De Paolo, para Sofia

Cara Sofia, meu maior temor está para se concretizar: o Brasil entrará na Segunda Guerra Mundial. Como italiano refugiado nesta pátria, muito devo por minha segurança. Voluntariei-me para lutar contra o Eixo e embarco amanhã para meu país de origem.

Escrevo esta carta ao observar o lindo dia que se faz lá fora. Dia do seu casamento. Dia em que me despeço do amor da minha vida. Ainda lembro da primeira vez que a vi: um anjo que passou por meu caminho durante o ''não-caminho'', pois eu não sabia para onde ir. Sou apenas um tolo apaixonado. Tolo e medroso, pois nunca tive coragem de falar contigo, Sofia. Até hoje não sei se esse é, de fato, seu nome. Me parece que sim, já que todos te chamam assim.

Em uma mistura de amargura e arrependimento, agora as cores do céu formam um doce tom pastel, indicando que o dia estava dando lugar a noite. Eu estou ficando sem tempo. Um cenário agridoce tomava conta do meu último pôr do sol, nem tão sereno, em casa. Ao longe conseguia ouvir os sinos da igreja imitando as batidas do meu coração e desejei partir logo de uma vez.

Foi melhor assim, Sofia. Não te conhecer de verdade pode ter sido uma bênção. Enquanto houvesse a guerra e o Guerra, não poderíamos ficar juntos. Me dói partir sem ouvir ao menos a sua voz, mas salvarei a pátria. Quanto a minha vida: recomeçarei. Assim como o Sol nascerá novamente amanhã, eu renascerei no meu novo objetivo. Quem sabe um dia você desejará me conhecer também, Sofia?

Por Lilac sky.