sexta-feira, 20 de abril de 2018

Eu espero que você nunca precise.

Legalização do aborto. Esse tema sempre foi difícil para Carolina digerir, na verdade, ela nem tentava digerir. Certo dia, em que estávamos sentadas no refeitório da escola ela viu uma post no Facebook, onde a autora em questão, defendia a liberdade de escolha para mulheres que decidissem pelo aborto. Carolina fechou o aplicativo e quase quebrou o celular batendo com ele na mesa.

- O que houve Carol? – Perguntei despretensiosa.

- Como alguém pode defender matar uma vida? Se teve disposição para abrir as pernas, tem que ter para manter a gravidez.  – Ela bebeu um gole de seu suco.

- Mas você não acha que a mulher pode escolher por prosseguir ou não com a gravidez? Afinal, o corpo é dela antes de tudo. Fora a questão financeira... Nem todas têm a condição de criar uma criança que não foi planejada.

- Ué, pensasse nisso antes! Eu não acredito que você defende o aborto, Jéssica! – Eu quase poderia jurar que ela sentiu nojo de mim naquele momento.

- Eu não defendo o aborto, eu defendo a legalização. Clínicas especializadas para que mulheres pobres tenham as mesmas condições das ricas. Até porque estas abortam e ninguém fica sabendo. – Carol pareceu refletir, mas não da forma que eu esperava.

- Era só o que me faltava... Agora você acha que o SUS tem que prover isso? O mundo está perdido mesmo. Eu nunca vou mudar minha opinião, isso é monstruoso e desumano.

- Olha Carol, eu espero que você tenha condições de ajudar cada mãe e cada criança que vive na miséria. E eu espero que você nunca precise.

Carol bufou e terminamos de comer em silêncio.

Por Dandara Davis.

3 comentários:

  1. Acredito que poderia ser mais criativo, mas no geral adorei.

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  2. A proposta do dialogismo é construir um diálogo que nos faça refletir. Esse texto não me fez refletir muito, pois está com a abordagem rasa. Porém, como ponto positivo, gostaria de destacar que a forma como você descreveu o cenário, me trouxe para mais perto do texto. Gostei da pegada cotidiana do texto. Parabéns.

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  3. Também achei que não houve uma reflexão sobre o assunto, apenas a exposição de uma conversa cotidiana num diálogo muito presente, e isso aproxima o leitor do texto, então contei como um ponto positivo.
    Parabéns!

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