sexta-feira, 27 de setembro de 2019

 Essa crônica é sobre um cara. Um cara que para muitos, ainda é um menino, mesmo já estando no auge dos seus 27 anos. Um cara que poderia ser O cara. Mas que por escolhas e comportamentos imaturos, é só mais um cara. Um cara genial, incontestável no que faz, top 3 do mundo, mas que quando encerra seus shows, se deslumbra com todo o status precocemente alcançado. Muitos que o admiram, torcem por uma volta por cima. Outros, por outro lado, já estão de saco cheio e até torcem para o seu fracasso.  
  Um moleque magrelo, com um cabelo horroroso e um talento fora de série. Ainda antes de completar 20 anos, conquistou tudo o que tinha direito, encantando a todos por onde passava e arrancando aplausos até de quem torcia contra. Mesmo assim, muitos já diziam que não vingaria. “Estamos criando um monstro”, disse um de seus oponentes após um episódio onde esse cara desrespeitou seu comandante. A essa altura, a fama de imaturo e irresponsável já o assombrava e o tornava uma figura controversa. Passou.
  De fato, criamos um monstro. Um “monstro” no bom sentido da palavra, um cara diferenciado, um cara com estilo único, um cara que aos 25 anos já havia realizado o sonho de 99% dos meninos brasileiros. Após alguns traumas e muitos julgamentos esse cara chegou lá. Ao lado de ídolos e superando ídolos do passado, esse cara se mostrava sendo O cara. Intocável.
  Porém, perdeu-se no meio do caminho. A caminhada para se tornar O cara, que estava se desenhando facilmente, ficou mais longa e mais difícil quando ele decidiu sair da rota e tentar o caminho “mais fácil” sozinho. Apesar de continuar incontestável no que se propunha a fazer, sua vida,nos bastidores dos shows, acabou com todo o encanto. Após alguns escândalos, burrices e infantilidades, a má fama voltou à tona. Atualmente, esse cara está tentando se reerguer, sua estrela está manchada. Porém, seu talento incontestável ainda existe. Quem sabe ele ainda não será O cara? Aguardemos.
Shrek Fiona

4 comentários:

  1. Adorei a forma com que você fez uso do artigo em maiúsculo para se referir a ele. Torçamos para que O cara volte a ser O cara e jogue o futebol que todos sabemos que ele pode jogar!

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  2. Gostei do seu jogo perspicaz para descrever "o cara", que ao mesmo tempo não entrega imediatamente quem ele é, mas nos permite descobrir sem muita dificuldade.

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  3. É ótimo o desencadeamento da sua narrativa. Não nos dá a referência logo de cara, mas ao mesmo tempo quando percebemos de quem se trata todo o texto se conecta e faz sentido.

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  4. O texto é muito bacana, de uma maneira geral... seja pela excelente descrição do personagem (Neymar), pela utilização do vocábulo "cara" de forma inteligente e pela referência à famosa frase de Renê Simões sobre a "criação do monstro".

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