sexta-feira, 15 de setembro de 2017


Nos conhecemos pela primeira vez quando tínhamos 12 anos. Foi uma cumplicidade quase que instantânea, como se  todo o universo tivesse se movido para que estivéssemos ali, naquele exato momento, juntos. Costumávamos trocar lanches no recreio porque o meu biscoito de morango era o preferido dele. Tínhamos combinado um aperto de mãos que só nós sabíamos como era e por diversas vezes tive que sair de sala porque eu ria de piadas sem graça que ele fazia no meio da explicação de biologia.
Aos 17, ele começou a namorar. Uma menina ótima, inclusive. Sempre me tratou com respeito. Ela parecia fazê-lo muito feliz e o conhecia bem. Sabia que seu time de futebol era o Fluminense e também que sua matéria da escola favorita era Física, por isso ele decidira ser Engenheiro. Ela sabia que sua sobremesa favorita era bolo de cenoura,  que a cor que mais gostava era o azul e costumava sorrir enquanto prestava atenção nas histórias de infância que ele contava.
Independente disso, percebi que ela não sabia que ele só comia o bolo de cenoura se estivesse gelado e com cobertura de brigadeiro, nunca com calda de chocolate. Ela não sabia que o tom de azul que ele mais gostava era o que puxava pro ciano, como o mar. Ela não viu como ele chorou na final da libertadores de 2008. Ela até podia prestar atenção nas histórias dele, mas não fazia ideia de que as duas cicatrizes que ele possui no queixo são devido a uma vez que ele pulou o meu muro de casa pra me ver escondido de madrugada. Hoje, aos 25, fui chamado para ser padrinho do casamento do meu primeiro amor e o meu maior desejo é poder confessar isso pra ele. 

Skeeter

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