sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Você Sabe Quem

A sociedade, mais uma vez, se dividiu. O clima de repente se tornou mais denso,
como quando uma tempestade começa a se formar e faz os pelos do nosso braço
arrepiarem com a ligeira tensão, que, nesses casos, é apenas momentânea. Em rodas de
conversa, política é um assunto delicado, muitas vezes evitado. Agora, ainda mais. A
iminência de eleição daquele que nem dizemos o nome assusta quem preza por um bem-
estar social. Sim, chegamos ao ponto de nos apropriar de termos fantasiosos, referências ao
mundo bruxo de Você Sabe Quem. Dizem por aí que se falarmos seu nome três vezes,
aparecem seus comensais da morte gritando “mito”.
Existem aqueles que não deixam esses fatores influenciarem suas relações, mal
percebendo que já influenciaram. Ou será que não notaram que já não discutem política de
maneira sadia? Que não apresentam diferentes grupos de amigos uns aos outros porque em
um deles há aquele que simpatiza com certos ideais daquele que não deve ser nomeado,
acreditando cega e ingenuamente que ele é a solução de que o país tanto necessita? Muitos
devotos se dizem corajosos e insistem em dizer “Ele sim!”, enquanto outros aconselham
até perder a voz “Ele não!”. No almoço de família a intolerância é o prato principal. A
discórdia virou regra, quando jovens tentam, a todo custo, ensinar quem devia estar
ensinando.
Amizades foram desfeitas, insultos foram despejados. Torçamos para que cada fiel
ao Lorde das Trevas perca a coragem e mude de ideia no final das contas. Afinal,
convenhamos, coragem e estupidez sempre foram separadas por uma linha muito tênue e,
ao que me parece, esses comensais nem sabem que ela existe.

Edmundo Pevensie

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