sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Contadora de histórias

Eu sempre a achei belíssima nesse filme, embora a intenção fosse achá-la o oposto. Singela, Barbra Streisand definia talento em Funny Girl. Lembro de assistir, e assistir, e assistir de novo e de novo, tantas vezes que perdi a conta, aquele musical que terminava comigo em lágrimas. Ela, como tantas outras, é inspiração de um desejo calado que carrego comigo desde que me lembro. Poder viver tantas outras vidas, estimular sentimentos e pensamentos de outros, isso sim me traria a mais plena felicidade, ou pelo menos a sensação de dever cumprido. Mas esse mundo não é meu.
No sossego da noite, fecho os olhos e me imagino ali, num cenário falso qualquer com lentes enormes ao meu redor. O som da claquete fechando pela quarta vez pois o diretor não estava satisfeito com os "takes" anteriores. Fecho os olhos e estou ali, naquelas roupas que nunca comprei, debaixo de uma chuva de mentira expressando faces que não pertencem a mim. E eu queria mesmo era ficar por ali, com os olhos fechados, onde tudo daria certo e os pesadelos da realidade não me alcançariam. Talvez se me sobrasse coragem, talvez se a vida fosse como eu queria... Talvez. E é nessa palavra que se silencia um sonho.

Emma Woodhouse

Nenhum comentário:

Postar um comentário