sexta-feira, 22 de setembro de 2017

  Eu esperava no carro, tinha combinado de sair com alguns amigos, mas acabei trocando de programa. G me chamou para ir na sua casa e eu prontamente aceitei. Tínhamos uma espécie de relacionamento, era novo, mas eu já estava apaixonada, ele me tinha enroscada em seus dedos.
     Ao chegar lá, fomos para a cozinha e ele me ofereceu uma cerveja, que eu aceitei, mas ele não bebeu, fiquei sozinha nessa. Nós sentamos no balcão e começamos a conversar, eu agia como boba, o encarava fixamente enquanto ele falava, admirava seus cabelos grisalhos e sua fala mansa. A sua maturidade de quem já estava na casa dos 40 me atraia, mas ao mesmo tempo ele tinha uma certa juventude com a qual eu conseguia me identificar. 
     Então veio minha desilusão. Uma mulher entrou na cozinha e passou direto por nós, mal notou a minha presença no local. Percebi que era sua esposa e me senti como uma idiota, não fazia ideia de que era casado. A decepção de ter sido enganada se misturou  com uma certa insegurança, ela era muito bonita e eu sentia que não podia competir com uma pessoa que já estava tão enraizada na vida dele. "Você nunca será a esposa", alguém me disse num tom julgador. 
     O cenário mudou. Era de noite e eu estava em casa, havia uma certa agitação na rua, todos os vizinhos estavam do lado de fora, observando alguma coisa. Curiosa, sai e perguntei a um deles o que estava acontecendo e ele me explicou que um grupo de assassinos, quase como um culto, havia escolhido uma família para matar e todos estavam lá para observar a perseguição. Meu coração bateu mais forte, era a família do G, sua casa havia sido marcada para morrer. 
     Sem pensar muito, peguei uma estaca de madeira e corri pela vizinhança, não foi difícil encontrá-lo, ele e os dois filhos haviam sido encurralados na rua por três membros da tal seita, a morte já era certa. O que aconteceu em seguida só seria possível mesmo no contexto de sonho de tão absurdo, mas eu sozinha consegui salvar os três. Cravei a estaca no pescoço de um assassino e sem perder tempo fiz o mesmo com o outro, o terceiro fugiu, mas não sem antes jogar uma bomba de gás na nossa direção, que eu joguei para longe num chute. 
     Depois tudo ficou escuro. Talvez eu tenha ido atrás do terceiro membro e achado o templo do culto. Talvez o líder dessa seita fosse a própria esposa do G, que não estava junto da família na hora da perseguição. Talvez eu só tivesse salvado todos para que depois pudesse me vingar de ter sido enganada pelo amor da minha vida, matando ele e toda a sua família. Talvez no fim eles tenham apenas me agradecido e seguido com suas vidas, enquanto eu tentaria fazer o mesmo. Mas do fim eu nunca saberei, porque acordei logo depois.

Lana Banana

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