domingo, 5 de junho de 2016

O poema do AR


Me perguntaram do nada 

"Você é de direita ou esquerda"

E sem hesitar,

"Desculpa, não sou capaz de opinar"

 

"Como?"

O homem veio me questionar

"Menina, você precisa se posicionar"

 

Depois desse diálogo

Muita coisa mudou 

Precisava me decidir logo

Porque moda isso virou

 

Fui então ao Meia hora pesquisar

Precisava de fontes 

Mas o Globo não podia comprar

 

Admito que foi difícil de achar

Prioridade para politica nesse jornal, não há 

Mas por 50 centavos 

Não posso reclamar

 

E depois tanto ler

Vi que há uma certa dominação 

Vi que há uma certa restrição de informação

 

Mas não devo me prolongar 

A questão é direita ou esquerda

E como consegui me posicionar

Espero só não ser julgada

 

 

Nem direita nem esquerda

Os extremos não vão proporcionar 

Um lugar bom para morar 

 

Quero mesmo o meio termo

A liberdade  e varias formas de amar

Não preciso escolher um lado 

Para poder lutar 

 

 

 Helena Machado

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

5 comentários:

  1. Achei legal que você tenha colocado alguns elementos bem comuns a nós (como o jornal meia hora, e o seu preço), porque isso aproximou o poema mais do leitor, sabe (pelo menos eu me senti assim rs) Eu acho que tem exercício da cidadania, rompe com o lead e com a atualidade porque essa questão de "escolher lados" é algo que existe há um bom tempo.

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  2. Adorei a poesia, o ritmo me fez lembrar uma cantiga medieval mas ao mesmo tempo o tem nos traz para realidade. Como já falei em outros textos sobre a questão de sermos obrigados a nos posicionar sobre o assunto, isso é um inferno. Foi perene, mostrou uma visão ampla dos fatos e exerceu a cidadania.

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  3. Concordo com a Cora, esses elementos, como o Meia Hora, nos aproximam de você. Mas também não deixou de ter perenidade, exercitar a cidadania, romper com o lead e ter uma visão ampla da realidade.

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  4. Eu gostei da poesia. É simples, sonora e atual. Achei que não veria poesias nesse tema porque achei que não seria fácil de fazer, porém você mostrou que não devemos ter tanto medo de poesia assim. Quanto à estrela, vejo o exercício da cidadania, rompimento com o lead, garantiu a perenidade e proporcionou ampla visão da realidade, também ultrapassando os limites do cotidiano. Parabéns!

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  5. Gostei bastante. Infelizmente essa é a nossa realidade, que praticamente nos impõe a nos posicionarmos e não dá voz a quem "não tem um lado". Mas que coisa chata! Percebi recursos que permitem aproximação do leitor, como a menção do jornal Meia Hora e, quanto às pontas da estrela, acredito que apresenta visão ampla da realidade, exercício de cidadania e ultrapassa os limites do cotidiano. Parabéns.

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