sexta-feira, 22 de setembro de 2017

E foi num sonho...


O dia estava lindo. A viagem estava maravilhosa. Eu, minha tia, minha irmã e mais uma mulher que não me lembro, estávamos em uma pousada em algum lugar, em não sei aonde (mais que adoraria saber para talvez um dia reencontrar). Pássaros, árvore, uma ponte, muita luz (que luz!). Já não sabia de onde emanava tanta luz, até que vi um sorriso. Disso me lembro. Descobri, então, de onde vinha toda aquela vida. Caminhei até aquele ser que me encarava com olhos brilhante e apaixonados. Eu sabia, de súbito, que era o meu amor. Cabelos loiros, alto, olhos de jabuticaba, e um sorriso que irradiava por dentro de mim. Demos as mãos, nos beijamos, nos abraçamos e me encontrei ali naqueles braços. Nos reconhecíamos a cada toque. Minha alma se conectou com a daquele homem naquele instante. Nossos gestos se conversavam de maneira tão íntima que poderia descrever cada passo a seguir. E eu sabia, naquele instante, que almas gêmeas existiam. Foi uma tarde maravilhosa. Durou o que? Segundos? Minutos? Horas? Contudo, não foi o suficiente para matar minha vontade do meu amor. Eu escutei um trem, um barulho de um trem, ou algo parecido com isso. Porém, tudo parecia tão distante. Só importava a nossa bolha, e o restante, era só o resto. Até disso sinto falta. Isso é meio clichê, mas clichês só são clichês porque são verdades. E do nada, tudo sumiu. Ele sumiu. Ele estava distante. Ele já não estava mais lá. Aliás, quem era ele? Não tive um rosto, tive ali pedaços do meu coração. Agora que se foram como eu ainda estava lá? Viva? Volta, volta, volta, volta... Uma luz... Um lugar... Uma festa, talvez? Estava eu perdida, no meio de tanta gente, e ao mesmo tempo tão sozinha...Senti aquele arrepiar na minha espinha, meu coração bater mais forte e eu nem precisava ter um rosto para saber quem era. Eu sabia que meus lindos cabelos loiros estavam ali. Me reencontrei de novo naquela noite. Me achei. Me refiz. Naquele momento eu estava completa novamente e faria de tudo para me manter assim por um bom tempo. Porém, acordei! Acordei? Por favor! Diz que não, diz que não, por favor, só me diga que não. Parecia tudo tão real que eu não sabia dizer se eram realmente lembranças ou apenas um sonho. Naquele dia eu chorei copiosamente. Chorei de soluçar, de sair o ar dos pulmões e de arder a garganta tentando respirar. Chorei, porque pensei que tudo aquilo era real. Chorei, porque queria que tudo fosse real. Chorei, porque quando finalmente me senti completa, era por alguém que talvez nem existisse. Chorei, porque tentei dormir de novo e voltar para um abraço que era meu lar. Em uma outra dimensão, talvez. Até hoje, choro se parar para lembrar. Vivo procurando por um rosto que não tem nome e nem formato, mas que tem um sorriso que me fez ser eu, mesmo que por alguns minutos. Procuro por alguém que nem sei se existe, mas que espero encontrar. Tem alguns sonhos que marcam nossa vida de tal maneira que se torna agoniante. Muitas das vezes não sabemos em que lugar estávamos nos sonhos ou com quem estávamos. Mesmo depois de muito tempo, esses sonhos tão reais voltam para nos assombrar e deixar aquele gostinho de algo que provavelmente não vamos ter. E depois de tudo, de todos os sonhos, e toda essa realidade maçante, fugi tanto de amores e compromissos reais, que acabei me apaixonando por um sonho (e que sonho!)


Capitu Fiel 

Um comentário:

  1. Essa história é tão verídica que a cada loiro na rua já acho que é o do meu sonho.

    ResponderExcluir