Quando eu entrei no ensino médio, conheci um mundo conferido aos adultos. E ainda sem entender muito bem, me colocaram num ponto com dois caminhos e me disseram que eu precisava escolher um para poder configurar a visão de mundo que eu teria em breve. Na sucinta descrição, entendi que um lado tinha gente má que só pensava em si mesma, e no outro, um pessoal que era oposição e lutava pela igualdade. Era basicamente como escolher entre céu e inferno. Qualquer pessoa meramente inteligente faria a escolha certa.
Em seguida, estudei uma revolução que me explicou a origem dessa tão aparente divisão. Era qualquer coisa relacionada a uma pirâmide, dois terços para um lado, um terço para o outro. Ok, talvez a proporção não seja bem essa, nunca fui boa em matemática mesmo. O fato é que tinha um cara lá que eles chamavam de rei, e duas patotinhas se juntavam pra puxar o saco dele. Eles se achavam, e não gostavam de se misturar com a outra galera, então sentavam do lado direito do cara com a coroa. Para os outros sobrava o esquerdo, o que, pensando bem, nessa era dos documentos em word, não vai demorar pra essa tarefa de diferenciar os lados ser uma missão impossível. Talvez já seja.
A questão é que, a partir daí, comecei a tentar entender esse mundo. Sabia que os ditos conservadores, que preservam a moral e os bons costumes estabelecidos por concepções tradicionais e religiosas, e acham o liberalismo maneiro era de direita. Esse sistema gera uma opressãozinha, mas se organizar direitinho ninguém percebe. Eles são exclusivamente cristãos, mas descartam aquela passagem que o líder deles disse para "amar o seu próximo como a ti mesmo", visto que eles só se amam mesmo. Já a esquerda é justamente o povo oprimido, que acha que o Estado tem sim que intervir na economia, querem desconstruir a base da sociedade (segura que tá desmoronando) com todas as suas tradições e paradigmas, e pregam a solidariedade sem precisar justificar com o cristianismo.
Simples? Também achei. Mas eu moro na terra do pau-brasil. Aqui essa divisão nem sempre faz sentido. Aqui, as pessoas que governam precisam adquirir características de animais. Precisam ser raposas, águias, cobras... Aqui oprimido apoia opressor, aqui a esquerda admiti proposta de direita pra não ter que sair da cidade planejada. Isto porque, em um lugar onde a História não é estudada, a ignorância é propagada, as contradições não são percebidas e poucos são privilegiados.
Entretanto, a verdade é que esses dois lados são muito singulares para definir esse mundo. O nome desse mundo é política, e ele é uma armadilha.
Maleficent000
"Esse sistema gera uma opressãozinha, mas se organizar direitinho ninguém percebe" "em um lugar onde a História não é estudada, a ignorância é propagada". Eu adorei essas frases! O seu texto é muito bom e no decorrer dele você usou frases e referências muito boas. Percebi, mais uma vez, o rompimento com os preceitos básicos do cotidiano e acredito que a complexidade e profundidade do assunto gere perenidade. Parabéns!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirGostei do tom de certo modo informal do texto. É sempre bom amenizar na linguagem quando o assunto a ser discutido é espinhoso.
ResponderExcluirQuanto à estrela, percebi que o texto se encaixa em muitas, se não todas as pontas. Bom trabalho, Maleficent!
Achei o seu texto incrível. Tá de parabéns por escrever de uma forma tão próxima do leitor, e você desenvolveu sua linha de pensamento de uma forma organizada que acho que até gente que não entende direito "direita vs. esquerda" aprenderia algumas (valiosas) coisas com a sua crônica. Acho que o que a Simone falou é verdade, seu texto tem todas as pontas. Tem a observação jornalística, rompe com o lead e com o cotidiano, evita o senso comum, tem perenidade, ampla visão da realidade e o mais importante (na minha opinião): tem a cidadania em foco.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá amiga Meleficent! "Mas eu moro na terra do pau-brasil. Aqui essa divisão nem sempre faz sentido. Aqui, as pessoas que governam precisam adquirir características de animais. Precisam ser raposas, águias, cobras... " Quanta criatividade, parabéns! Como nossa colega Cora disse, você escreveu de uma forma que aproximou o leitor. E na minha opinião (posso estar equivocada), seu texto contém todas as pontas, parabéns!!
ResponderExcluirBeijos perfumados de sua querida Maria Antonieta
Muuuito bom! Adorei mesmo! E pela primeira vez consegui ler o texto e o que me chamou mais atenção foi realmente uma ponta das estrelas : a visão ampla da realidade! Você conseguiu superar o senso comum e isso é incrível! Além disso, rompeu o lead, exerceu o caráter cívico, foi perene e teve uma apuração jornalística. Parabéns, muito bem feito.
ResponderExcluirConcordo com a rainha consorte de França e Navarra, também na minha opinião seu texto contém todas as pontas: rompeu com o lead, se preocupou com os recursos jornalísticos, ultrapassou os limites do cotidiano, potencializou os recursos jornalísticos, eu vejo cidadania e foi perene. Parabéns pelo texto, foi um dos que eu mais gostei.
ResponderExcluirVascoPaulo14
Muito bom! Os recursos de intimidade, além da forma criativa de abordar o assunto, permitem uma leitura mais acessível, alcançável e próxima ao entendimento comum. Percebo perenidade, rompimento com o lead e com os limites do acontecimento, visão ampla da realidade e espírito cívico, por meio de uma visão preocupada e crítica sobre a realidade. Parabéns pela proposta!
ResponderExcluirExcelente texto! Adorei as metáforas, as comparações e principalmente a linguagem informal e próxima. Creio que seja muito difícil falar dessa forma, sem tornar o texto infantil, e você conseguiu! Concordo com os outros comentários de que seu texto rompeu com todas as estrelas - na minha humilde opinião. É extremamente real, mesmo com as metáforas, e um verdadeiro "tapa na cara" para muitos.
ResponderExcluirOlá Maleficent! Adorei o seu texto, me identifiquei bastante com os seus pensamentos e indagações em relação à essa política do Brasil. Ao meu ver o seu texto garantiu todas as pontas da estrela! Parabéns!
ResponderExcluirMônica do Legião
Primeiramente, Parabéns pelo excelente texto ! A forma como você escreveu aproxima quem tá lento, principalmente o público jovem. O jeito com que você abordou esquerda e direita foi legal e mostrou que você é boa(ou bom) de história. Algumas frases citadas nos outroa comentários eu também gostei bastante e na minha opinião você alcançou as 7 pontas, parabéns mais uma vez.
ResponderExcluirPrimeiramente, Parabéns pelo excelente texto ! A forma como você escreveu aproxima quem tá lento, principalmente o público jovem. O jeito com que você abordou esquerda e direita foi legal e mostrou que você é boa(ou bom) de história. Algumas frases citadas nos outroa comentários eu também gostei bastante e na minha opinião você alcançou as 7 pontas, parabéns mais uma vez.
ResponderExcluirGostei do uso da linguagem informal que aproxima o leitor e torna o entendimento mais fácil. Gostei mais ainda do desfecho, concluindo muito bem o texto e a proposta do título. Quanto às pontas da estrela, creio que evitou definidores primários, rompeu o LEAD, ultrapassou os limites do cotidiano, pontencializou recursos jornalísticos, é perene, contextualizou assim oferencendo uma visão ampla da realidade e exerceu cidadania. Enfim, todas rsrs. Parabéns.
ResponderExcluir