Quando caminhei só pela primeira vez, me vi de frente a uma escolha. Direita ou esquerda. Virei à direita.
Meu pai havia dito que o caminho pela esquerda era mais longo e perigoso. Perguntei o que havia de tão perigoso. A resposta que recebi não foi nem um pouco satisfatória: o pai dele falava o mesmo para ele, e o avô dele falava o mesmo para meu avô e assim seguia. Nenhum deles havia se atrevido a passar pelo outro caminho e nenhum sabia o que realmente existia por lá.
Então, contra a minha vontade, virei à direita, e me perdi. Não era minha intenção parar naquele lugar com casas bonitas e famílias aparentemente felizes vivendo suas rotinas basicamente idênticas, exatamente como a minha. Conheci pessoas, nenhuma realmente disposta a me ajudar, a não ser que eu tivesse algo a oferecer, exatamente como eu conhecia. Eu queria mais, queria conhecer outra realidade, uma onde existisse uma perspectiva de futuro diferente da vida robotizada que estávamos vivendo, todos com um só objetivo.
Parei numa esquina e pensei que talvez pudesse achar o que estava procurando se tivesse feito o outro caminho, mesmo que esse fosse mais longo e difícil. Nesse breve momento de reflexão, resolvi que não era tarde demais para me arriscar. Dei meia volta, virei à esquerda e me encontrei.
Peter Parker
Apesar de bem simples, achei bastante objetivo e claro! O texto foi perene, rompeu o lead, exerceu o espírito cívico e apresentou apuração e observação =) Parabéns, Peter.
ResponderExcluirBem interessante! Achei uma boa metáfora pra uma situação bem real, que muitos vivem. Concordo que é bem perene, ampliou a visão da realidade e os recursos jornalísticos e abordou a cidadania.
ResponderExcluirMesmo sendo simples, o texto descreve bem a direita e nos faz deduzir que a esquerda seja o oposto. Você exerceu a cidadania e foi perene. Parabéns!
ResponderExcluirMesmo sendo simples, o texto descreve bem a direita e nos faz deduzir que a esquerda seja o oposto. Você exerceu a cidadania e foi perene. Parabéns!
ResponderExcluirGostei bastante. Creio que essa é a realidade de muita gente, que segue os pensamentos e ideologias dos pais sem nem refletir, criticar ou problematizar, apenas segue, pois tem medo do diferente, do estranho, do não padronizado. Mas gostei da forma que, no final, o personagem ignora o impedimento/imposição da realidade e busca o seu prazer. Quanto às pontas da estrela, acredito que seu texto exerceu cidadania, rompeu o LEAD e apresentou visão ampla da realidade. Parabéns.
ResponderExcluirTão curtinho, tão simples, mas adorei! A aparência de felicidade e as vidas idênticas são críticas tão profundas, mas que foram colocadas de uma maneira leve. Consegui enxergar uma relação com o aspecto psicológico de Freud, onde a frustração de obedecer ao pai se manifesta de um jeito tão forte que leva o personagem a voltar atrás.
ResponderExcluirPude notar em seu texto uma certa aversão à direita robotizada, ou seja, uma espécie de ''trauma''. Além disso, o texto exerce sua cidadania e rompe com as correntes do lead.
ResponderExcluirMinha crítica, no entanto, baseia-se na escolha da metáfora. A bifurcação de caminhos para falar de política já é um tanto quanto batida. Ficaria feliz em ver um pouco mais de originalidade da próxima vez, Peter.