Ela e o pôr do sol

O rosto dela brilhando. A água do mar refletindo o sol do entardecer. Pés imersos naquela areia da qual eu conhecia cada grão, que fazia cócegas e entrava nas unhas. Eu mal conseguia piscar. Ver os olhos da minha amada iluminados pelo sol poente e a pele morena reproduzindo uma cor única, uma graça que só ela tinha, era demais para se perder num fechar de olhos, mesmo que por uma fração de segundo.

Tons de rosa e laranja. Coqueiros dançando com o vento. Sombras cada vez mais evidentes e tudo – TUDO – rosa e laranja. Cenário colorido. “Passagem aberta para o titã Hélios atravessar o céu para chegar, à noite, ao oceano onde os seus cavalos se banham.” Ela disse e eu a olhei sorrindo por admirar sua fixação em mitologia grega.

Eu só quero que você saiba, que é a melhor. Que cores quentes jamais fariam sentido sem sua pele aquecida dentro de nosso abraço. Que eu tenho certeza que Deus coloriu o fim de tarde pensando em você. Que nenhum dia teria graça se não fosse para pensar em ti. E que EU alugaria todos os pores do sol se assim quisesse e assistiria com você, todos os dias, o sol se deitando de encontro ao mar exclusivamente para nós.

E enfim, o laranja mais forte se tornou parte de um vermelho febril. O aroma de brisa marinha que o vento trazia inundava nossas narinas. Os cabelos esvoaçantes. Promessas em pequenos entrelaces de dedos. O silêncio de uma praia vazia contrastando com o barulho da quebra das ondas e da sua voz baixa cantarolando Lílas do Djavan. Coisa de quem quer ver o pôr do sol, lindo como ele só.

Lindos e de tirar o fôlego. Desenhados e pintados por um ser divino. Coloridos e amantes. Singelos e singulares.  Ela e o pôr do sol.

Por Dandara Davis.