Sentindo-se Inteira
“Jornalismo? Tem certeza? Conheço tanto jornalista desempregado.”
“Mas você vai estudar pra fazer o que qualquer um hoje pode fazer?”
“Seu olho brilha quando você fala do jornalismo!”
“Você escreve e fala tão bem, daria uma ótima jornalista.”
Essas frases apresentam ideias bem diferentes, mas têm uma coisa em comum, elas foram ditas para a mesma pessoa. Essa pessoa era uma garota comunicativa, que sempre gostou de ler e escrever e até já tinha pensado na possibilidade de cursar jornalismo, mas ela não tinha decidido ainda sua futura profissão.
No 3° ano do ensino médio, além de toda a pressão de estudar para conseguir um bom resultado no Enem, ela precisava decidir qual curso escolheria. Foi nesse momento que aquelas frases foram ditas para ela e a confundiram muito. Se por um lado o desejo de cursar jornalismo começava a ficar mais forte, do outro, cresciam o medo e a insegurança de escolher um caminho que muitos consideravam duvidoso.
Pensando dessa forma, ela tentou focar e seguir em outro curso que parecesse mais "seguro", mas ela percebeu que não conseguia se encaixar, não conseguia se dedicar inteiramente e se jogar de cabeça nesse meio. Acho que foi nesse momento que seu coração falou mais alto e ela escolheu o caminho que acreditava que tinha nascido para seguir, o jornalismo.
Talvez as duas primeiras frases estejam certas. O mercado jornalístico contemporâneo está passando por um momento bem delicado. É fato que o número crescente de fake news, a não exigência de um diploma para esse exercer essa profissão, segundo a lei, e o alto índice de desemprego fazem com que a imagem do jornalista perca credibilidade e as informações se desvalorizem.
Era totalmente importante que ela tivesse noção do cenário em que se encontra o jornalismo no Brasil. Porém, antes de se inteirar sobre a situação do mercado, ela precisava se compreender melhor. Conhecendo-se melhor, a garota percebeu que se as duas primeiras frases parecessem fazer sentido, as duas últimas, com certeza, estavam certas.
Hoje, ela está cursando jornalismo e sente que está no lugar certo. Pode ser que esse lugar não seja certo daqui a 1, 2 ou 4 anos. Enfim, não dá para saber. Ela só sabe que escolheu estar lá e está lá inteira.
Alice Gold
O drama de escolher um curso, ou a profissão que você pretende seguir pode ser um desafio para várias pessoas, realmente. Assim sua crônica expõe uma questão pessoal, na qual muitos podem se identificar. O problema, ao meu ver, é que você não explorou muitos caminhos para além do óbvio. Começou bem, se utilizando de falas e comentários que são frequentes nessa situação, mas faltou elementos que prendessem o leitor, ou o deixassem mais interessado por sua narrativa. Numa próxima vez, tente repensar algumas frases, escrever de uma forma menos automática. Um recurso é fazer analogias, por exemplo. Você poderia comparar sua indecisão na escolha do curso como João e Maria perdidos na floresta. Afinal, tanto você quanto os personagens não sabem qual rumo seguir. As ferramentas são apenas sua intuição e migalhas de pão. Entendeu!? Falar aquilo que você pensou de um jeitinho que só você falaria. Não precisa ser analogia, como exemplifiquei, mas pense nisso para sua próxima escrita! Escrever de uma forma menos automática. ;)
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