Meu 2018
Foi em meio à histeria de lados opostos
querendo vez para gritar no microfone da verdade, que tive meu ano mais
sombrio. Em 2018, peguei-me escrevendo no meu diário sobre depressão e deixar
de existir. Aquele ano parecia rasgar cada fio tecido cuidadosamente para me
sustentar sob minhas inseguranças e medos, mesmo que fossem irracionais.
Cada professor do
ensino médio parecia me estapear a face com as palavras “a vida não espera”, e
em cada esquina se revelava mais uma pessoa confiante em mostrar o quão
cobertos de ódio eram seus pensamentos. Assim, a cada dia, a esperança parecia
deixar meu coração. Minha alma se enchia de angustia à medida que os dias
difíceis chegavam, um ano de duas escolhas importantíssimas, uma para definir o
futuro da nação e outra para rumar minha vida. Uma delas não era só
responsabilidade minha, mas a outra caiu sobre minhas costas com um peso que
nem a água fria do banho no fim do dia carregava pelo ralo.
A decepção comigo mesma pairava no ar que eu
respirava como cinzas sobrevoando o ambiente após o incêndio. Mas não havia
fogo dentro de mim, só um pesar, que se externalizava como podia e sempre que
eu fraquejava em impedir. Por vezes na volta para casa eu sentia os pensamentos
se misturarem e os óculos embaçarem com as lágrimas invisíveis que são
despejadas no transporte público.
As coisas só
pioraram com a proximidade daqueles dois dias de novembro, ainda mais depois de
outubro. A falta de ar já não era só interna e restrita ao meu eu, ela também
alcançou meu corpo, e o medo se tornou um companheiro soturno e onipresente.
Mesmo assim meu 2018
foi silencioso e estampado com diversos sorrisos que secretamente significavam
uma oração à um Deus que fosse misericordioso e capaz de mais uma vez permitir
que o amor e a luz encontrassem seu caminho de volta. E como sempre fui, apesar
de tudo, uma pessoa de fé, minha última lagrima de 2018 foi uma reza por tempos
melhores e propícios para tecer novos fios.
Margo Blue
absurda essa pressão que colocam na gente. ótimo tema.
ResponderExcluirTambém já passei por isso, Blue... foram dias, semanas e meses bem difíceis mesmo. Parabéns pelo texto!
ResponderExcluir