UM POVO SEM MEMÓRIA É UM POVO SEM FUTURO
Naquela segunda-feira acordei mais feliz, era um dia incomum, o dia que toda criança mais espera na vida escolar, perdendo apenas para as férias, aquele dia que você senta ao lado do seu melhor amigo, numa ação já pré-combinada muito antes, ou então tomar coragem e convidar aquele(a) colega para um flerte além da troca de olhares do dia a dia. Cantava, brincava, viajava pelas janelas, desbravando um novo mundo que existia fora dos muros do colégio.
Chegava naquele lugar e me encantava, era quase um parque de diversões, com dinossauros, múmias, bichos exóticos, eu e meus amigos pirávamos. Os desenhos e filmes que passavam na televisão estavam ali diante dos nossos olhos, com uma realidade que nem o aparelho mais tecnológico consegue atingir, o mundo egípcio principalmente. Lembro de me encantar com as peças do antigo Egito, assustar e ser assustado pelas histórias da múmias que lá descansavam, ficar fascinado pelos mais diversos bichos que eram expostos e desconfiar se estavam realmente sem vida ou se iriam subir pelos meus braços a qualquer momento. Depois de um belo lanche, era hora de voltar pra casa, um momento tão difícil que o estudante que habita em mim hoje nunca vai conseguir entender.
Infelizmente, já não estamos mais naquele dia, na verdade nem segunda-feira é. Hoje é quarta-feira e tudo virou cinza, mas não é carnaval, pelo contrário, a alegria deu lugar ao medo, o amor deu lugar ao ódio, e aquele nostálgico lugar que me cedeu os mais diversos conhecimentos sobre o passado do Brasil e do mundo, já não está mais aqui para contar sua versão dos fatos.
O saudoso museu era apenas nacional, mas trazia uma bagagem histórica gigantesca, foi adormecido por um descaso temeroso com a educação no país. Mesmo assim pareceu não servir de exemplo, e hoje em dia até esquecido, já que cada vez menos o governo vem colocando a mão no bolso para incentivar a pesquisa e fortalecer a educação pública como essas áreas merecem, como a população do país merece, conhecer o seu passado e moldar seu futuro, tendo nos museus, uma ferramentas para isso.
Entretanto, se tratando do atual governo, que flerta todo dia com o autoritarismo e o amor por torturadores, ao utilizar a palavra "moldar", é melhor já ir se preocupando e torcendo por dias melhores, por uma nova segunda-feira.
Brócolis Verde
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ResponderExcluirSua crônica seguiu um caminho interessante, ao relembrar o trágico incêndio que destruiu parte do Museu Nacional e ligar o assunto ao momento político atual. De certa forma, você a ajuda a construir parte da memória que defende no título. Só diria para você tomar mais cuidado com a coerência das frases e pontuação, como no caso: "aquele dia que você senta ao lado do seu amigo(...)ou então TOMAR coragem e CONVIDAR." Ou no caso de: "...museu era apenas nacional, mas(...), foi adormecido por um descaso." [Você poderia colocar um ponto final antes do "foi adormecido".] E sugiro também explorar um pouco mais cenas da memória, deixar o ambiente mais "visível" para o leitor. Apesar do meu longo comentário, gostei de ler sua crônica, e como já disse, dos caminhos traçados por ela. ;)
ResponderExcluirVocê construiu muito bem a narrativa da sua crônica. Fez um paralelo muito interessante com a sua visão do Museu e a importância dele para a sociedade. A escolha do título foi ótima e resume bem o assunto tratado no texto.
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