domingo, 5 de junho de 2016

A grande chance

Querida amiga, gostaria de falar tudo que vem acontecendo na minha vida, mas o que se passa a minha volta no momento é mais interessante. Já havia lhe dito que teria uma grande festa a fantasia na cidade para arrecadação de dinheiro para o asilo, no entanto os eventos posteriores a essa festa que podem lhe agradar. Não sei se se lembra da história que contei sobre minha família e sobre a família Monteiro, ambas são envolvidas em questões políticas mas não se entendem de maneira alguma. As brigas que já presenciei foram mais que horríveis, e a intolerância continua presente ainda nos dias atuais, apesar de já durar anos, uma lástima. Porém, foi o que presenciei que pode ter alguma chance de modificar essa situação. 
Ana C., minha prima, e Artur Monteiro estavam em um clima mais íntimo do que o recomendado a nossas famílias. Tentei alertá-los, no entanto eles não me deram ouvidos. O casal impossível decidiu que se gosta de verdade e que vai enfrentá-los! Estou assustada com as consequências que isso pode tomar, mas espero que seja isso que ambas precisavam para quem sabe aprenderem a aceitar os pensamentos e posicionamentos umas das outras. Talvez seja disso que se precisava para a cidade melhorar e para que assim a prefeitura saia finalmente desse impasse que vive a anos, devido a essa disputa ridícula que inventaram. Quem sabe, seja graças a um romance entre seus familiares que possa haver algum tipo de concordância entre as partes, diga-me por favor sua opinião.
Ana me falou que mesmo não concordando com Artur, o respeita e ele o mesmo faz. Que apesar do exemplo que tem em casa, querem ser diferentes disso e buscar um caminho que não seja necessariamente o de divergências em assuntos tão pessoais como esse, e que possam sempre lembrar que o bem dos cidadãos da cidade que precisa ser levado em consideração. Achei bonito que mesmo tão jovens pensem assim, que já possuam dentro de si o conhecimento da palavra respeito. Eles tiveram a ideia de contactar os jovens da região para que se juntassem e formassem um tipo de organização que pudesse mostrar a todos como o respeito e a tolerância seriam bons auxiliadores na busca por um mundo melhor, achei genial. 
Gostaria de saber como a política funciona onde você mora, diga-me por favor que existe a possibilidade de se viver em um lugar respeitoso e igualitário para com todos, que não são divergências políticas que regem todos nesse mundo. Espero veementemente que sua resposta seja esperançosa e que Ana e Artur consigam melhorar a vida de todos por aqui, simplesmente por se amarem. Espero que em breve eu possa dizer que aqui é um lugar mais justo e pacífico e que esquerda e direita não mais se enfrentem, e sim conversem e construam juntos um futuro melhor. 

Melissa C.

3 comentários:

  1. Gostei muito desse texto, mostra muito bem a situação que estamos vivendo e o que já havia comentado no ultimo texto, já está todo mundo mega cansado dessa bipolarização que te obriga a apoiar um lado e odiar o outro. Espero que as próximas gerações não entendam seu texto por não estarem mais vivendo uma situação dessa, mas ele é um texto que exerce a cidadania.

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  2. Gostei bastante. Há toda uma crítica por trás dessa carta e retrata muito bem o cenário atual do nosso país, de bipolaridade acompanhada por intolerância. Nota-se que é depositada a esperança de uma cidade melhor (país, trazendo para a realidade) nos jovens. Que buscariam ser diferentes dos pais intolerantes, procurando sempre o respeito com o outro. Com isso, é extremamente claro o exercício de cidadania e espírito cívico no seu texto, além de romper as corrente do LEAD e apresentar visão ampla da realidade. Parabéns.

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  3. Gostei que você optou pelo estilo da carta. Como Frida disse, extremamente interessante essa esperança de melhora depositada em cima dos jovens - bem condizente com a realidade. Você evitou os definidores primários, ultrapassou os acontecimentos do cotidiano, exerceu plenamente a cidadania e também garantiu perenidade.

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