sexta-feira, 6 de abril de 2018

A resposta vem do horizonte (ou não)

Como escrever sobre o pôr do sol sem usar clichês? De imediato, expulsei da minha mente a imagem de casais abraçados, lindas gaivotas e a bela vista de Niterói. Admito que não foi tão difícil descartar esses elementos. Afinal, eles nunca fizeram muito sentido para mim. Realmente não me recordo de já ter assistido ao pôr do sol ao lado de alguém especial enquanto ouvia um blues ou algo do tipo. Realmente uma pena, porque adoraria.

Difícil de verdade foi pensar em alguma história boa o bastante para substituir esses atalhos. Não me faltaram ideias: pensei em contar o caso de um piloto que assistiu ao sol se pôr duas vezes no mesmo dia, relatar o diálogo entre um terraplanista e um globalista na mesa de um bar ou até mesmo narrar o término de um namoro na orla do Arpoador. Nenhum tema relevante, como se pode notar.

Resolvi então me inspirar antecipando a proposta da aula seguinte. Mudei de roupa, peguei meu caderno e parti para o campus do Gragoatá resolvido a iniciar um momento de prospecção. O que, afinal, o próprio pôr do sol teria a me dizer?

A resposta dele não foi nada educada. Mal tive tempo de me sentar e abrir o caderno. A chuva me deixou ensopado antes mesmo de escrever uma única linha. Mas que bobagem! Voltei para casa sem texto em mãos e percebi que é isso: não faz o menor sentido romantizar um fenômeno natural que acontece todos os dias. O que teria de tão inusitado na rotação da Terra em torno de si mesma?

Dia. Tempo. Krónos. Talvez a crônica do pôr do sol seja simplesmente existir.

Por Peripatético Peri.

5 comentários:

  1. SOCORRO, EU AMEI ISSO!!!!! (embora eu tenha romantizado muito esse fenômeno natural no meu texto kkkkkkkk)
    Engraçado, leve e realista. É isso.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. gostei da crônica porque ela carrega humor e realidade de maneira suave. Ficou muito boa a proposta! dei leves sorrisos e vale ressaltar que, sem dúvidas, você fugiu do clichê! parabéns!

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