sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Já era tarde, 11 da noite e me preparava para pegar o trem. Naquele dia foram apenas 3
paradas até a minha volta. Dei boa noite aos meus pais e lhes disse que nos viríamos de
manhã. Enfim, de barriga cheia e os dentes escovados, me direcionei ao meu quarto à
espera do trem, que as vezes demorava um pouco por conta de meus estresses pré prova,
problemas no trabalho, jogos que viriam a ter no dia seguinte ou pelo fato de meu pai
anunciar que a próxima janta seria feita por ele.
Desliguei a luz e o trem já chegara, logo embarquei. Ao me sentar não demorou muito e
já obtive companhia. O sujeito, que me soava familiar, sentou-se e me cumprimentou.
Se nomeava por Júnior, disse que estava a caminho de Paris, vindo da Rússia. Lhe
avisei que seu destino era na próxima estação, ele agradeceu e me perguntou se o trem
dava muito tranco, confessei que um pouco, mas nada muito forte. Na parada houve o
impulso e o sujeito caiu pra fora do vagão. Ao me virar apenas olhei para outro sujeito,
o qual deu um leve sorriso ao dizer – famoso “cai cai”. – Então segui para a próxima
estação.
Partindo de Paris, o vagão encheu e logo me apareceu mais uma colega de viagem. Essa
era bem falante e com uma mente muito viajada. Falou que era professora da uff e que
lhe parecia familiar. Me fiz de maluco e disse que nem faculdade fazia – uma leve
mentira para não criar assunto - já virando o rosto para janela a fim de não ser
reconhecido pela ruiva de voz grossa, apesar de me parecer uma pessoa de excelente
prosa. A viagem continuou e a professora se dirigiu para a saída do trem na estação da
Disney, e por lá seguiu.
Permaneci em meu assento e mantive meu caminho. Creio parecer uma pessoa de
aparência muito amigável, pois assim que a dona ruiva desceu, já com o vagão meio
vazio, vinha mais alguém passando pelo meu ombro esquerdo em direção ao assento
vizinho. Virei sutilmente para vê-lo. Confesso que quando o fiz, não me veio outro
pensamento ou atitude que não fosse um leve murro em sua face. Não houve jeito,
avancei no homem sem pensar novamente. Só me recordo de um soco em sua testa, um
pontapé na região abdominal e múltiplos gritos de “FORA TEMER” saindo de minhas
cordas vocais antes que me encaminhassem para fora do trem. Repentinamente já estava
em meu quarto com, minha mãe pedindo para levantar pro café e meu pai chamando
para sala, que os jogo das 11 da manhã já ia começar. Houve ainda minha irmã, que me
perguntou se eu tinha sonhado bem, lhe afirmei com a cabeça que sim, porém que
queria apenas aqueles famosos “mais 10 minutos” dentro do trem.

Almirante Uff

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