É difícil ter asas e não conseguir voar. Ainda me lembro da
dor no peito que sentia quando tentava correr, tentava fugir, tentava voar.
Nada funcionava na gaiola. As vezes ela vinha e me alimentava, se estivesse de
bom humor até carinhos eu ganhava, não existe nada melhor que ser amado. Mas
ela ia embora, me enchia de amores e voltava para sua vida normal. Já eu,
continuava na gaiola preso, esperando ela voltar.
Me revoltei de tamanho descaso, peguei minha água, meu
alpiste, catei cada migalha e decidi ir embora. Fui em direção a porta e vi que
a gaiola estava aberta. Esse tempo todo sofri preso dentro de uma gaiola
aberta. Fiquei parado tentando imaginar qual era a explicação para ela deixar a
gaiola aberta. Eu não vou a lugar nenhum, talvez ela saiba que sempre que precisar
estarei aqui pronto para recebe-la e depois vê-la partir.
Vinte e três dias, sete horas e três minutos, ela não vai
voltar. Continuo preso nessa gaiola aberta esperando que um dia ela perceba que
a amo, talvez ela saiba e não volte por isso, tem tantas outras gaiolas cheias
de amores por ai. É difícil ter asas e não conseguir voar. Ainda me lembro da
dor no peito que sentia quando tentava correr, tentava fugir, tentava voar.
Sophie Milk
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