No enorme anfiteatro suburbano, sua plateia, formada por pálidos prédios e casas sem reboco, telhadas de amianto, permanecia estática a minha frente e atrapalhava a visão. Ainda na fila, os carros, impacientes, buzinavam, como vaias ensurdecedoras, fazendo-me pensar que não aguentavam mais a demora.
Meus olhos lacrimejavam, não por estar emocionado, mas devido a dois monumentos que fumavam à frente. Junte a isso, a maresia, vinda através dos ventos marítimos, e trazendo consigo as náuseas. Apenas mais um detalhe, naquele dia apático e atípico.
Gradativamente, as luzes foram perdendo a intensidade. Percebi que a apresentação havia sido cancelada. O motivo? “Falhas técnicas” – disseram. No fim, a estrela se foi, dando lugar à próxima atração. Já eu me encaminhei à saída, consciente de que, no próximo sol, voltaria a minha rotina, num fardo tão pesado quanto o de Sísifo.
Pensei até em pedir reembolso, mas a entrada era franca.
Por Homem de Lata.
Isso foi de uma genialidade que eu estou até meio tonta. Amei a frase final inclusive.
ResponderExcluirbelas descrições, bem humorado e com um ótimo desfecho! Adorei!
ResponderExcluirQue construção,mt genial <3 Parabéns!
ResponderExcluirQue sacada sensacional!
ResponderExcluirBastante criativo! ficou incrível!
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