Ao chegar lá, fomos para a cozinha e ele me ofereceu uma cerveja,
que eu aceitei, mas ele não bebeu, fiquei sozinha nessa. Nós sentamos no
balcão e começamos a conversar, eu agia como boba, o encarava fixamente
enquanto ele falava, admirava seus cabelos grisalhos e sua fala mansa. A
sua maturidade de quem já estava na casa dos 40 me atraia, mas ao mesmo
tempo ele tinha uma certa juventude com a qual eu conseguia me
identificar.
Então veio minha desilusão. Uma mulher
entrou na cozinha e passou direto por nós, mal notou a minha presença no
local. Percebi que era sua esposa e me senti como uma idiota, não fazia
ideia de que era casado. A decepção de ter sido enganada se misturou
com uma certa insegurança, ela era muito bonita e eu sentia que não
podia competir com uma pessoa que já estava tão enraizada na vida dele.
"Você nunca será a esposa", alguém me disse num tom julgador.
O cenário mudou. Era de noite e eu estava em casa, havia uma certa
agitação na rua, todos os vizinhos estavam do lado de fora, observando
alguma coisa. Curiosa, sai e perguntei a um deles o que estava
acontecendo e ele me explicou que um grupo de assassinos, quase como um
culto, havia escolhido uma família para matar e todos estavam lá para
observar a perseguição. Meu coração bateu mais forte, era a família do
G, sua casa havia sido marcada para morrer.
Sem pensar
muito, peguei uma estaca de madeira e corri pela vizinhança, não foi
difícil encontrá-lo, ele e os dois filhos haviam sido encurralados na
rua por três membros da tal seita, a morte já era certa. O que aconteceu
em seguida só seria possível mesmo no contexto de sonho de tão absurdo,
mas eu sozinha consegui salvar os três. Cravei a estaca no pescoço de
um assassino e sem perder tempo fiz o mesmo com o outro, o terceiro
fugiu, mas não sem antes jogar uma bomba de gás na nossa direção, que eu
joguei para longe num chute.
Depois tudo ficou escuro.
Talvez eu tenha ido atrás do terceiro membro e achado o templo do culto.
Talvez o líder dessa seita fosse a própria esposa do G, que não estava
junto da família na hora da perseguição. Talvez eu só tivesse salvado
todos para que depois pudesse me vingar de ter sido enganada pelo amor
da minha vida, matando ele e toda a sua família. Talvez no fim eles
tenham apenas me agradecido e seguido com suas vidas, enquanto eu
tentaria fazer o mesmo. Mas do fim eu nunca saberei, porque acordei logo
depois.
Lana Banana
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