Decidi então ir mais fundo e resgatar um
sonho não tão recente. Um daqueles que deixa qualquer um desnorteado. Daqueles
que sempre voltam à memória para desconsertar. Pois é, sonhei com ele. E ele
estava comigo. E eu sentia tudo como se fosse real. Sentia a angústia e a
calmaria que ele me proporcionava. Sentia o seu toque e o seu coração batendo
aqui perto de mim. Por alguns momentos, eu vi a verdade em seus discursos. A
tal sinceridade apareceu, finalmente. O tal papo do “mas eu não te prometi nada”
ficou de lado por algumas horas, que alívio. Como eu queria que pudéssemos nos
olhar como nos olhamos ali. Vivemos grandes momentos naquela fantasia
proporcionada pelo meu cérebro. Foi tudo ótimo até eu abrir os olhos. E foi
péssimo. Nunca me senti tão devastada em acordar. Posso dizer, com franqueza,
que foi uma dor semelhante a uma mãe perdendo seu filho. Eu juro, não é nenhum exagero.
Ouvi o ponteiro dos segundos no relógio e caí na real. Foi duro. Tive que
seguir.
Essa lembrança me fez refletir sobre o
quão nossos sonhos podem ser uma salvação ou uma prisão. Toda a nossa
intensidade como ser humano se vê refletida ali, em um curto prazo de tempo.
Nossos maiores desejos e temores se tornando uma falsa realidade. Mesmo com a
dor de sentir a máscara caindo ao acordar, a gente quer viver toda a ilusão
novamente, porque esse é o indivíduo. Gostamos de nos equilibrar em precipícios
e de repetir os erros. Queremos paz e tormenta. Tudo bem ser esse grande
paradoxo. Eu já me aceitei assim e você?
Lady Murphy
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