sexta-feira, 20 de abril de 2018

A minha resistência é o meu diálogo.

Lá vem eles com esse assunto de direitos humanos. É por isso que digo, bandido bom é bandido morto. Olha esse caos, tem que reduzir a maioridade penal. Ah, finalmente Lula preso. Bolsonaro para presidente 2018. Não gosto deles, são pretos. Depois quer reclamar que sofreu assédio, claro, com essa roupa aí. Contei a você que a minha empregada viajou de avião? Só me faltava essa. Pobres e pretos em universidades públicas federais, quando digo que sou contra as cotas é em função disso. Olha que pretinha feia, não é preconceito, só não a acho bonita como poderia não achar uma moça branca também. Esses jovens de hoje estão perdidos, acredita que vi dois homens se beijando na rua? Saudade da ditadura.

Eu penso, respiro e tento dialogar. Pergunto a mim o por que e a eles também. Por que disso? O que os fazem pensar desse modo? Será assim a melhor maneira para se melhorar a nossa situação de hoje? E a educação? Não seria ela a melhor forma de se diminuir a elevação da inserção de jovens no crime ao invés de aumentar a maioridade penal, por exemplo? Eu escuto e leio rotineiramente que não e todos os dias me conformo um pouco de que dialogar é um trabalho senão impossível, um dos mais difíceis.

Ser jovem, mulher, filha de pai preto e estudante de faculdade pública me faz ser para os outros não a Ermyniana Valente, mas sim, um indivíduo no qual é doutrinado a cada aula que assiste. É o que escuto. Teria eu então, uma incapacidade de formular as minhas próprias opiniões e somente ter capacidade de reproduzir as quais escuto? Pergunto-me isso todos os dias. Imagino que o exercício de dialogar esteja me deixando louca ou quase isso. É difícil, é doloroso e às vezes como disse, parece impossível, mas resisto. Resisto no grupo de WhatsApp e resisto em uma conversa num bar com os amigos. Eu apenas sigo resistindo.

Por Ermyniana Valente.

7 comentários:

  1. acho que poderia ter um parágrafo fazendo uma nova inserção das ideias da primeira pessoa, reforçando a ideia de um não diálogo. Foi bom o texto, mas tinha possibilidade de brilhar mais :)

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  2. Gostei, mas senti que tinha mais potencial.

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  3. O texto poderia ter sido mais desenvolvido. Porém, a ideia central está muito legal, com destaque para o seu desfecho. Ao terminar com "eu apenas sigo resistindo", deu uma fortalecida na sua crônica. Parabéns!

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  4. Gostei da ideia (principalmente da introdução), mas faltou explorar um pouco mais..

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  5. Gostei da ideia do seu texto e para mim eu senti a mensagem de resistência e o último e o primeiro paragrafo foram os que eu gostei mais! Entretanto, achei confuso quando passou do primeiro paragrafo para o segundo pois não compreendi instantaneamente que se tratava de outra narrativa.

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  6. Não vi os mesmos defeitos que os colegas acima apontaram. Eu achei absolutamente ótimo, sem tirar nem pôr. Adorei a enxurrada de retrospectivas preconceituosas no primeiro parágrafo e a transcrição dos seus pensamentos no segundo. Me fez sentir como você. Adorei as perguntas retóricas (uma coisa psicológica envolvida) que, coincidentemente, eu também me faço... Mais do que elogios técnicos, queria te elogiar pela crítica perfeita e pela resistência até aqui. Continuemos resistindo, Ermyniana!

    - Desproporção Sentimental

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  7. Gosto muito da utilização de perguntas em textos. Acredito que sempre faça o leitor refletir. E foi o que você fez comigo,Ermyniana! Além disso, a penúltima e última frases do texto são bem impactantes. Adorei!

    Mis Understood.

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