Você
foi embora. Você foi embora e eu segui. No início a estrada era difícil. Eu,
por muitas vezes, machuquei os meus pés na terra áspera e amarga do chão;
tropecei em pedras e caí, esfolando minha pele; às vezes o Sol castigava demais
sobre a minha cabeça, me deixando ofegante e sem forças; outras vezes chovia tão
grosso ao ponto de fazer doer o meu corpo. Mas um dia as nuvens saíram e eu
respirei sem você pela primeira vez.
As
semanas passaram e, enquanto as pessoas dizem que eu pareço estar melhorando
desde que você se foi, eu não me sinto assim. No fundo, eu te desejo ao meu
lado, e desejo que nós nunca tivéssemos dito o que dissemos da forma que
fizemos. Por muitas vezes nos julgamos sermos tão fortes juntos, mas
descobrimos que nosso elo era extremamente frágil ao passo que, no primeiro
vento mais forte, ele se rompeu. Isso me faz questionar até onde nós sabemos
reconhecer o amor. Um amor que te cansa, te assola e te quebra em vários
pedaços de si próprio, é um amor? E se ele não é, por que nós ainda o queremos?
Você
foi embora e, ainda que não deva, eu continuo te procurando em todos os cantos
de mim: na mensagem do meu celular, na água do meu chuveiro, na cor dos meus
lençóis ou nos sorrisos do meu rosto. Eu entro no meu quarto e tento segurar
com os dedos o restante de presença que você deixou nele. Eu te guardo e
retorno ao passado, me questionando se, por acaso, você poderia ser o meu
futuro outra vez. Porque você foi embora. Você foi embora e eu segui. Então por
que você ainda está aqui?
Hermes, o mensageiro
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