade para o tema sugerido. A forma como você mencionou o sexo foi bem delicada e combinou com a "leveza" presente no texto como um todo.
ResponderExcluirMônica, gostei muito da temática! A questão da homossexualidade e da homofobia foi uma proposta inovadora até o momento, assim, repercute tanto uma questão antropológica e cultural da sociedade, como também, reflete o exercício da cidadania. Ao meu ver, a preocupação da personagem com os julgamentos alheios traz uma questão psicológica da mesma, que não consegue guardar esse sentimento, e de alguma forma, ele retorna e é expresso em diferentes momentos. Além desse fatores, percebo uma visão ampla da realidade, a perenidade, o rompimento com o lead e a preocupação com os detalhes. Gostei do recurso também empregado, que foi discutido em sala, "acompanhada por uma garrafa de vinho no chão da sala" consegue transmitir por imagem um sentimento. Seu texto abarcou diversos recursos. Muito bom! Parabéns pelo trabalho.
ResponderExcluirSendo muito sincera, achei que se tratava de um casal com uma grande diferença de idade (como um homem muito mais velho com uma menina menor de idade). No final tudo fez sentido e gostei demais! Como disseram meus colegas, a homofobia é uma questão ainda muito recorrente na realidade, fazendo com que esse ponto tenha uma bordagem antropológica. Também, o preconceito afeta a personagem de tal maneira que ela não consegue ficar tranquila com sua namorada em certos momentos, acho que pode até ser um "recalque" dos casais héteros que - por algum motivo - são vistos diferentes, o que confere uma abordagem psicológica. Achei que o texto potencializou os recursos jornalísticos, ultrapassou os limites do cotidiano, proporcionou uma ampla visão da realidade e exerceu a cidadania. Minha única ressalva é que talvez tenha fugido do tema, já que não se foca tanto na ideia de sexo (seja qualquer ideia possível), parece mais uma crônica do primeiro texto que fizemos (casal).
ResponderExcluirGostei muito do seu texto e das técnicas que usou. Boate, trabalho, faculdade e cerveja são fatores de intimidade que fazem, nós leitores, nos identificarmos e nos aproximarmos da situação. Achei muito bom também os flashbacks que me fizeram imaginar rapidamente todas as cenas. E bom, a surpresa do final deixou o texto ainda melhor. Você rompeu com o lead, superou o cotidiano, foi perene e, principalmente, exerceu a cidadania ao tratar da homofobia. Parabéns!
ResponderExcluirEu adorei também, principalmente essa abordagem de casal homossexual que poucos utilizaram. E isso ajuda já a exercer a cidadania e trazer alguns valores antropológicos. Esse suspense para só no final entendermos o que estava acontecendo foi também muito bom. Parabéns!
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