quinta-feira, 12 de setembro de 2019

O problema das eleições do ano passado

As eleições de 2018 me fizeram aprender muitas coisas, e acho que a principal delas foi a ver as pessoas de uma forma diferente. Antes desse conturbado período, eu não julgava tanto os outros pela sua opinião política , ou então pelo seu desinteresse neste assunto, mas depois de entender que política é muito mais do que simplesmente escolher o seu candidato de quatro em quatro anos eu comecei a dar mais importância sobre essa parte das pessoas. Bom, quando eu me dei conta de que me importava muito com a postura dos outros em relação aos assuntos que estavam sempre em discussão no ano passado eu comecei a reparar nas pessoas que estavam mais próximas de mim. Minha mãe e meu pai me davam orgulho, e estavam acompanhando tudo e escolhendo o melhor candidato na opinião deles, mas de cara já excluindo um, o que me tranquilizou bastante já que eu tava praticamente fazendo uma campanha contra ele. Já os meu amigos, em sua maioria, também estavam engajados e a gente acabava conversando o tempo todo sobre isso, o que me fazia muito feliz por que realmente eu só queria falar sobre esse assunto e discutir sobre toda essa loucura que o Brasil estava passando. Mas foi ai que aconteceu o problema. Quer dizer, o final das eleições,com seu desfecho trágico foi o maior problema, mas teve um outro que também me impactou. Minha namorada, aquela menina que eu tinha me apaixonado tanto tanto e tanto antes disso tudo, parecia não ligar muito sobre aquele furacão de coisas que estavam acontecendo. Cada dia que passava, eu reparava mais e parecia inacreditável que ela simplesmente não ligasse. Quando alguém perguntava o que ela achava ela só falava que concordava comigo, e ela se esforçava para isso. Seguiu o candidato que eu gostava no Instagram e ficava mostrando fotos dele, para realmente parecer interessada. Mas do que adiantava tudo isso se no final ela falava que não ligava e que achava bobo eu discutir tanto sobre isso. Como eu ia lidar com isso? Eu tinha acabado de entender a importância disso. Ela não entendia essa importância ou talvez ela entendesse e simplesmente não ligasse. Eu gostava tanto dela. Mas por isso e por muitos outros motivos a gente não deu certo. Talvez as eleições tenham ajudado nisso. E agora nesse ano, a gente se encontrou na rua e conversamos um pouco sobre nossa vida atual, separados. Eu brinquei sobre esse assunto com ela, falei sobre aquele candidato que ela disse que gostava quando a gente tava junto e ela fez uma careta, disse que não gostava e que na verdade nunca tinha gostado do tal político. Tive certeza de que a gente não deu certo nesse momento. Quer dizer, a gente até deu, mas não conseguimos sobreviver a essas eleições. Acho que muitos não conseguiram, mas não pelo mesmo motivo. O mundo nos impacta o tempo todo, e a gente só entende isso quando o impacto acontece aqui, perto da gente, na nossa realidade.

Aurélia Sen

Um comentário:

  1. Meu tio é bolsonarista. De aniversário ele me comprou um livro do Che Guevara. Na cabeça dele eu era um esquerdista doido, mas não deixou de me amar e comprar esse presente. Nunca li, tenho vontade nenhuma mas o presente me mostrou que o amor é algo que você dá gostando ou nao das escolhas de outra pessoa. O principal é amar. Militei contra biroliro tambem mas eu mudei meu ponto de vista sobre como entender a política depois desse ato do meu tio.

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