É estranho pensar que em tempos tão difíceis, de tantas adversidades político-sociais e problemas cotidianos causados pela rotina cruel a qual somos expostos, ainda é possível sofrer por algo “aparentemente simples”, mas que não controlamos, não moldamos e nem sempre escolhemos. Apenas sentimos e tentamos fazer daquilo um combustível para saúde da mente e da alma, ainda que possa doer bastante no coração... como diria um excelente grupo de pagode dos anos 80/90, uma dor que se chama amor.
E foi assim, tomando conta do meu ser, que esse sentimento me maltratava em cada momento que eu pensava naquela menina guerreira da turma, moradora de Caxias, que todos os dias enfrentava uma série de dificuldades de ordem natural e social para conseguir ir às aulas e completar com êxito seu ensino médio. Por mais que essa fosse uma realidade semelhante a minha, sabia que nem se comparava aos infortúnios diários de sua rotina.
Ela me contava que, entre todos os percalços, a chuva era o pior deles... pois o local no qual ainda reside sofre constantemente com enchentes e deslizamentos de terra, algo ainda muito comum (infelizmente) em várias áreas do estado do Rio e do país. Tive sorte de ter uma boa relação de amizade com ela, mas que nunca evoluiu para as camadas mais sensíveis do coração... entre outros motivos, por conta da “bendita” chuva que a impedia de sair de casa.
Me lembro como se fosse hoje na ocasião em que iríamos ao museu, mas São Pedro (que me perdoe por citá-lo) não permitiu... e assim o tempo se passou, o ensino médio acabou e para minha cansativa rotina o seu brilho nunca mais emanou. A chuva ainda atrapalha a vida dela e de seus familiares (e de tantos outros), mas cada pingo que toca o solo representa uma sensação dolorosamente nostálgica para mim, uma chuva ingrata que nunca para e alivia a minha dor... dor de quem ama, a bela menina Luana.
Ipojucan
Uma crônica poética e que verdadeiramente relaciona uma dor pessoal a problemas sociais. Parabéns!
ResponderExcluirAs melhores palavras sempre saem do coração, né kkk... muito obrigado, querida Emma!
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