sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Esquadrão de Ouro 

É incrível como no Brasil a ideia da mistura está presente das mais variadas formas, seja pelo conceito de miscigenação ou de diversidade, sendo uma característica imprescindível e importante que nos marca de forma categórica como uma nação de tudo e de todos. Entretanto, parando pra pensar bem na realidade atual (2019), há uma maneira de mistura que irrita, incomoda e até chateia algumas pessoas... que é a “mistura de conceitos” (contextos, pautas... chame do que quiser, leitor) no simples ato de utilizar uma camisa, ou melhor, um manto sagrado que, infelizmente, virou sinônimo da má interpretação do nosso patriotismo esportivo.
Quem diria que a Amarelinha, de tanto orgulho até os dias de hoje (fora os 7x1), que brilhou em 1970 com o nosso esquadrão de ouro comandado por ninguém menos que Rei Pelé, poderia ser motivo de discórdia e ódio por posições políticas adversas hoje em dia. Usar uma camisa da Seleção Brasileira na rua virou sinônimo de militância política... e antipopular, o que é ainda pior. Apesar do governo atual cometer diversas atitudes fétidas “dia sim, dia também” (quase isso né, presida?), temos que prezar pela liberdade de expressão de todos... e nesse contexto, dos que torcem pelo sucesso da única seleção pentacampeã do mundo.
Então peço, encarecidamente, que você, amiga leitora ou amigo leitor, pense duas vezes antes de chamar o torcedor brasileiro de "bolsominion", burro ou qualquer outra coisa do tipo... ainda que ele seja. Certa vez, alguém bastante astuto disse que “não se julga um livro pela capa” ... acredito que possamos tomar isso como verdade antes de qualquer pré-conceito ou pré-julgamento. Acima de tudo, devemos ter respeito... por quem usa vermelho, verde-amarelo ou qualquer outra cor que, pra àquele que usa, tem uma luz e uma certa magia que lhe agrada. Que a Amarelinha seja sempre o orgulho do país do futebol, apenas isso, um patrimônio de seus torcedores apaixonados e que consideram como “mito” apenas o zagueiro Dedé, se é que vocês me entendem.
Ipojucan

10 comentários:

  1. Olá Ipojucan, entendo seu apelo e seu ponto de vista. No entanto, hoje em dia, a blusa da seleção é usada por muitos que torcem a favor do governo e não do futebol. Nesse cenário, torna-se impossível não associar uma coisa a outra se os próprios bolsominions se reconhecem e se exoressam assim. Acho que seria mais válido e eficiente fazer um apelo para que eles parem de representar seu nacionalismo e apoio ao governo com a camisa da seleção brasileira de futebol, que não tem nada a ver com qualquer partido político e, só assim, as associações não seriam mais feitas por nós.. O que acha?

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    1. Super concordo! Uma das estratégias de uma governo fascista é associar símbolos populares e nacionalistas à ideologia que está sendo implantada/uma figura (no caso, o Bolsonaro). A bandeira é um desses símbolos que foram ressignificados estrategicamente, por isso acredito que não seja tão simples pedir para romper com isso, porque não fomos nós (oposição) que associamos DO NADA, houve um trabalho pra que essa associação fosse feita imediatamente só de olhar as cores verde e amarelo.

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    2. Acho perspicaz da sua parte, Quadrado.

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  2. Gostei bastante do seu texto, mas como foi dito anteriormente, será complicado desconstruir rapidamente essa ressignificação dos símbolos nacionais...

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  3. No início cheguei a pensar que seria uma redação do ENEM, mas você foi desconstruindo isso com o operador de intimidade e usando frases do cotidiano como: "não se julga um livro pela capa". Esses fatores fazem com que o leitor sinta-se confortável ao ler o texto. Proporcionando a reflexão e o convencimento da sua ideia proposta.

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    1. Que bacana poder saber que você se sentiu confortável ao ler o meu texto, Cook... te agradeço pelo excelente comentário!

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  4. Acho que esse tipo de coisa é muito difícil de controlar.... Como a Emma já falou a ressignificação desses símbolos tende a fazer o caminho contrário...

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    1. Entendo, Sushi... de qualquer forma, obrigado por aparecer por aqui.

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