sexta-feira, 6 de abril de 2018

O(caso)

Dia 1 de 173.

Acho que o mais difícil depois de um dia perfeito é ter que enfrentar um dia normal.

Um dia normal que em comparação fica insuportável, de um tédio dominante, até se compara a um dia ruim. Se só a ideia de que vou ter que aturar mais 172 desses dias já é sufocante, imagina na prática. Eu devia estar acostumado com essa rotina, aceitá-la do jeito que é. Mas, um apaixonado, não consegue se acostumar com uma realidade sem sua amada. Porque não quer. Porque não suporta...porque não suporto.

Ontem depois de 173 dias eu a vi.

Isso são 249120 minutos, 14947200 segundos que passei sem ela. Todos contados e muito esperados. Só mantendo minha cabeça ocupada pra me distrair de sua ausência. Sei que ela não queria ir embora mas, afinal, não temos escolha.

De pensar que poucas horas atrás estávamos juntos, que eu a tocava, eu a amava e agora estou completamente só. Sinto que o brilho que existe dentro de mim aos poucos se apaga, sem ela.

Já passamos por isso várias e várias vezes o que em nada me preparou pra essa falta que eu sempre sinto. Essa falta crescente, minguante, que não é nada nova mas sempre cheia, que me consome.

Talvez não fomos feitos para ficarmos juntos.

Nós unidos destruiríamos tudo, talvez até nós mesmos. Não dá pra saber. Fico pouco tempo com ela pra sequer saber se a faço bem. Minha última imagem é sempre ela chorando e indo embora. É melhor para os outros que a gente fique separado. Juntos somos egoístas, guardamos toda nossa luz para nós.

Engraçado que me preocupo e sacrifico tanto por essas pessoas que nem sequer me dão valor. Que ótimo, só me aplaudem quando estou indo embora, talvez não gostem muito de mim. Isso quando me percebem. Na maior parte do dia todos estão muito ocupado cuidando de suas vidas, ninguém tem tempo pra parar e me notar, pra ouvir esse meu grito silencioso por ajuda, parece que ninguém se importa.

Só mais 172 dias.

Irônico que nesse exato momento sirvo de plano de fundo para centenas de casais apaixonados e estou aqui, sozinho. Elogiam todas as minhas cores mas me sinto o mais obscuro.

Bom, chega de me lamentar, não vai mudar nada mesmo. Mais uma vez me despeço na contagem regressiva de 172 asfixiantes dias que vou ter que aguentar sem minha paixão com todas as suas fases. 172 dias até esse eclipse que sempre me renova e me ilumina, pois vou encontrá-la.

Eu: agora poente, ocaso.

O sol.

Por São Valentim.

15 comentários:

  1. EU ACHO QUE VOU MORRER DE AMOR, MEU DEUS DO CÉU SÃO VALENTIM ISSO FOI INCRÍVEL.
    CAR****, EU TO MUITO INSANA.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Meu DEEEEEEUS! Que incrível. Só sei chorar

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  4. Quando comecei e ler, fiquei me questionando "ué, mas ele não está descrevendo o pôr do sol" e no final PA um tapa na minha cara! Maravilhosa essa crônica

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  5. MEU DEUS. ACHEI QUE A CRÔNICA ESTAVA FUGINDO DO TEMA, MAS ENTENDI TUDO AGORA. EU TO MUITO CHOCADA COM ESSA CRÔNICA. EU AMEI. PARABÉNS.

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  6. EU DEI UM GRITO QUANDO TERMINEI E ENTENDI A PROPOSTA! toma aqui o Tocantins todo

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  7. MELHOR TEXTO! Adorei a personificação do sol e o fato de vc ter trazido para essa crônica a sugestão da aula sobre perfis! Parabéns!

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  8. "Essa falta crescente, minguante, que não é nada nova mas sempre cheia, que me consome." Genial, São Valentim. Parabéns.

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  9. GENIAL, sua cronica supera todas as expectativas e como meus colegas já disseram parecia que ela a princípio tinha fugido ao tema mas me surpreendi.PARABÉNS você arrasou muito.

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  10. Meo Deos!!!! Quem é esse gênio ou essa gênia???? SENSACIONAL!! Como já falaram nos demais comentários, mesmo sabendo do tema, fui surpreendido no final. Parabéns!

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  11. Eu demorei para entender, mas nossa genial. Você conseguiu trabalhar com o tema de maneira muito diferente. Parabéns.

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  12. Adorei a ideia do texto. Admito não ter ficado tão envolvido mas a ideia é sensacional.

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  13. Achei sensacional e admito que me surpreendi mesmo já tendo conhecimento sobre o tema antes de ler. A forma como você torna o sol algo tão humano, fazendo associações a problemas cotidianos é digna de grandes poetas. Parabéns!

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