sexta-feira, 13 de abril de 2018

Meu dilema

Sou discreto por natureza. Morro de medo em ser tachado de apoiador de A ou B, e isso se tornar maior que eu.

Tenho tendência progressista. Pensamento que domina a UFF. E exatamente pelo fato desse pensamento dominar a UFF, acabo sucumbido por alunos e professores. O que a primeira vista é meu objetivo, mas com o passar do tempo deixo muitas tensões guardadas comigo.

Creio que seja um momento perfeito pra desabafar.

Meu sonho é ser o Pelé da equidade. Sempre em busca da perfeita neutralidade. E isso gera uma terrível consequência, que é me sentir desconfortável em tratar de determinados temas com outra pessoa - como por exemplo, no retorno do Jornal do Brasil. Comentar com alguém os erros de português da edição parece ser mais saudável a mim que abrir uma discussão sobre o excessivo otimismo no editorial em momentos de intervenção militar.

Sou indiferente a tudo? Não. Tudo que eu assisto e leio vira um tijolinho de uma muralha da China que tem no meu cérebro.

Mas o fato de eu não externalizar tudo isso acaba gerando outros sentimentos. O egoísmo é um deles.

O assassinato da vereadora Marielle e do motorista Anderson me deixou - como deixou a todos - totalmente indignado. Revoltado. Totalmente aborrecido. Desesperançoso também. Porém, dois ou três posts em redes sociais foram o suficiente pra esgotar o tema pra mim, ou pelo menos daquela imagem que eu quero passar pros outros. Não compareci em nenhum ato, não tive tempo. Mas mas mesmo se tivesse, duvido que eu iria. Me sinto egoísta. Conforme o tempo passa esse sentimento só evolui.

No fim das contas eu acabo aprisionado numa masmorra que eu mesmo construí. Surge aí o sentimento de impotência. Não impotência de se sentir pequeno em lutar contra o tal império anti-democrático que se instaurou a partir de 2016. Mas impotência em relação a mim mesmo. Em relação àquilo que acredito que seja melhor pra mim.

Eu só torço pra que no futuro eu seja mais bem resolvido. Sou verde demais. Comedido até pra revelar meu time do coração. Até você que lê, pode perceber isso. Pela maneira robótica que eu escrevo sobre esse tema, que sem dúvida, é sair da minha zona de conforto. Ou minha mente não vai aguentar e eu mudarei de maneira brusca, ou vou aprender a lidar. Espero que eu suporte.

Por Almirante João Cândido.

2 comentários:

  1. Simplesmente Almirante você rouba toda a minha atenção pro seu texto, é de uma elegância na forma de escrever. Fora que eu achei completamente honesto o final. Eu também espero que suporte.

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  2. Me identifiquei muito com o penúltimo parágrafo. A forma como você escreve e sensacional! Parabéns, pela honestidade e crônica maravilhosas

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