sexta-feira, 6 de abril de 2018

Ser sol gratidão

Era um domingo comum, como todos os outros. Oli foi para igreja, almoçou na casa dos avós e lá ficou o resto do dia. Para ela, nada era melhor que passar o domingo vendo TV e comendo pipoca com eles. A companhia deles significava gratidão.

Domingo era o melhor dia da semana. Eles poderiam ficar juntos o dia todo, exceto o pai. O coração de Oli doía ao vê-lo suando e correndo pela rua para chegar em casa cedo e ver um programa de TV com ela. Não tinha outro lazer.

Mas aquele domingo foi diferente. 20 de março de 2014. Oli encontrou o pai na padaria da vizinhança e deu-lhe um cheiro aconchegante na testa. O suor que escorria tão característico do pai, de certa forma a deixava bem - eles estavam juntos naquele momento. Depois seguiram caminho. 18h13 minutos, o sol se punha e lá de cima da ladeira dava para apreciá-lo perfeitamente, mesmo com todos os fios elétricos na frente.

Então eles pararam, os braços se abaixaram e colocaram as sacolas no chão. Os olhos, ao contrário, subiram em direção ao céu e contemplaram o sol dando tchau e as cores quentes se exibindo.

Os braços que se abaixaram se encaixaram num abraço, e o pai de Oli a disse que aquele pôr do sol era tão lindo quanto ela. Disse que parecia seus olhos, grande e iluminado. A sensação de calmaria que trazia e o até logo que dava às pessoas, se associava ao cheiro aconchegante recebido minutos atrás pela filha. E o calor que proporcionava à noite que estava chegando, era o amor que Oli o dava todos os dias, que o fazia ter forças para continuar durante os dias chuvosos.

Oli era sol, tinha a quem puxar. Seu pai era a luz que sobrava no horizonte e dava a claridade necessária antes da noite chegar, exatamente como aquele pôr do sol que estavam observando e pouco a pouco se ia.

E, quando finalmente ele se foi, Oli agradeceu. Agradeceu pelo momento que ele os proporcionou, pelo amor que ele aumentou e, principalmente, agradeceu pelo pai que ainda estava ali e poderia voltar no próximo domingo, e quem sabe todos os dias, para um reencontro a três.

Por Emma Alfie.



3 comentários:

  1. Confesso que isso deixou meu coração quentinho.

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  2. Meus olhos se encheram d'água. Eu amei.

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    1. Fazendo apenas uma observação gramatical, talvez meio boba, em: "o sol dando tchau", eu acho preferível que esse "tchau" esteja entre aspas!

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