quinta-feira, 12 de setembro de 2019


Papai! Olha que lindo, papai!
Grita a criança entusiasmada e de olhos brilhantes, entregando uma flor ao seu possível melhor amigo, na praça por onde passo.
Será que um dia já fui essa criança? Não me lembro.
E olha que tenho uma memória boa, trago lembranças de quando tinha dois anos de idade, porém nenhuma que remeta à alguma sensação de companheirismo com o dito ser meu “pai”.
Digo entre aspas porque de fato, não me lembro do dia em que ele se comportou como tal. Mas tenho consciência de que essa “amnésia” não é um problema pessoal, mas um problema social bem mais presente na minha comunidade do que eu imagino.
Quando presencio um relacionamento paterno fraternal, não deixo de admirar, porque percebo que a paternidade é bem mais que poucos mimos ou tentativas falhas de garantir a subsistência do próprio filho. É apego, é confiança, é transmitir sabedoria e principalmente: é apoio incondicional.
Espero sempre que nós, antigas crianças sem entusiasmo ante a figura paterna, possamos reconhecer que possuímos valor. Não estamos fadados ao abandono, não somos insuficientes e quem não soube valorizar o nosso desenvolvimento até aqui, é quem verdadeiramente perdeu muito.

Emma

2 comentários:

  1. Você começou seu texto de um modo muito descritivo. Você apresentou o ambiente tao bem que até eu me imaginei na Praça vendo aquela situaçao. Achei isso espetacular. Voce escreve muito bem, de verdade. Quanto a situação paternal, infelizmente tem pessoas que não conseguem ver um pote de ouro logo abaixo do seu nariz, não desista disso, você tem um jeito muito bonito de cativar com a escrita. Te desejo o melhor

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