Vagando à beira de uma estrada, via os carros passando em alta velocidade e só pensava em quantas pessoas haviam passado por ali naquele curto espaço de 10 minutos. Ele não tivera contato com aquelas pessoas, tinha sido separado delas pelo insulfilm escuro dos carros. Ninguém parou pra oferecer ajuda ou para entender porque um jovem andava sozinho em uma rodovia às sete horas da noite. Afinal, era só um adolescente. “Eles fazem essas maluquices” comentou uma senhora com seu marido enquanto dirigia para a praia na cidade ao lado.
No horizonte, Arthur viu algo incomum. À exceção das sombras de carro passando, surgiu uma figura diferente. Uma bicicleta se aproximava pelo acostamento. Ao chegar mais perto, o jovem reparou que era uma figura feminina, que diminuiu a velocidade e parou ao lado dele. Rapidamente encostou a bicicleta, saltou para fora do banco e foi em direção ao garoto.
– Que bom que não foi muito longe– disse a ruiva com traços de preocupação
– Quem é você? – o jovem questionou
– Posso ser sua salvação ou a âncora que te jogará pra baixo.
Como é surpreendente o acaso. Arthur sempre viu as mulheres como frágeis, submissas à força masculina. E quem estava lá no momento que ele mais precisava?
– Você não pode desistir deles, são a sua família.
– Eles nunca deram o que eu merecia, estou melhor sozinho.
– Você não vai sobreviver sem eles, você nunca teve essa capacidade.
– Cansei de ver minha mãe sofrer. Prefiro me afastar e ser feliz.
– Então no momento que ela mais precisa, você vai abandoná-la? Eu sei que você a ama!
– Amo minha mãe, mas não aquele diabo que está com ela.
– Então volte pra casa, ajude-a, proteja-a.
– Você tem razão, preciso dar um fim a isso. Posso pegar sua bicicleta? Vamos juntos.
– Sim.
E foi assim, entre as luzes dos faróis, que Arthur percebeu que deveria voltar, pelo bem da sua mãe. Se viu voltando pra casa. Sozinho. Apenas acompanhado de sua consciência.
Por thecreator.
gostei muito da construção da consciência e sua personificação, mas senti que aqui: "Você tem razão, preciso dar um fim a isso. Posso pegar sua bicicleta? Vamos juntos." foi uma aceitação muito rápida e que fez o texto ser cortado no meio do que poderia ser uma boa hora de reflexão psicológica e até meio emotiva.
ResponderExcluirReparei nisso só agora. Obrigado pela observação!!
ResponderExcluirAdorei, apesar de ter achado o final um pouco estranho, acho que devia pensar nisso. Enfim, adoro seus textos.
ResponderExcluirNa primeira frase do texto, você poderia, ao invés de falar assim: "Arthur era apenas um jovem de 16 anos, tinha problemas em casa...", deveria ter colocado um ponto final depois de 16 anos, para concluir a ideia. Logo após, em "A rotina de ver o pai chegando em casa bêbado e batendo em sua mãe...", ficaria muito melhor se você colocasse vírgula antes de "batendo". Além desses pequenos detalhes, achei a crônica com uma história fraca. Ao ler, principalmente, quando cheguei na parte em que ela pergunta: "Você tem razão, preciso dar um fim a isso. Posso pegar sua bicicleta? Vamos juntos." Achei a aceitação muito fácil. Contudo, a ideia em si está boa. Como a Aurora disse, gostei muito da construção da consciência e sua personificação. Parabéns!
ResponderExcluirEu pensei que como é uma pessoa conversando com ela mesma, os argumentos não precisam ser tão contundentes, e o convencimento se dá por impulso mesmo, daí a aceitação. Obrigado pelo comentário!!
ExcluirGosto muito dos seus textos. Suas ideias são sempre muito boas. Adorei a personificação da consciência. Diferentemente dos outros comentários, achei bom o final. Para mim não foi "uma aceitação fácil", mas a própria razão vencendo o impulso do arthur de largar tudo e parar de lutar.
ResponderExcluirGostei muito do seu final e me surpreendeu a ruiva se tratar da própria consciência do personagem,entendo que possa fazer parte do seu estilo de escrever, mas achei o começo da sua crônica muito "certinho" acho que poderia ter usado uma linguagem mais coloquial
ResponderExcluir