conseguir dormir de novo. Esses dias que antecedem a eleição têm consumido a minha saúde
mental. Não estou exagerando. Eu não consigo mais fingir que não estou preocupada. Estou
ansiosa. Com medo. O buraco é mais embaixo e o problema é muito maior do que a gente
imagina. O medo que senti nas eleições de 2014 é nada perto do fascismo. É nada perto de
um Golpe.
Às vezes eu sinto que tudo está caindo sobre as nossas cabeças. A intervenção federal, a
vereadora assassinada, os crimes de LGBTfobia, os feminicídios, as cinzas do museu, o
homem negro que a polícia matou porque “confundiu” o guarda-chuva com um fuzil. O que
vem à seguir? Eu tenho muito medo da resposta. Os textos que leio nas redes sociais, as
matérias tendenciosas, as informações distorcidas. Eu não consigo entender. Como chegamos
a esse nível?
O medo está tentando me consumir. Eu temo por mim, pela minha família, pelos meus
amigos, por você, leitor. Nós estamos refém do medo. O mesmo medo que criou o bozo como
o salvador da pátria no imaginário das pessoas, está tentando me desmobilizar. Eu cheguei ao
ponto de ficar gritando da janela da minha sala contra os buzineiros pró-bozonaro. Fascistas.
Eu quase senti ódio. Me segurei. Lembrei do que aprendi esses dias: o ódio cega, mas a raiva
nos move.
As pessoas estão cogitando o voto útil porque estão com medo. Nós estamos pensando em
votar no candidato que tem mais chance de ganhar o segundo turno, do que votar no que
realmente acreditamos. Isso é bizarro. Ora, então rasguemos o nosso título de eleitor porque
se não for para votar por convicção, qual o sentido de votar? Eleição não é só sobre ganhar e
sim exercer a democracia. Mas nós não vivemos em uma plena democracia desde 2016 e eu
não julgo ninguém porque eu também não sei como sair desse labirinto. Como eu disse antes:
eu tenho medo. Medo porque o futuro está bem aí e não dá mais para adiar. Medo porque
estamos a um passo do retrocesso. Eu só sei que independente de quem for eleito, o
enfrentamento será necessário. Nós não podemos mais sentir medo e ficar isentos de opiniões
e de ações.
Regina Phalange
pois é! como sairemos desse labirinto de sofrimento????
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