sexta-feira, 29 de setembro de 2017

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Eu quero ser menos óbvia, mas não posso.
Quando se trata de você, me vem alguns arrependimentos, algo que eu não queria sentir, e talvez nem devesse sentir, contudo é mais forte que eu. 
Não quero entrar em muitos detalhes sobre você, mas vou falar sobre mim, meus sentimentos. 
A verdade é que apesar de todas as suas burradas, eu te admirava, admirava sua força e garra em relação a tudo, algo que eu nunca tive, pois me considero fraca. Não sei lidar com meus problemas, e isso é bem ruim. Quando me deparo com alguma dificuldade, finjo estabilidade por fora, mas por dentro eu desfaleço. É errado, eu sei, e eu me cobro muito por isso, até porque não sou nenhuma criança, e por esse motivo tenho a obrigação de ser forte. Mas não sou! E você, completamente ao contrário de mim, sempre foi forte, sempre lidou com tudo a sua maneira, e se saia bem nisso. 
Seus olhos castanhos me passavam determinação, eu tentava procurar um resquício de medo, mas em você não tinha essa de sentir medo, você enfrentava e ponto!
Me lembro bem do seu cabelo repicado, sua risada engraçada, e sua voz. A voz que não vai sair da minha cabeça. 
Queria ter passado mais tempo com você, queria ter ouvido mais suas histórias, ter rido contigo, ter conversado bobeiras. Mas o tempo não volta, não é mesmo? 
Esse maldito tempo que passa depressa, e quando você se dá conta, perdeu a oportunidade, ela passou enquanto você se preocupava com outras coisas. 
Mas quem diria que a vida ia nos colocar em caminhos tão opostos. Quantas surpresas a vida nos reserva. Eu não acreditava nisso, mas agora estou vivendo esse momento. 
Me preocupei com tudo, e me esqueci do que era importante. Não estou me fazendo de vítima, na verdade eu quero me cobrar. Quero deitar minha cabeça no travesseiro e pensar no tempo que eu gastei longe de você. Na época eu achava que estava fazendo o certo, até porque eu estava vivendo minha vida, como você queria que eu fizesse. Mas eu passei tanto tempo longe de você, que pensei que você nem existia mais!
Mentira minha... você esteve sempre alí, eu criei essa história de que você não importava tanto, porque isso fazia eu me sentir melhor. 
Olha aí outra mentira... Isso me desmoronava, mas eu achava que não podia fazer nada, até porque você estava vivendo sua vida e parecia bem feliz. 
Você parecia realizada, e se você estava bem, eu devia deixar as coisas como estavam. Talvez esse foi o meu pior erro, eu devia ter ido até você, tentado mais uma vez uma aproximação, mas parecia impossível naquele momento. 
Erro meu? Talvez sim. 
Agora chega... já me culpei demais. No fundo eu sei que não mereço me culpar tanto, porque não dependia só de mim, mas parece que é da minha natureza ser fraca mediante dificuldades, aliás é a segunda vez que falo isso aqui. Não, eu não gosto de sofrer, mas infelizmente essa parte da minha vida vai ter um eterno buraco. A falta que eu sinto dos momentos que nunca tivemos, vai me corroer pra sempre. Alguns dizem que com o tempo, isso passa, ou que eu vou ficar completamente curada. 
A verdade é que eu não acredito nessa cura por completo, mas sei que um dia eu vou lembrar de você, e não vou sentir tanta dor.
E no fim eu cheguei a conclusão de que me arrependo sim, me arrependo de não ter dito tantas coisas a você enquanto havia tempo. Coisas que precisavam ser ditas enquanto ainda tinha você por perto. Mas agora já é tarde. 
Eu sei que nunca vou preencher esse buraco que você deixou, mas como eu já disse, vou aprendendo a conviver. Até porque, a vida continua, chorando ou sorrindo, minha história precisa continuar a ser escrita.
Termino minha crônica com uma citação do meu querido William Shakespeare: "Aconteça o que acontecer, o tempo e as horas sempre chegam ao fim, mesmo do dia mais duro dentre todos os dias."
 
Bilbo Bolseiro

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