A convivência foi ficando mais difícil. Querer que sua amiga seja feliz, mas desejar o motivo da sua felicidade, era um paradoxo que me matava todos os dias. Me entreguei. Que monstro me tornei? Porém, era mais forte do que eu. Fui "catapultada" pelo amor, pisoteada pelos meus desejos, amarrada por aqueles lindos olhos verdes. Era tudo as escondidas, eu sabia que era um erro assim que comecei. Me permiti errar todas as vezes, eu queria errar, meu corpo pedia por cada erro. Era eu pensando pelo menos uma vez em mim mesma. Porém, da mesma forma que vivi esse romance e fui egoísta, a culpa me invadiu como uma tsunami e me devastou.
A vida é difícil, muito difícil. Estamos andando, passando pelos dias e ao pararmos pra pensar, nos deixamos levar por palavras mansas que nos prendem e nos destroem, aos poucos. Apenas sobrevivemos ao anseio dos nossos desejos que lutam com a nossa razão. Das coisas que gostamos, poucas de fato realizamos. Quando vi, me meti nessa encruzilhada. São muitas vontades reprimidas, palavras não ditas, atitudes não tomadas, sonhos não
realizados, olhares silenciados (e que silêncio...). Um silêncio cheio de conclusões e suposições, que dói, se acumula, quebra. Eu esperei por dias para rompê-lo. A culpa me consumia. Eu não podia continuar magoando aquela que me abrigou quando mais precisei. Então, foram inúmeras noites não dormidas para tomar essa decisão. As luzes da cidade se apagavam, e só se ouvia o barulho da minha respiração, minha mente gritava, agonizava em vários ecos. Tinha que contar, precisava. Não poderia mais aguentar esse peso nas costas. Assim, entre erros e na busca do acerto, finalmente fiz a coisa certa. Sai da negação e revelei meus delitos. Porém, o certo nem sempre significa nossa felicidade e nesse caso terminei sem meu amor e sem a minha amizade. Na verdade, sem ninguém.
Capitu Fiel
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