Parei pra pensar nos erros do passado. Já
dizia aquela música do Revelação: “todo mundo erra sempre, todo mundo vai
errar”. Tantos erros bobos cometidos, erros daqueles de principiante. É,
acontece. O bom é que tudo isso me serviu como experiência. Olhando por esse
lado, fico até feliz por ter adquirido esses “anticorpos”. Porém percebi que o
outro lado da moeda incomoda e dói mais: o lado do “não erro”. Esse “não erro”
é tudo aquilo que eu deixei de fazer, e que me arrependo a cada vez lembro.
Oportunidades que perdi para o medo; momentos desperdiçados pela insegurança;
beijos perdidos para a ansiedade. Tudo isso me consome. Tudo isso aparece de
repente para martelar minha cabeça antes de dormir. “Burra, burra, burra”,
repito pra mim em voz alta. Eu deveria ter dito pra minha tia o quanto ela
faria falta, mas não disse. Eu deveria ter aproveitado melhor meu último ano de
escola, mas falhei. Eu deveria ter me permitido ser eu mesma, mas não me
permiti. Não me permitia, até ontem.
Finalmente estou me encontrando. Já
consigo me olhar no espelho e me enxergar. Aquele medo que não me deixava ter
nada se transformou em uma coragem que me faz ter tudo. Mas eu ainda erro,
graças a Deus. E se eu erro é porque eu venci a minha maior antiga inimiga: eu
mesma.
Lady Murphy
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