quinta-feira, 12 de setembro de 2019

 O ano era 2016, eu ainda estava no segundo ano do ensino médio e, durante uma aula de espanhol, a professora nos pergunta o que gostaríamos de fazer depois que nos formarmos no colégio. A resposta da maioria foi, provavelmente, a mais óbvia: faculdade. Porém, uma menina que havia entrado na nossa turma naquele ano, deu uma resposta diferente, um pouco mais “radical”. Ao iniciar seu discurso, começou com uma frase que me marcou bastante: “Eu odeio o Brasil” e, depois disso, começou a listar motivos pelos quais queria ir embora do país depois de formada.
  Durante muito tempo, concordei em parte com esse discurso e sempre tive o sonho de morar fora. Aliás, ainda o tenho. Não que eu odeie o Brasil, muito pelo contrário, sinto que nasci no país certo e na cidade pela qual me encanto cada dia mais, o Rio de Janeiro. Contudo, apesar de idolatrar esse lugar, sinto que não é possível viver aqui a vida que eu gostaria. A violência, a criminalidade e a cultura do medo, imposta por diversos veículos de comunicação, assombra os cariocas cada dia mais e nos restrigem a certas localidades e horários.
   Fazer um passeio cultural pelo centro da cidade, por exemplo, só se for durante o dia e, “melhor ainda”, se for pelos caminhos onde os policiais do Centro Presente estão por perto. Curtir uma noite de boemia pelos bares famosos da zona sul, só é possível até determinado horário, pois a volta pra casa nem sempre é garantida. Andar vestido com a camisa do seu time de coração ou até mesmo da seleção brasileira pelas ruas do Rio de Janeiro, virou motivo de agressões e insultos. Os transportes públicos completamente sucateados e com tarifas altíssimas, impedem uma circulação confortável pela cidade. 
  Infelizmente, esse é o panorama geral da minha cidade natal que eu idolatro tanto. Portanto, não posso julgar o discurso daquela aluna nova, que hoje em dia é uma das minhas melhores amigas, pois ela realmente tinha motivos para odiar o Brasil. Os mesmos motivos que mantém o meu sonho de morar em outro país ainda vivo. Porém o sonho de viver plenamente na minha cidade é ainda maior e ainda espero realizá-lo acima de tudo.
Shrek Fiona

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