Existe um ditado de que a primeira vez a gente nunca esquece. Hoje, posso dizer que isso realmente é verdade. Eu era uma jovem de uns 20 e poucos anos e ainda me lembro do dia em questão. Estava no trabalho e parecia um dia como outro qualquer até que um homem apareceu. Não era um cara qualquer. Alto, pele negra, sorriso encantador... Enfim, perfeito. Ainda seria candidato na próxima competição para mister universo. Chamavam-no de Mr. Catra. Senti que ele me olhava diferente. Conversamos por alguns minutos até o momento no qual ele me convidou para sair na noite do mesmo dia.
Comecei a me arrumar cedo. Precisava estar impecável. Ele quis me levar até um restaurante onde era conhecido por todos. Chegando lá, fomos recepcionados com gritos de “uh uh papai chegou”. Realmente era um cara muito respeitado. Entretanto, nosso encontro foi marcado por um problema: A comida do local estava péssima e, por isso, comemos muito pouco. Por outro lado, Catra tornou insignificante essa dificuldade com suas piadas e com aquela risada que não sai da cabeça.
Exatamente por isso estava sentindo como se algo me dissesse que a nossa noite não deveria acabar ali. O mister, então, resolveu me levar para um motel. Disse que era apenas para que descansássemos, mas nós dois sabíamos o que iria acontecer. Sentia aquele friozinho na barriga normal para quem nunca fez nada do tipo. Eu olhava aflita para o rosto daquele lindo homem e, vendo o meu nervosismo, ele brincou dizendo “tá me olhando é porque quer me dar”.
O tempo foi passando e acabou acontecendo. Foi tão natural. Acariciava a minha pele. Tirei o salto alto e ele os tênis. Ele pediu para que eu colocasse um avental daqueles de cozinha. Disse que era fetiche. Não vi problemas em fazê-lo. O resto não é preciso detalhar, né? Sim, dei para o Catra.
Enfim, sei que a sociedade tende a julgar garotas que dão logo no primeiro encontro, mas ele me parecia o cara certo. Tinha um perfil de bom marido. Sem dúvida, com ele jamais rolaria qualquer tipo de adultério. Além disso, dava a impressão de que seria um excelente pai. Poderia ter mais de 30 filhos que, com certeza, cuidaria e daria amor para todos de forma igual.
A pior parte foi contar o ocorrido para minha mãe. Apesar de temer a reação dela, eu não podia omitir o que aconteceu. De cara já falei com toda a segurança do mundo: “Mãe, dei pro Catra”. Para minha surpresa, a reação dela foi boa. Só ficou bastante curiosa. Pediu os detalhes. Então, eu falei:
- “Ah mãe, claro que quando a gente dá pela primeira vez, sentimos uma mistura de sensações, com alívio de um lado e aflição de outro. Entretanto, ele me tratou como uma princesa. Senti que era necessário. Afinal, ele já tinha gastado uma fortuna naquele jantar e pediu para que eu desse o dinheiro para que comprássemos os ingredientes para fazer pizza. Nunca tinha feito nada parecido. Dar dinheiro para um homem que conhecia há pouco tempo não foi nem um pouco fácil. Ainda assim eu dei pro Catra o dinheiro da pizza.”
Ademais, ele se propôs a pagar o valor da diária no motel para que não incomodássemos os meus pais ou os dele. Aquela noite foi incrível. Sendo assim, se você ainda não teve a sua primeira vez, fique tranquilo(a) que irá acontecer na hora certa. Não se pode negar que é difícil para que nunca o fez, porém vale a pena você dar dinheiro nesse tipo de situação para que você possa passar uma noite agradável. Deixo claro, por fim, que a pizza estava ótima também.
Júnior West
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ResponderExcluirQuebra total de perspectiva!o que falar do seu texto? Eu ri bastante e o duplo sentido atribuído a palavra "dar" foi sensacional.Confesso que foi uma situação muito estranha e as partes que você falava do Catra foram muito divertidas!!
ResponderExcluirConsegui notar quebra do lead e com certeza EVITA O SENSO COMUM!!!
Sobre os aspectos mentais, notei que a personagem é muito inocente!
Hahahahahahahaha tanta criatividade! O texto é muito divertido e ainda é bem escrito. Complicado avaliar pelos critérios da crítica, mas arrisco dizer que as referências a músicas do Catra, como a parte do "adultério", geram uma grande aproximação com o leitor.
ResponderExcluirFaltam pontas da estrela como perenidade e cidadania, mas isso seria dispensável em um texto leve como esse, cujo objetivo é divertir.
Seu texto é criativo e tem uma clara abordagem cômica, com uma linguagem informal e irônica. Acho que rompeu com o lead, teve uma visão ampla da realidade, ultrapassou os limites do cotidiano e até mesmo potencializou os recursos jornalísticos. Realmente só não exerce a cidadania, nem é perene - como disse a Lucy.
ResponderExcluirEu ri com o texto, muito engraçado e concordo com a Helena Machado no recurso do duplo sentido a palavra "dar". Acho que ultrapassou os limites do cotidiano e também rompeu com o lead. Foi divertido. Parabéns pelo texto, foi um dos que eu mais gostei.
ResponderExcluirVascoPaulo14
Que texto legal! A referência musical da palavra "adultério" - como a Lucy citou - e da frase "uh uh papai chegou" foram divertidas e ao mesmo tempo aproximaram o leitor, gerando intimidade. Seu texto é engraçado e leve e a metáfora foi muito bem construída. Percebo (total) rompimento com o lead e com os limites do cotidiano. Parabéns!
ResponderExcluirComo já foi dito, o texto tem uma pegada cômica, mas não deixa de ser formal e não parte para o exagero, o desnecessário. Porque às vezes queremos fazer piadas para divertir, mas passam dos limites. Porém, felizmente, não foi o seu caso! Eu gostei da leveza do seu texto e senti que há uma aproximação com o leitor por estar contando uma história. Não adquire algumas pontas da estrela, mas acho que não era realmente a intenção do texto. Parabéns!
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