sexta-feira, 13 de setembro de 2019

No olhar de uma criança 
      Um dia desses, eu era uma criança.,pensava como uma criança, corria como uma criança. Agora que sou adulto, o que mais sei fazer da vida, é não me aproximar daquele estado inocente.
        Naquela época, meus pais e eu morávamos em uma vila, apesar de todos os problemas de nosso espaço social: fome nas ruas, roubos, e a arrogância dos mais abastados., em fim, eu nunca percebia. Foi nesse contexto que soube o que era a Morte, é o nome de uma falta de estado para quem perdeu a vida e para quem tem ela e ama o que perdeu .Derrepente, dentro da minha bolha, descobri a dor.
        No ano de 1972, mamãe comprou-me um cachorro, do qual sempre andava comigo. Peludo era de estatura mediana,com pelos fartos e preto. Ah!Como eu amavam aquele cachorro. Nós corríamos pela casa , visto que minha mãe não me deixava brincar sozinho na rua. Essa preocupação tinha um motivo, haviam relatos na vizinhança sobre o desaparecimento de crianças – diziam que eram sequestradas e seus órgãos vendidos no mercado negro. Mamãe, com um filho de nove anos, ficava aterrorizada.
      Foi aí que algo trágico aconteceu, meu cachorrinho morreu de infartoem decorrência dos fogos de final de ano. Quando ocorreu, meus pais e eu estávamos na casa de vovó. Minha bolha estourou ao chegar em casa, chorei,chore e chorei até cair no sono. 
         A morte é tão comum para um adulto, mas para uma criança não. Caro leitor,vou te dizer como é para uma criança:- é perder o alcance ilimitado da imaginação , é crescer sem ser adulto. Sei lá, a dona Morte passou a existir e não tinha forma nem fala, só passou a existir e tirou o meu melhor amigo de mim. Eu odiei a morte, tinha medo que ela vinhece até mim e meus pais, acabando com todos que eu amava. Comecei a fazer xixi na cama, e chorava toda vez que estava sozinho. Nesse contexto, minha mãe engravidou de minha irmã, assim passei a ver a vida, ela era a minha.
        Escrevo-te leitor, porque minha irmã morreu mês passado e entendi que a morte é incompreendida em todas as idades. Eu a amava tanto,que meu coração é pura dor ,como naquela época, o que muda é administração do sofrimento dentro de mim.
  Levi Silva

2 comentários:

  1. ''...é o nome de uma falta de estado para quem perdeu a vida e para quem tem ela e ama o que perdeu.'' Criação muito interessante por contemplar o sentido dela para quem vai e para quem fica... A morte... Sempre tão difícil de compreendê-la... ''Eu odiei a morte, tinha medo que ela vinhece até mim e meus pais, acabando com todos que eu amava.'' Acho que compartilhamos, de certa forma, da mesma angústia... Eu, você e muitos outros, provavelmente.

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  2. Seu texto apresenta alguns erros de ortográficos, mas que não comprometeram a mensagem que você quis transmitir. Você conseguiu expor sua dor muito bem e colocar em palavras um sentimento tão difícil de definir. Ótimo texto!

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