Um susto familiar

Tenho um tio, batizado de Wilson, chamado de Wilsinho, com o qual sempre tive uma conecção muito forte, ele é como um irmão mais velho para mim e meus irmãos. Fomos criados juntos por nossos pais e nós dois temos apenas 8 anos de diferença de idade. Esse tio é famoso na família inteira por suas histórias de terror, mas essas histórias são leves, engraçadas e ao mesmo tempo assustadoras para uma crianças, por isso eram contadas apenas a elas. Era bem divertido na verdade, ainda lembro de suas sessões de terror com carinho, e ele cotinua a fazer isso com minhas primas mais novas até hoje, é o metódo que ele encontrou de nos divertir, entreter e até aquetar.

Certa noite, entre os meus 10 anos de idade, tive um sonho que não esqueceria nunca mais. Nesse sonho, eu e uma prima iámos para uma hotel de férias, um clima super agradável e divertido. Brincávamos na piscina, no playground, spa e sala de jogos do hotel, depois fomos para o quarto buscar algo, foi quando, de repente, o clima do sonho mudou. O ar estava pesado e macabro, até a claridade diminuiu. Em cima da cama, havia um bilhete, nele estava escrito algo como: “Me ajude. Vocês precisam encontrar as 4 pedras para me salvar. Rápido, antes que o tempo acabe. Assinado: Wilsinho.”. Olhamos uma para a outra, confusas e sem saber o que fazer. Então a porta do quarto abre sozinha, rangendo, como aquelas cenas de filme de terror que deixa claro que a situação não é boa. Saímos pelo corredor escuro e logo surge uma figura estranha e negra como um dementador – aqueles do Harry Potter – e mandar o seguirmos. Como toda boa história de terror, seguimos em direção ao perigo, até porque queriamos salvar nosso tio e não sabiamos por onde começar. A partir daí não lembro bem a cronologia, nem muito bem o que aconteceu no sonho, sei que encontramos vários outros fantasmas, cada um com uma aparecia bem diferente, que continuavam nos dizendo que estavam com nosso tio e que deveriamos ser rápidas. Eles pareciam debochar de nós também, o viámos fazendo piadas e rindo o tempo todo. Iniciavamos uma caça pelas pedras, enquanto eramos surpreendidas por aparições com seus avisos a todo tempo, e obtinhamos êxito, achamos 3 delas, eram coloridas, cada uma de uma cor diferente, e brilhantes como pedras preciosas, cabiam de forma perfeita em nossas mãos. Faltava apenas uma pedra e o tempo estava acabando, a angústia aumentava pois já haviamos olhado em todos os lugares e não a encontravamos, nem a pedra ou meu tio. Então, o tempo acabou. Os fantasmas nos cervam e debochavam, rindo e dizendo que perdemos e agora nosso tio era deles. Nesse momento minha prima olha de baixo da cama, e lá está a pedra, brilhante e rosa, o tempo todo. Corremos para a parte externa do hotel, na esperança de ainda poder salvar nosso tio. Mas ele estava. Porém não do jeito que esperavamos. Ele estava sentado nas escadinhas da entrada do hotel com os outros fantasmas em volta e rindo! Todos eles, rindo e conversando juntos! Corremos até ele e, então, vimos que eles estava com a roupa de um dos fantasmas mas era seu rosto. Logo percebemos: ele era um dos fantasmas disfarçado, havia tirado apenas a máscara naquele momento, pois o jogo tinha acabado. Ele era amigo dos fantasmas - realmente eram fantasmas - e era tudo uma pegadinha planejada por ele! Aliás, ele era o fantasma chefe o tempo todo, o mais assustador. Acabou que ficamos tão felizes por ele estar bem que rimos em vez de sentir raiva da situação de desespero que ele nos colocou. A primeira coisa que fiz quando acordei foi contar para a família inteira, incluisve para ele, o mentor do sonho/pesadelo.

Todas as vezes ele anunciava quando iria contar uma história, todas as crianças ficavam animadas, era um misto de euforia e aflição compartilhado por nós, nos sentávamos no sofá enquanto ele esperava todos chegarem e apagava as luzes, esse era o momento de maior tensão, começávamos a gritar e rir antes mesmo dele iniciar sua história de sempre sobre o Joãozinho e nos dar alguns sustos no processo. Parece que o liguei aos sustos que levara e intensifiquei suas histórias no meu sonho. E ele sempre foi assim, desde seus 8 anos até hoje, com seus 30. E nós amamos.

Marie Brown